Capítulo 27

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AVANÇANDO para o dia do festival de outono, eu tinha vários sentimentos mistos: nervosismo, animação e ansiedade paravam sobre o meu cérebro. Eu não via Bokyung em lugar nenhum, o que me dava medo, mas vi Chaeyeon, o que me confortava ao mesmo tempo. Quer dizer, minha interação com Chaeyeon não foi uma das melhores naquele dia, na verdade não foi bem a minha interação, foi a de Jake, que era profissional em ser o homem mais ridículo possível.

O que aconteceu passa-se em um contexto de início do festival, onde a maioria dos alunos se reunia para ler cartas anônimas escritas por alunos que continham declarações de amor para outros alunos, tinha tudo para dar errado. A esse ponto, nós provavelmente estaríamos arrumando os equipamentos para nossa apresentação mais tarde, porém Jake nos fez ir ver essa estupidez. Eu ia junto com Hyemin, que segurava a mão de Sunghoon, que parecia um pouco envergonhado e desacostumado com o toque da namorada, pois não era difícil notar a vermelhidão em suas bochechas pálidas.

—Vem, vamos, é hoje que eu consigo uma namorada.— Jake disse, parecendo estar convencido.

—Oh Jake, não seja tão iludido.

Jake revirou os olhos. Tentei rever na minha mente a lista de garotas não comprometidas que Jake esteve conversando com recentemente e apenas um nome fazia sentido: Yoon Chaeyeon. Pensei em quão estranho seria ter que ver Jake todo o natal como meu cunhado e eu preferi não pensar mais nisso. Jake não era exatamente ruim, só parecia que ele tinha a maturidade de um garoto no início da puberdade, bem destoante de Chaeyeon, apesar de ser dois anos mais velho.

—Então vamos para a próxima cartinha.— Algum aluno da turma de Bokyung disse no microfone. —Essa é para Yoon Chaeyeon do primeiro ano.

A multidão foi a loucura, fazendo barulho, olhei para Chaeyeon, que não estava a muitos metros de distância e parecia fuzilar Jake com o olhar enquanto as pessoas olhavam para ela.

—É a minha carta, é a minha.— Jake sussurrou, como se aquilo fosse segredo para algum de nós.

Como se todos nós já não soubéssemos.

—Cara, a Chaeyeon vai te matar.— Comentei.

—Eu aposto que ela vai adorar.

O estudante com o microfone limpou a garganta, começando a ler a cartinha de Jake.

—"Querida Yoon Chaeyeon",— Ele começou. —"Você aceitaria ser a pasta de amendoim da minha geleia"?

Eu, Hyemin e Sunghoon caímos no riso simultaneamente.

—Que merda é essa?— Perguntei.

—Quem diabos come pasta de amendoim com geleia na Coreia?— Hyemin indagou como se Jake houvesse sido extremamente burro.

—Eu comia em Brisbane.— Deu de ombros.

—Não estamos em Brisbane, eu acho.

De longe, eu vi Chaeyeon se aproximando de nós, possessa.

—Sim Jaeyun, você vem comigo agora.

Seu rosto estava vermelho de vergonha e ela não hesitou em puxar a orelha de Jake, arrastando ele para longe de nós enquanto eu ainda caía na risada. Sério, as vezes eu não sei se eu me divirto ou fico com pena.

(...)

Eu passei a fita que segurava a guitarra sobre a minha cabeça, esperando a apresentação começar, as cortinas estavam fechadas e eu apenas podia ouvir algumas vozes conversando entre si. Nós tomamos nossas posições, eu ao lado de Jake, um pouco a frente e Hyemin ao lado de Sunghoon. Segurei firme minha guitarra enquanto as cortinas se abriam, nós nos olhamos, era a hora de colocar o que nós ensaiamos pelo último mês em prática. Tentei procurar por Bokyung, mas estava escuro demais para que eu a visse.

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