A flor despedaçou

11 0 0
                                    

O cervo Matid sente o vento soprar seu rosto, enquanto encara o céu aberto, pleno de várias maneiras. Talvez aquilo fosse um pretexto para pousar no chão verde com pétalas no chão. Seu abundante amor próprio é evidente, Derp tenta não dar atenção é demasiada, porém admite para si que o pintado possui beleza.
Se não tivesse falta de interesse sobre esse tipo de coisa, poderia ser uma visão diferente, avança o olhar na intenção de ver Tour e Toncy talvez brigando ou algo parecido. Fica surpreso em ver Tour ao brincar com uma flor sozinho.

- Onde está Toncy?- Indaga Derp, seus ouvidos esperam uma resposta.

- Eu sou babá daquele homem adulto?- Lança um olhar de desinteresse para o amigo, que se acha mãe do grupo.

- Você que fica grudado nele, a implicância de vocês é semelhante a um imã...Entende, se estão perto, se atraem.- Retruca com modestiaparte parte.

- ...- Diante daquela resposta mal sabe como responder, atrair, eles, numa frase, sente calafrios.- Não faço ideia, última vez que vi estava por ae.

Ele suspira depois da resposta decepcionante, quando fecha os olhos percebe o breve tremor da Terra, desperta os sentidos de alerta. Procura o causador do tumulto, avista uma ovelha familiar espalhando caos nos outros piqueniques, levanta e corre em direção ao ocorrido.

- Que porra é essa?! Toncy!- Exclama alto, nervoso e embasbacado, balança os braços para cima.

- Derp...Que foi? Eu soooo reagiii, esses babacas queriam me intimidar e moestrei o que sou capaz.- Aumenta o volume eufórico, incomum, uma garrafa de bebida na mão, entre soluços, sua feição não mostra temor.

- Toncy, você vai acabar se machucando, não deveria ter explodido a churrasqueira deles...- O lobo mostra a angústia no tom, postura, sem orientação como deveria acalmar o outro. Era bom sobre o irritar.

- Eu odei-Io ir nessses eventos socias por isso! VOUU MOSTRAR QUE SOU FORTE, QUE NÃO DEVEM MEXER ficar PERTO.- O gosto amargo dentro da boca, seu coração palpita forte, ele queria ficar calmo, assim vira a garrafa contra a brecha bocal.- So estavamues se divertindo neh, genteh?

Os animais humanóides em questão estão tendo uma reação de congelamento, a reação da ovelha foi extrema e inesperada, é a primeira vez que testemunham tamanha fúria dessa espécie adorável. Uma ovelha.

- Toncy, cara, larga essa garrafa e vem para cá antes que chegue mais gente. Não sei o que aconteceu, mas não vamos piorar isso.- Tenta apaziguar a situação, falha nitidamente, pois o feito de lã nem pisca.

Sem cerimônia, Tour se vê obrigado a agir para a imobilização, antes dos sentidos retardados da ovelha reagirem, derruba o mesmo e tira a garrafa das mãos dele. Gesto que o deixa irado, mais do que ser derrubado, aplica golpes de raspão, mas alguns acertam o lobo. Que resiste em retribuir, tenta restringir o máximo o movimento dele.

O cheiro da fumaça traz confusão, a visão embaça, a força que seus dedos que apertavam de forma relutante fraquejam e apaga ao ouvir gritos diantes.

Ele volta sentir os arredores no meio de lençóis, travesseiros, no velho quarto com cheiro incomum. Tão simplório, cheio de possibilidades, tem vários espaços que é possível preencher com itens únicos. Dar personalidade ao lugar é uma ideia. Senta na cama e abraça as pernas.

- Se lembra do show que fez?- Escorado na moldura da janela, a cabeça voltada ao lado de fora e o resto do corpo para dentro. Tour estava no seu turno para cuidar dele.

- Cala boca.- Resmunga, só faltava levar sermão de alguém como ele.

- É a melhor coisa que tem para falar? Sério? Que tal falar porque surtou? Ou um pedido de desculpas-Tour é interrompido ao grito.

- EU NÃO VOU ME DESCULPAR COM ELES.-Restringe ao berrar.

- Ai...Quem disse que era para eles? Eles tinham cara de babacas mesmo, estou dizendo para nós. O que limpamos a sujeira.-Ele faz uma feição de dor e coça a orelha que havia se contorcido.

- ...Ninguém pediu a "ajuda" de vocês, VOCÊ, idiota me apagou.- Crítica e joga as costas contra a cabeceira da cama, ele cruza os braços.

- Tinha outro jeito? Você parecia que queria cometer uma loucura a qualquer custo...Olha, me desculpe, é isso que achei ser necessário.- Joga o cigarro fora, fora da janela em um gesto rápido e vira para Toncy.

- Ew, você cheira a cigarro.

- E você a um barril de vodka.- Brinca no intuito de deixar o clima, por mais que de forma breve, leve. Aos poucos chega perto e senta na ponta da cama. Inquieto, Toncy observa o com julgamento.

- Bem, poderia me falar o que aconteceu?- Tour faz um intervalo - Eu gostaria de saber, sei que gostaria de falar com o Derp primeiro e não tenho moral contigo...Mas...

- Para, isso ta soando terrível, não precisa ter esse esforço. Eu te falo... Mas não comente com o Derp, dessa vez não quero o envolver demais.- Lança o olhar para o copo de água, pega, toma e percebe a falta de gosto.

- Por que? Ele é seu melhor amigo desde criança...Se quiser assim, vou tentar não falar.

- Eu só não quero sobrecarregar ele com meus problemas, com você, não ligo de contar, porque não vai fazer nada a respeito...-Termina de tomar o copo de água, respira e começa.- Entrei em uma briga, quando tava procurando alguma bebida, era só um grupo que tinha muitas bebidas e pensei que estavam vendendo.

- E não era um erro, vi até o preço, mas eles começaram a falar algumas merdas sobre minha aparência, meu tipo ABO, sobre tudo...Já não procuro sair muito por isso, mas quando vi tinha uma garrafa na minha mão e tinha quebrado ela depois de beber, sabe...

- Sinto que só consigo lidar com essas situações sociais com a bebida...Mas a bebida era mais forte que o normal...Infelizmente. Se fosse a minha normal, só iria ignorar eles.- É isso que ele pensa, um remédio barato para seus problemas.

- Você sabe que isso é ser Álcoolotra, Toncy, toda a situação social que andamos tendo, você bebe e quando está triste ou muito feliz...- Tenta mostrar o ponto, o lobo percebe que virá uma resposta rígida.

- Você é um fumante, cheira mal, qual a sua moral? Esse é seu vício e o outro é meu, sabe o quão difícil é parar.- Comenta no momento que trinca os dentes.

Tour vê que ele possui razão, como poderia falar de alcoolismo se sofre com o tabagismo, encara o chão no silêncio.

- Vamos fazer isso juntos.- Propôs.

- O que?- A ovelha volta a olhar para ele.

- Para de beber...- Toca na mão de Toncy e encara a escuridão dos seus olhos. - E de fumar, dizem que com apoio é melhor, temos que nos apoiar.

- Esta falando sério? Nos? Nos somos dois caras que não ligam para saúde, mas para drogas.- Zomba e fica sem reação sobre o gesto.

- Sim, mas isso não é só sobre a gente, é sobre nossos amigos também. Eles estão sofrendo...

- Man, eu que faço merda, você não age assim por fumar. Não precisa entrar- - Não consegue terminar a frase, porque sente o aperto forte na mão que mostra presença.

- Eu tenho meus contras, mas quero fazer isso. Junto com você...Porque eu gosto de você, sei que parece que não, mas você é um amigo que tem meu respeito e...- Tenta achar uma palavra não fosse estranha.- Afeto?

Ambos ficam sem graça com a situação, desviam os olhos no silêncio incômodo. Toncy suspira e aperta de volta a mão.

- Podemos tentar, ta ciente que vai ser um inferno até ter um resultado?- Ri e sorri um pouco, o outro sorri também e concorda com a cabeça.

Assim se inicia a jornada de duas pessoas que não querem ser mais escravos de vícios.

Bonus:

O cheiro da comida com salmão, pimenta e bacon de Derp é pertinente, que abre a porta com um leve chute, que provoca um susto nos dois que se sobresaltam.

- Toncy, você acordou a tem-- Heyy, o que estavam aprontando?

- Quer que desmaie por um ataque cardíaco? Dessa vez!- Toncy reclama.

- Aprontando o que? Por favor, só estava falando um pouco. Eu em.- Tour resmunga.




Ovelha indomávelOnde histórias criam vida. Descubra agora