INTOCÁVEL | Christopher Vélez

18 | A DENÚNCIA

| 18 |

Pedi ao agente Marcos para reunir todos na sala branca. Esta era uma grande sala, uma espécie de auditório, na qual aconteciam geralmente as reuniões, treinamentos e alguns procedimentos vindo dos superiores. Naquele momento eu estava enfurecido, mas tentava manter a minha calma. Tento sempre ser o Christopher nesses momentos e não deixar o delegado Vélez tomar conta de mim.

A raiva que eu sentia era totalmente considerável, me sentia traído e era notório a minha total insatisfação com todos os presentes naquela sala. Prezo sempre pela harmonia e diálogo dentro da delegacia para que casos como este não venham a ocorrer. Uma investigação como essa não mancha apenas a imagem da nossa delegacia, como também mancha a imagem do Vélez.

- Todos já devem saber o motivo da reunião de emergência. - falei aos presentes na sala! - Gostaria de saber de onde surgiu essa denúncia. Alguém tem algo a me dizer? - todos permaneciam calados! - Eu sempre prezo pela harmonia, diálogo e um bom trabalho em equipe. Quando surgem casos como o que alguém daqui de dentro denunciou... - fiz uma pausa! - Porra, chega pra mim e fala. Sabem o quanto essa investigação vai acabar com a nossa reputação lá fora? - todos ainda me ouviam, mas permaneciam calados!

- Pessoal, sou recém chegada...mas o pouco tempo que estou aqui sempre notei que o trabalho em equipe era priorizado. - Mabel me interrompeu! - Quando um de vocês faz uma denúncia como essa, não é apenas a imagem da nossa delegacia que fica manchada, mas também o trabalho do delegado Vélez. - sua fala me acalmava um pouco! - Agora devem estar julgando o trabalho dele e toda a gestão da delegacia. Algo que garanto que perdurou anos para ser validado. O delegado Vélez antes de tomar uma decisão sobre um caso comunica ao departamento, acho que antes de terem feito essa denúncia deveriam ter pensado nele também. - ver a Mabel me defendendo aquecia o meu coração!

- Agora devem estar pensando que sou um incapaz. Que sou um delegado que não consegue resolver e notar os problemas da própria delegacia. - respirei fundo! - Que caralhos foram fazer? Acharam que denunciando iria resolver? Se existe ou não relacionamentos entre agentes me chamem e conversem que podemos resolver. - minha feição já era de raiva! - Antes de mudar o turno, mandar uma equipe para a rua ou investigação eu sempre chamo e converso. Por que na hora de pensarem em mim vocês só quiseram me fuder? Que tipo de departamento fodido é esse? Só vê o seu lado e esquece que aqui é uma equipe? Somos ou não uma família porra?

- Christopher... - ela me chamou pelo meu primeiro nome na frente de toda a corporação, o que era estranho! - Acho que ainda podemos mudar essa situação... - a interrompi!

- Senhorita Velasquez... - desisti da minha fala! - Encerramos por aqui. Voltem ao trabalho que vou ver que proporção esse inferno de investigação já tomou... - todos saíram da sala!

- Christopher... - eu respirei fundo e a chamei para a nossa sala...lá não haviam câmeras e microfones!

Eu andava de um lado para o outro, tentando buscar justificativas pelo ocorrido. Todos nessa delegacia sabem que sempre exerci o meu papel de delegado muito bem e sempre fui aquele que sabe ouvir e que aceita sugestões. Não consigo entender o motivo de terem traído não só a minha pessoa, como o meu cargo e trabalho aqui dentro. Como puderam esquecer de todas as vezes que um dos nossos agentes deram um deslize e eu corrigi, mas pedi que não acontecesse novamente porque não teriam uma nova chance.

Tranquei a porta, fechei as venezianas e me sentei na minha cadeira e fiquei pensando. Naquele momento eu nem estava pensando no relacionamento que tenho com a Mabel, apenas pensava em como me sentia traído. Mabel parecia estar preocupada com a minha reação e ao mesmo tempo parecia estar pensando que meu relacionamento com ela havia me prejudicado. A real é que somente agora me toquei que em momento algum pensei em nós e porque o nosso relacionamento seria um problema.