14 | A Santa

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𝐁𝐞𝐥𝐥𝐚

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Eu estava acostumada a respeitar espaços, mesmo quando ninguém mais respeitava o meu. Mas, agora, a última coisa que Luke precisava era de espaço, e por mais que ele estivesse a todo custo tentando criar uma barreira comigo, eu ainda precisava de explicações.

Eu não conseguia me comunicar com ele há dias, o homem simplesmente me ignorava como se eu fosse uma mobília. Era estressante e cansativo. Eu queria falar com ele, ao menos deixar claro a nossa situação.

Eu não era a única incomodada, já que Elena era terrível em disfarçar os sinais que seu corpo dava quando Luke a olhava com desprezo. Qualquer possível sinal de interação era quebrado quando Luke estava disposto a fingir que nós duas não existíamos.

Mesmo que Luke me evitasse durante o dia, suas visitas ao meu quarto no meio da noite eram frequentes. Ele entrava silenciosamente, sentando-se em uma cadeira no canto, e ficava lá por horas, sem emitir um único som. Eu não conseguia vê-lo, mas sabia que era ele. Muitas vezes eu acordava e fingia estar dormindo, sentindo sua presença no escuro. Era uma dinâmica estranha, mas eu não conseguia decifrar o que ele queria ou por que fazia isso. Talvez fosse a única forma que ele encontrava para se conectar comigo naqueles dias.

Ele havia feito o que me prometeu, deixou Dmitri longe de mim. Da última vez que o vi seu rosto estava se curando dos machucados que Luke deixou, ele me deu um sorriso inocente como se não fosse nada e desapareceu pela mansão de novo.

Mas hoje, me levantei decidida sobre o que iria fazer. Precisava acabar com essa dúvida de uma vez por todas. A cozinha estava silenciosa, exceto pelo som ritmado da faca de Elena cortando legumes. Estávamos apenas nós duas ali; Tatiana havia se dispersado para o porão, onde lavava as roupas, e as outras estavam ocupadas com suas tarefas. Observei Elena por um momento, notando a expressão triste em seu rosto. Parece que Luke estar a evitando a irritava mais do que eu esperava

Parei ao lado da bancada, observando-a trabalhar. Seus movimentos eram mecânicos, quase como se estivesse em outro lugar.

— Você parece triste hoje — comentei, tentando puxar conversa.

Ela deu de ombros, continuando a cortar os legumes. 

— Estou bem. Só um pouco cansada, talvez.

Decidi ir direto ao ponto.

— Sabe, estive pensando muito sobre Luke ultimamente. Ele é... complicado, não é?

Elena parou por um momento, sua mão tremendo levemente antes de continuar a cortar.

— Sim, ele é.

Aproveitei a deixa.

— Ele me beijou outro dia.

Elena congelou, seus olhos se arregalando por um segundo antes de ela conseguir se recompor. Havia um desconforto visível em sua expressão, e eu sabia que tinha tocado em algo.

— E como você se sentiu? — Perguntou ela, tentando parecer desinteressada.

Sorri, lembrando do momento.

— Para ser honesta, eu gostei. Foi inesperado, mas de uma maneira boa.

Elena mordeu o lábio, tentando esconder a raiva ou o desconforto que estava claramente sentindo. Sua voz saiu mais baixa do que o normal. — Isso é... bom para você.

— Está tudo bem com você, Elena? — Perguntei, inclinando-me um pouco mais perto. — Parece que algo te incomoda.

Ela balançou a cabeça rapidamente, forçando outro sorriso.

HERDEIROS DO PECADO - A Vida e Morte de Isabella | DARK ROMANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora