08 | Dobre-se

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𝐋𝐮𝐤𝐞

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Se você quer algo bem-feito, faça você mesmo. É assim que costumo pensar e é assim que sempre agi. Lido de forma metódica com minhas obrigações, bem como com as responsabilidades que me são atribuídas.

No entanto, com Isabella, não conseguia obter o mesmo sucesso na maioria das vezes. Ela desafiava minhas abordagens. Mesmo assim, comecei a perceber algum progresso cada vez que ela cedia ao invés de me testar.

Era fascinante observar como seu comportamento mudava quando eu a tratava de maneira diferente do habitual. Isabella não sabia como reagir aos gestos mais simples de gentileza. Parecia que essas pequenas demonstrações de cuidado a desconcertavam mais do que qualquer outra coisa.

Ela estava acostumada à hostilidade e à desconfiança, e minha tentativa de mostrar-lhe um lado mais suave parecia desarmá-la. Toda vez que eu tentava ser gentil ou compreensivo, seus muros eram quebrados. E eu não imaginava que iria ser tão gratificante destruí-los, para enfim derrubá-los de novo.

No entanto, essa delicada corrente poderia ser facilmente rompida por qualquer imprevisto. A volta de Dmitri se aproximava e meu progresso com Isabella era lento. Mesmo assim, havia outra questão que precisava ser tratada.

Zakir estava me atrapalhando estando no comando. Fomos ensinados a não passar por cima da hierarquia, e era engraçado como Zakir acreditava que essa "lei" o protegia.

Foi por isso que chamei Elena ao meu quarto. Ela era responsável por cuidar dos remédios de Zakir, e eu precisava que ela fizesse algo muito simples: esvaziasse as cápsulas. Queria Zakir morto, e depois lidaria com Borislav. A mansão seria minha, os negócios seriam meus. Eu poderia facilmente sujar minhas próprias mãos, mas havia algo mais satisfatório em ver o plano se desenrolar sem minha interferência direta.

Era um teste de controle, uma demonstração de poder. Manipular os outros para executar meus desejos me dava um prazer inigualável. Eu gostava de observar a cadeia de eventos que iniciava, ver como cada peça se movia no tabuleiro sem que eu precisasse fazer um único movimento visível. Imaginar Elena, com suas mãos trêmulas, esvaziar as cápsulas de Zakir sabendo que a morte dele estava nas mãos dela, não nas minhas, me proporcionava pura satisfação.

Para mim, o poder real não estava apenas em fazer as coisas acontecerem, mas em controlar as circunstâncias e as pessoas ao meu redor para que elas fizessem o que eu queria. Assim, eu permanecia intocável, invisível, mas sempre no comando. A verdadeira arte da manipulação estava em permanecer nas sombras, puxando as cordas e observando o espetáculo se desenrolar. E, no final, quando a poeira baixasse e eu estivesse no trono, saberia que cada movimento, cada morte, cada traição havia sido orquestrada por mim, mesmo que minhas mãos permanecessem limpas.

Ela veio até mim. Hesitante. Já percebi esses olhares furtivos antes. Não era a primeira vez que uma empregada se interessava por mim. Mas dessa vez, eu poderia usar isso ao meu favor.

— Sim, senhor? — Ela respondeu, tentando parecer calma.

Levantei-me, indo à frente da mesa do escritório. Elena deu um passo em falso para trás. Encostei na ponta da mesa, cruzando os braços na frente do corpo.

— Zakir confia em você para administrar seus remédios, certo? — Perguntei, observando cada micro expressão em seu rosto.

— Sim, senhor. Eu cuido disso todos os dias— Elena respondeu, sua voz tremendo levemente.

Dei um passo mais perto, deixando apenas uma curta distância entre nós. Elena prendeu a respiração, e eu podia ver o conflito em seus olhos.

— Preciso que faça algo para mim. Algo muito simples — comecei, minha voz baixa e quase sedutora.

— O que seria?

Segurei o frasco de remédios entre nós, balançando-o levemente.

— Quero que esvazie as cápsulas de Zakir. Todas elas. Pode colocar açúcar dentro para que não desconfie — Expliquei, meus olhos fixos nos dela, observando cada reação.

Elena arregalou os olhos, surpresa com o pedido. Mas havia algo mais ali, uma chama de excitação misturada com a obediência.

— Isso vai matá-lo... — Ela disse, sua voz um sussurro. Ela era muito ingênua...

Aproximei-me ainda mais, segurando seu cotovelo e puxando-a suavemente para mais perto. O frasco ficou suspenso entre nós.

— E é exatamente isso que eu quero. Você pode fazer isso por mim, Elena? — Minha boca estava quase roçando a orelha dela.

Ela hesitou, olhando para o frasco e depois para mim. Decidi pressionar um pouco mais, usando o tom de voz mais gentil que podia.

— Preciso saber se posso contar com você. — Disse, minha voz suave e persuasiva. — Já notei o jeito que você me olha. Não quer um lugar ao meu lado?

Ela olhou para mim e eu pude ver o desejo de agradar. Elena era totalmente submissa. Meu toque no seu cotovelo a fez tremer levemente, e eu sabia que estava prestes a ceder.

— Sim, senhor. — Disse finalmente, sua voz firme. — Eu farei.

Sorri, satisfeito.

— Mas e se ele descobrir?

— Ele não vai. — Só precisa fazer o que digo, você acha que consegue? — Toquei seu ombro, subindo ligeiramente para sua nuca. A garota parecia um ímã, seguindo todos os meus movimentos.

Elena assentiu, seu corpo inclinando-se involuntariamente em minha direção. Eu sabia que tinha ela exatamente onde queria. Ela faria qualquer coisa para ganhar minha aprovação.

— Eu consigo. — Respondeu, sua voz mal passando de um sussurro.

Afastei-me lentamente, observando o efeito que minhas palavras e toques tinham sobre ela.

— Não me decepcione.

Ela balançou a cabeça rapidamente, seus olhos brilhando.

— Eu não vou, senhor. Prometo.

A dispensei, satisfeito. Logo Zakir não passaria de uma lembrança infeliz, e eu estaria no lugar que é meu por direito.

Antes que a noite acabasse eu precisava resolver mais uma coisa. Não em atentei a isso quando aconteceu, mas eu não deixaria passar. Isabella mencionou alguém, uma mulher, e eu precisava saber se ela tinha ou não tinha parentes vivos. Zakir pode ter se enganado em relação a isso, e ter pessoas procurando por ela poderia prejudicar os meus planos.

Alcancei meu telefone em cima da mesa, discando o número de Petrovich, o advogado da família.

Sua voz, sempre calma e educada atendeu quase de imediato.

— Preciso de um favor seu.

— Olá, Luke. Claro, como posso ajudar?

— Preciso que investigue alguém para mim. Isabella Jones, quero saber se tem parentes vivos. — Expliquei, tentando não ser muito direto. — Eu quero ter certeza de que a informação que temos é a correta.

Houve um breve silêncio do outro lado da linha, e eu sabia que Alessandro estava processando a solicitação.

— Acredito que seja a garota da qual seu pai tenha mencionado a compra.

— Não quero que ninguém saiba que estou pedindo isso.

— Entendo.

— Vou lhe enviar os detalhes que tenho por e-mail. — Disse, mantendo um tom de voz controlado. — Ela mencionou uma mulher chamada Trina. Quero saber tudo sobre essa pessoa e se há mais alguém. Não deixe pedra sobre pedra. Se encontrar alguém, especialmente essa Trina, quero informações completas. Onde mora, o que faz, tudo.

— Eu farei o que puder.

— Ótimo.

Desliguei o telefone. Precisava eliminar qualquer possível ameaça. Se descobrisse que Isabella não tinha ninguém mais, eu ficaria como o único em quem ela poderia confiar. 

HERDEIROS DO PECADO - A Vida e Morte de Isabella | DARK ROMANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora