𝐋𝐮𝐤𝐞
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Ela parecia uma selvagem.
Com sua pele morena, seus cabelos alvoroçados em cachos escuros que iam até sua cintura, ela era diferente de tudo o que eu havia visto. Seus olhos cor de âmbar que estavam sempre afiados, tão quanto sua teimosia, e eu a achei surpreendente desde o primeiro momento. Eu odiaria se fosse desinteressante, e ela era tudo, menos isso.
Como se não bastasse olhar toda a ficha dela, fiz minha pesquisa por fora sobre os lugares que passou. Ela havia arrancado o pau do seu último comprador com os dentes. Isabella era realmente extraordinária. Não que eu quisesse colocar o meu a prova, mas ela era uma criatura que eu queria domar, e ela seria domada.
A forma como ela me olhou ontem à noite, e eu sabia que estava delirando, mesmo assim, aproveitei. Eu não podia esperar para ver aquele rostinho contorcido em dor e prazer... Eu ficava duro só de imaginar. Mas eu precisava me conter agora, eu queria que ela entregasse de bom grado, e para isso acontecer, eu deveria me tornar... Agradável.
"Seja agradável, Luke", eu ainda conseguia visualizar o sorriso fraco de Katarina enquanto ela tentava me consertar. Eu não tinha conserto, mas acho que ela já sabia disso.
Eu sempre tive consciência das minhas ações, e se eu fazia, era porque eu gostava disso. Não conseguia sentir remorso por nenhuma mulher que matei e torturei, eu não sentia nada, senão prazer. O fruto nunca cai longe da árvore. E eu não pensava em ser diferente, eu era o que era.
Decidi finalmente me levantar da cama, seguindo a minha rotina de sempre. Eu me olho no espelho e vejo o reflexo de um homem impecável, sorrio para meu próprio reflexo, um sorriso que não alcança meus olhos. Eu não gostava, mas me obrigava a olhar, acho que, no fundo, eu só queria verificar se hoje, eu olharia em meus olhos e veria uma alma, caso eu tivesse uma, mas ela nunca estava lá.
Os fios loiros, o maxilar firme, assim como o olhar e as írises esverdeadas com pontas azuis. Eu era o reflexo de um homem que eu mais desprezava do que via como pai.
Saio do banheiro para me vestir. Começo com a camisa de algodão branco, deslizando os braços através das mangas, prefiro a simplicidade do branco, uma tela em branco pode projetar qualquer imagem que eu deseje. Em seguida, coloco a calça escura, ajustando-a com cuidado ao redor da cintura. Eu não suporto roupas apertadas ou desconfortáveis, tudo precisa estar na medida impecável ao meu gosto. Amarro os sapatos de couro e estou pronto.
Eu queria vê-la logo. A esta hora, ela deveria estar acordada. Eu deixo o quarto com um propósito, indo até a cozinha. A mansão está inicialmente calma, como sempre, vazia. Assim que entro na cozinha vejo a bandeja de Isabella pronta na bancada, esperando para ser entregue. Mas antes disso, eu preciso falar com Tatiana.
Tatiana é responsável por manter a ordem entre as empregadas e garantir que todas as tarefas sejam realizadas com eficiência. Sempre alinhada, era a menos ruim de todas elas, ao menos, seguia as regras a fio.
— Tatiana — chamei sua atenção, a mesma que estava de costas para mim, cortando algo, se virou rapidamente.
— Sim, senhor.
— Faça algo quente para a próxima refeição. Algo forte, mas sem muitos temperos.
Isabella estava doente e eu precisava me certificar de que ela se recuperasse logo. Essas mulheres tendiam a ser muito fracas, principalmente pelas condições precárias que estavam sendo comercializadas, eu sei muito bem como funciona esse mercado, então precisava mantê-la forte para o que planejava.
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HERDEIROS DO PECADO - A Vida e Morte de Isabella | DARK ROMANCE
RomanceVendida para uma família russa, Isabella Jones se vê presa na mansão Lavrentiev. Enquanto tenta formas de conseguir sua liberdade, ela começa a interagir mais com os irmãos. Nem tudo é o que parece ser, e o que era perigoso se torna a chave para a s...