INTOCÁVEL | Christopher Vélez

19 | AMEAÇAS

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Estávamos em um bairro vizinho investigando um assassinato que aconteceu na madrugada de ontem. Não tive tempo de conversar com o Christopher sobre a minha fala da noite anterior e confesso que prefiro que continue assim, quero fugir um pouco deste assunto. Christopher até tentou retornar ao assunto, mas eu preferi mudar o rumo da conversa e vir logo para o trabalho. Viemos em carros separados e eu cheguei depois para não dar bandeira.

Nossa relação no trabalho segue a mesma, Christopher tem conseguido esconder a sua vontade de me beijar a todo momento e eu tenho tentado fingir que não desejo que isso aconteça. Embora sejamos namorados oficialmente agora o departamento não sabe disso e estamos burlando uma regra. Se nosso relacionamento vier a tona agora pode ser prejudicial para mim e principalmente para o Vélez.

Eu tentava me concentrar no caso, mas minha cabeça estava em outra dimensão. Meus pensamentos viajavam para a mensagem e ligação da noite anterior, percorria pela denúncia que fizeram sobre um possível relacionamento entre agentes da nossa delegacia e as vezes retornava ao passado me lembrando o período que estava no meu antigo departamento e quando fui expulsa de casa. Aquela sensação me causava dor. Pensar no que me doía me deixava ainda mais machucada.

É...eu realmente não me curei totalmente das feridas passadas.

- Está tudo bem? - Christopher tocou o meu ombro enquanto nós estávamos analisando a cena do crime!

- Está...eu só... - pensei um pouco! - Vamos nos concentrar no caso, não quero perder o foco por problemas de fora. - ele concordou com a cabeça!

- O que tem no seu bloco de anotações aí? - ele se referiu a um pequeno caderninho que eu carregava a cada crime que iríamos investigar!

- Fiz algumas anotações que podem nos ser úteis ao estudar o caso daqui a pouco. - ele confirmou com a cabeça!

- Impressões digitais no copo podem ser um ótimo começo... - ele apontou para o copo que estava na mesa de centro!

- Um dos copos está quebrado e o outro em perfeito estado. Isso significa que a vítima conhecia quem a matou, ninguém convidaria um completo estranho para sua casa em um jantar a luz de velas... - Christopher me encarou confuso!

- Jantar a luz de velas? Tá maluca novata? - ele se aproximou!

- Encontrei parafina por toda a sala. Se analisar cada canto desde a porta tem um caminho e a cada uns centímetros de distância tem parafina no chão... - ele ainda me encarava confuso! - Ou seja, eles estavam tendo um jantar a luz de velas e pelo horário do óbito da vítima, a mesma foi morta assim que o jantar foi iniciado.

- De onde tirou estas conclusões?

- Conversei com a médica legista. Ela confirmou a minha suspeita, a morte ocorreu por volta das 23 horas e só recebemos informação sobre o caso hoje pela manhã.

- Mas o que as velas tem a ver com isso?

- Observei que a parafina encontrada no chão ainda está um pouco quente, sendo assim elas ficaram acesas por toda a noite. Duraram cerca de 9 horas acesas e encontrei a embalagem das velas que foram usadas na noite passada, segundo o fabricante sua duração é de no máximo 10 horas. - ele arregalou os olhos!

- Você me surpreende cada dia mais, novata. - ele piscou o olho!

- Pelo que vi as velas são de uma marca italiana, geralmente tem um preço bem salgado... - prossegui com minha suspeita!

- Ok, vejo que aqui já temos um ponto a mais a ser analisado mais tarde. - ele observou o local! - Vamos voltar para a nossa sala, deixa que agora quem irá cuidar da continuação aqui no local será o perito e companhia... provavelmente até o fim da tarde nos mandem a autópsia com finalização e causa real da morte.