HERDEIROS DO PECADO - A Vida e Morte de Isabella | DARK ROMANCE

04 | Bruto

𝐁𝐞𝐥𝐥𝐚

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Eu nunca havia visto uma pessoa como ele. Mas o que me assustou não foram os seus dois metros de altura, ou a forma como ele me prendeu e me carregou até o quarto à força, e sim a forma como ele olhou para mim, como se eu estivesse encarando o próprio demônio. Só de lembrar eu senti todos os meus ossos doerem.

Eu estava nessa há muito tempo e conseguia reconhecer perigo quando o encontrava. E esse homem, era a definição da palavra. Me debater, xingar, tentar o atacar, nada disso o fez perder a paciência, e isso me assustava mais ainda, porque esse era o típico comportamento de quem, quando explodia, nada poderia ficar no seu caminho.

— Vocês não vão conseguir me manter aqui para sempre! — gritei quando ele me trancou de volta no quarto. — Eu vou dar um jeito de sair! Vocês estão me ouvindo?!

Mesmo que nada disso adiantasse, eu estava com muita raiva, ou melhor, estava furiosa, porque com esse cara na jogada, eu realmente não tinha chances, todas elas agora foram reduzidas.

De onde ele saiu? É da família? Ou só um soldado que vai me fazer ter muito trabalho? Isso não era possível... A forma como ele se comportou, e a forma como todos os que estavam ali na hora, simplesmente se calaram, até mesmo o loiro psicopata ficou quieto.

Ele deveria ficar no comando quando o velho não estava, só podia ser.

Eu andava de um lado para o outro sem saber o que estava acontecendo, teria problemas com Luke alguma hora, mas agora eu precisava me concentrar em achar uma saída.

Eu claramente não estava nas melhores condições, e seria difícil conseguir uma brecha agora. Mas precisava ser esperta e saber que eu não iria conseguir confrontá-los diretamente.

Quando eu percebi que ninguém mais viria aquela noite, me dei um pouco de descanso e fui me deitar. Estava cansada e ainda um pouco fraca.

Quando acordei não estava mais sozinha, e não era Luke o responsável por fazer eu me encolher inteira na cama assim que abri os olhos.

Ele estava ali, sentado na mesa de mogno em frente à janela, à sua frente, a típica bandeja de comida que Luke sempre trazia. Mas porque caralhos era esse cara?

Quando ele percebeu que eu acordei, sua expressão dura não mudou. Ele descruzou os braços. Seus olhos azuis frios como gelo encarando o fundo da minha alma.

— Vai se sentar, agora — ele apontou para a cadeira na frente dele.

— Vai se foder — o desafiei, e na mesma hora pareceu uma péssima ideia.

Ele se levantou e veio até mim, tentei descer do outro lado da cama, mas não consegui a tempo que ele puxasse meu tornozelo com brutalidade, me arrastando para fora da cama como se eu fosse a porra de uma boneca de pano.

Me debati, mas não surtiu efeito nenhum, ele segurou meu pulso e me puxou, empurrando meu corpo para a cadeira com brutalidade. Caí nela de mal jeito, o vendo se sentar na minha frente de soslaio.

— Come — ele disse cheio de autoridade. Sua voz era grave e forte, com o sotaque mais forte que escutei até agora.

Cruzei os braços, me negando a fazer qualquer coisa que dê a entender que eu vou obedecer. Mesmo assim, eu estava tremendo, ele me dava arrepios.

— Se você não começar a comer em três segundos, eu vou enfiar essa comida pela sua garganta.

— Você não me intimida — atirei.