13 | Tênue

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𝐁𝐞𝐥𝐥𝐚

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O quarto estava totalmente escuro, e mesmo que nevasse lá fora e fizesse muito frio, eu estava quente, provavelmente por estar deitada na mesma posição embaixo das cobertas por horas.

Depois que eu percebi que meus monstros não saíam debaixo da cama, e sim pela porta, eu passei a não ter medo do escuro, pois lá era onde eu me sentia segura, e só quando as luzes se acendiam que meu pesadelo começava.

Hoje não era diferente, eu não queria sair, e os monstros viriam me pegar a qualquer momento. Estava tão silencioso que pude escutar os passos entrando no corredor, tirei a cabeça debaixo das cobertas e constatei que a luz da fresta foi dividida em três, me dando ciência de que alguém estava parado na frente da porta.

Mas a pessoa não abriu imediatamente. Ao contrário, ficou parada ali por alguns minutos, sem fazer nenhum movimento.

A maçaneta finalmente girou, fazendo seus trincos cortados sussurrarem, escondi minha cabeça debaixo das cobertas de novo. O homem entrou, fechou a porta, mas não acendeu a luz.

Escutei os passos pesados se aproximarem, a pessoa se sentou na cama, os sapatos foram jogados no chão, e ela se deitou ao meu lado. Meu coração acelerou, eu tentei não fazer nenhum movimento, mas minha respiração não se deixava enganar, e eu estava suando embaixo das cobertas.

— Sou eu — Luke sussurrou. Imediatamente meu corpo rígido relaxou, mas logo comecei a ficar rígida de novo. — Devo ter te assustado mais cedo, me desculpe. — Ele suspirou.

Lentamente puxei o cobertor, apenas deixando os olhos para fora. O quarto estava totalmente escuro, mas eu conseguia ver sua silhueta, seus cabelos loiros bagunçados na frente dos olhos, minha visão se acostumou o suficiente para eu ver que Luke encarava o teto, suas mãos entrelaçadas na altura da cintura.

Eu queria responder, mas as palavras não saíam. Agradeci internamente pelo fato de que não podia ver meu rosto tão bem no escuro.

— Você está bem? — Luke perguntou, ainda olhando para o teto. Sua voz tinha uma suavidade que eu não esperava.

Assenti, mesmo sabendo que ele não podia ver.

Ele virou a cabeça na minha direção, embora eu não pudesse ver seus olhos, eu senti seu olhar em mim.

— Eu não deveria ter deixado isso acontecer — ele disse, a frieza habitual voltando um pouco à sua voz. — Dmitri nunca mais vai tocar em você. Eu prometo.

— Luke... — Minha voz saiu trêmula. Ele suspirou novamente, não deixando que eu falasse.

— Eu sei que você está com medo de mim. E eu não posso te culpar por isso.

Ele se mexeu e a cama afundou mais um pouco. Ele não me tocou, mas o senti mais perto.

— Descanse — sussurrou.

Assenti de novo, sentindo meu corpo relaxar gradualmente. Conforme o silêncio tomava conta do quarto, minha mente começou a se perder em pensamentos. Era difícil conciliar a imagem distorcida de Luke com o homem que agora estava deitado ao meu lado, prometendo me proteger. Como essas duas versões poderiam coexistir na mesma pessoa?

Ele estava disposto a ir contra seus próprios irmãos. Mas por quê? Eu não conseguia encontrar uma resposta. Tudo o que eu sabia era que, por mais que eu quisesse manter distância dele, havia algo em Luke que me fazia querer confiar, mesmo que apenas um pouco.

HERDEIROS DO PECADO - A Vida e Morte de Isabella | DARK ROMANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora