25 | Primeira Hora

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𝐁𝐞𝐥𝐥𝐚

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Como se um sinal tivesse soado em algum lugar fundo da minha cabeça, meus pés começaram a se mover. Primeiro, um passo. Depois outro, e então, eu estava correndo. O coração batia com tanta força que cada pulsação parecia arrancar o ar dos meus pulmões. Respira, pensei, quase me obrigando a puxar o ar fundo, tentando forçar o corpo a obedecer. O furacão dentro de mim não dava trégua, mas eu sabia o que precisava ser feito.

Eu sabia o que queria fazer.

Antes de fugir, antes de traçar o caminho pela porta dos fundos e sumir na floresta, eu iria atrás dos quatro homens. Eles estavam espalhados por algum lugar na mansão, e eu os encontraria.

Cheguei ao hall de entrada e parei, escutando o silêncio cortante. Ao meu lado esquerdo, a escada que levava ao segundo andar, onde provavelmente alguém se escondera. Ao lado da escada, o corredor estreito que levava à cozinha, minha rota de fuga. Mas ainda não era hora.

Meu olhar subiu pela escada. Respirei fundo e deixei minha mão deslizar até o cabo da pistola presa à cintura.

E então, um som ecoou do segundo andar. Algo caindo, um estrondo abafado, mas o suficiente para quebrar o silêncio como vidro estilhaçado.

Minha respiração ficou mais lenta, os sentidos em alerta. Alguém estava lá em cima, e agora não havia dúvidas de que estava se movendo, tropeçando na própria pressa ou no medo. Puxei a arma no meu cós, sentindo o peso e a frieza do metal contra a palma da mão, e comecei a subir. Um passo de cada vez, sentindo o piso ranger, subi os primeiros degraus da escada.

Os sons ficaram mais claros à medida que me aproximei. Passos desajeitados, uma respiração ofegante. Quando virei o corredor do segundo andar, vi Gregory. Ele estava de costas para mim, tentando com todas as suas forças abrir a janela do final do corredor. Era patético, patético e previsível demais.

Meu movimento chamou sua atenção. Quando pisei no assoalho, ele girou o corpo para me encarar, e nossos olhares se cruzaram. Seu cabelo agora estava desgrenhado, e o colarinho da camisa estava aberto, revelando um pescoço que parecia pulsar com o pânico.

Ele deu um passo para trás, tropeçando na própria pressa, como se quisesse se enfiar na parede.

— Fique longe de mim, sua... sua vadia!

Eu não me movi. Meu olhar permaneceu fixo nele, e senti minha respiração estabilizar de repente. Era quase tranquilizante, a maneira como ele tremia, o medo estampado em cada músculo do seu corpo.

Ele olhou ao redor, desesperado, os olhos varrendo o espaço como um animal encurralado. Pegou uma estatueta parada no criado-mudo próximo à janela. Quando ele ergueu, instintivamente dei um passo para trás, mesmo que ainda estivéssemos distantes. Ele percebeu. E no instante em que percebeu, algo em sua expressão mudou. Um sorriso fraco e desesperado surgiu nos lábios dele, uma fagulha de falsa confiança iluminando seus olhos.

— Você não tem coragem. — As palavras saíram tremidas, mas havia um quê de desafio nelas.

Eu não hesitei. Levantando o cano e mirando diretamente nele. No momento em que ele viu a arma, a falsa confiança evaporou. Mas era tarde demais. Eu já havia tomado minha decisão.

Foi automático. O tiro acertou seu joelho, e ele caiu no chão com um grito gutural de dor. A estatueta escorregou de sua mão, batendo no chão de madeira com um som seco.

— Diga isso de novo.

Eu me aproximei, sentindo cada passo como um peso que eu carregava há anos. Gregory estava no chão, sentado, encostado na parede. As mãos pressionavam o joelho ensanguentado enquanto ele choramingava, o rosto contorcido em desespero e dor. O corredor estava silencioso agora, exceto pelos sons abafados dos soluços dele. Com um movimento brusco, encostei o cano em sua testa.

HERDEIROS DO PECADO - A Vida e Morte de Isabella | DARK ROMANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora