Capítulo 20

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Aquela última manhã passou tão rápido quanto um piscar de olhos. As aulas foram pacíficas por assim dizer. Nenhuma notícia muito chamativa se espalhava pelo colégio, muito menos o fato de que os intrusos iriam embora estava se espalhando, acontece que os encarregados por avisar, não haviam avisado ainda e já era hora do almoço.

Avisar estava definitivamente nos planos para o dia do vice-líder da Diasomnia, só não estava no top da lista, mas para a desculpa do rapaz, ele não era apenas o vice também era um servo astuto do reino e iria tramar um plano para realizar o desejo de seu mestre. O sorriso de orelha a orelha que não saia de seu rosto não dava para enganar, ele queria se divertir um pouquinho com a situação.

Ele estava saindo da sala de música, havia dado uma passada rápida para buscar a guitarra, quando sentiu uma presença atrás de si. Em movimentos rápidos, e sem olhar para o rosto de quem estava atrás, agarrou pela gola da roupa e o jogou no chão.

— Senhor Vanrouge, isso são modos nem um pouco graciosos de se tratar o diretor da instituição que você estuda! – O homem no chão o repreendeu com uma voz dolorida.

— Diretor! Precisa falar comigo? – Curioso – Eu já resolvi o problema da caixa de som, nada de vidro explodindo por enquanto!

O diretor se levantou.

— Soube que está brincando de casinha com a Mal.

— Não sei do que está falando. – Cerrou os olhos.

— Não é da minha responsabilidade com quem você se relaciona, ou não, mas se pretende a ensinar a alguém com o potencial destrutivo, igual ao dela, a usar magia…– Ele estava falando em um tom de voz sério que soava quase igual uma autoridade.

— Um pouco de conhecimento não faz mal a ninguém, faz? – O garoto sorriu.

— Apenas tome cuidado com o que faz.

A conversa se encerrou e Lilia se dirigiu ao refeitório junto de sua guitarra, ele tinha planos muito animados para aquela noite. Seus grandes olhos carmesim estavam em procura de seus prodígios, que já estavam almoçando, mas de repente avistou a garota de cabelos roxos.

Ela estava junto com um rapaz, aquele deveria ser o tal rei e namorado que ela havia dito, nada tão especial quanto descrito. Lilia deu uma boa olhada no garoto, cabelos que lembravam mel e nada de mais, “Duvido que esse tipo saiba se defender sozinho.” Pensou.

Ele flutuou até onde estava Mal e companhia.

— Malzinha! – fez uma voz brincalhona enquanto bagunçava o cabelo da menina. – Como vai a coisa mais fofa?

Mal ficou com as bochechas rosadas pela força que o velho a apertava.

— Quem é você? – Ben levantou a sobrancelha.

Lilia sorriu mostrando as pressas. Não eram tão fofas quanto o de costume naquele momento, elas pareciam afiadas o suficiente para perfurar e fazer um belo estrago em alguém. Eram ameaçadoras tão quanto os olhos carmesim que estavam sombrios como se a pessoa adorável de alguns segundos atrás tivesse sido substituída por algo frio.

— Um amigo, pode me chamar de Lilia Vanrouge. E você é o…Droga, esqueci seu nome. – coçou a cabeça.

— Ben…de Auradon. Você é quem está tomando conta da Mal no dormitório, não é?

— Ah sim, com toda a certeza! É uma grande honra para mim cuidar de alguém tão parecido com…ela.–  A última palavra saiu de sua boca como um suspiro amargo e nostálgico.

Ben estranhou aquilo, na verdade ele estranhava várias coisas naquele ser em sua frente.

— Então agora acho que a família toda se conhece! – Mal disse.

— Eu tenho que ir comer! – O fae colocou os pés no chão. – Apareçam no dormitório mais tarde! Vocês e os seus colegas, vai ser divertido!

Pode-se considerar que para aquele eterno adolescente, uma boa oportunidade de poder tocar com a sua banda no som mais alto que puder é ainda uma oportunidade mesmo que seja para se despedir de alguns amigos, e era isso que ele pretendia. Uma despedida animada com doces e muitos litros de suco de frutas vermelhas, se ele tinha que bancar o adulto dessa vez ele iria bancar o mais rebelde dos adolescentes. Ele merecia, ou sentia que merecia.

Ele deixou a tarefa mais difícil que seria contar o motivo ficou para um amigo bem próximo. Malleus não entendia o porquê de Lilia o ter mandado contar que iriam para casa naquele mesmo dia, nem se davam bem, ou não queriam. Era mais um alívio que aquilo tudo ia terminar e poderia enfim voltar a sua rotina normal.

Enquanto isso, em outro canto do refeitório, o os alunos do primeiro ano pareciam ter uma almoço calmo pela primeira vez em tempos. Bom, ninguém estava tentando acertar o outro com o prato de comida.

— Sabe, ainda não acredito que o diretor não me chamou para aquela reunião! Ele deve tá morrendo de medo de eu cobrar minha volta pra casa. – Yuu comentou.

— Mas como descobriu isso? – Jack perguntou confuso, se não era para ela saber…como ela soube?

— É simples, Vil não parou de reclamar que atrapalharam a maquiagem dele pra isso! – Epel respondeu como se estivesse lembrando de uma guerra terrível.

— Temos que pensar no que vamos fazer hoje a noite! É sexta, ou seja, que tal dormir no barraco que a Yuu mora e pedir pizza? – Ace sugeriu. Era quase a “tradição” deles.

Deuce, Epel, Jack, Yuu e Grim concordaram com um sorriso. Porém sebek parecia incomodado com alguma coisa, dava para ver um certo nervosismo em seu rosto.

— Pessoal, eu não vou poder ir…Na verdade, mestre Lilia vai dar uma festa hoje à noite e…talvez vocês quisessem comparecer lá na Diasomnia. Isso não significa que eu seja amigo de humanos iguais a vocês, só estou os chamando porquê meu mestre pediu. – Sebek corou um pouco envergonhado.

— NAQUELE LUGAR SOMBRIO?!?!?– Os outros meninos perguntaram ao mesmo tempo.

Já Grim e Yuu comemoraram a comida grátis.

— Eu não faço questão da presença de vocês mesmo, seus bastardos. – fechou a cara.

— Ora, mas a gente vai sim, Sebekito! – Yuu respondeu.
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Em algum momento, Mal havia se perdido de Evie nos corredores do colégio, e agora tentava achar sua sala. Mas aqueles corredores pareciam tão interessantes, olhava os quadros com muita atenção, até que viu um de uma figura que deveria ser familiar para ela.

Naquele mundo, Hades não era muito parecido com o seu pai, era difícil acreditar que eram a mesma pessoa. Observava parada a figura, talvez a forma mais humana que conhecia fosse graças a Fada Madrinha. De qualquer jeito, ela ainda se perguntava como a mãe havia resolvido se casar com ele.

— É o pai da senhorita, não é? – Uma voz infantil amável perguntou. Era um garotinho de metal com cabelos flamejantes. Mal pulou de susto ao perceber que havia mais alguém junto a ela.

— Ah, é sim! Você me assustou, então você é o Ortho?

— Aham! Ortho Shoroud! E o seu?– Ele perguntou animado e com curiosidade nos olhos.

— Mal. – Ela sorriu.

— Isso eu sei, mas é de que? Draconia ou Shoroud. – Ortho estava curioso para saber sobre. Ela não parecia muito com nenhum dos dois. – Ou ainda não escolheu, no seu mundo não tem esses nomes, não é? Mas se bem que você passou um tantão de tempo na Diasomnia, deve preferir Draconia então, né?

Para ser sincera, ela não pretendia ter nenhum desses sobrenomes mas o garotinho em sua frente parecia tão feliz em perguntar que ela tinha dó de dizer que não queria nenhum dos dois.

— Ainda estou me decidindo.

— Seu DNA bate muito bem com a família Shoroud, sabia? – Ortho comentou.

— Eu já imaginava. Você é muito inteligente para uma…criança, sabia?

— Graças ao meu irmão, irmã! – Ele sorriu com os olhos. – Você também é da família Shoroud, se ficar na dúvida, diga seu sobrenome e terá bastantes privilégios. É isso que meu irmãozão faz quando joga online!

“Ele é fofo” pensou Mal.

𝐕𝐢𝐥𝐥𝐚𝐢𝐧𝐬 - 𝐓𝐰𝐢𝐬𝐭𝐞𝐝 𝐖𝐨𝐧𝐝𝐞𝐫𝐥𝐚𝐧𝐝 𝐱 𝐃𝐞𝐬𝐜𝐞𝐧𝐝𝐞𝐧𝐭𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora