I Would Kiss Your Cheek • Billie Eilish

Capítulo 2: Fairy tales lie

🧚

Contos de fadas mentem.

As princesas não são bem tratadas, as camponesas não são rebeldes, os reis não são justos e os juízes não se importam com a lei.

Todos os dias, mulheres são torturadas por serem inteligentes e bonitas, pois homens poderosos dizem que elas são culpadas de serem bruxas.

Todos os dias, mamãe e eu precisamos ir à igreja, obedecer os homens dos fósforos e servi-los como escravas.

Ela parece não se importar, parece estar acostumada com isso e parece gostar de servir.

Ela diz que "Deus" nos criou para isso.

Mesmo sendo rebaixada e desvalorizada, ela se casou com um monstro que apoia as atitudes dos homens de fósforos.

Mesmo contra minha vontade, eles me prometeram ao filho de um dos poderosos.

Eu odeio tudo isso. E a pessoa que eu amo também.

Várias mulheres foram enforcadas e torturadas por uma teoria estupidamente absurda. E, assim como eu, a pessoa que eu amo guarda rancor por saber de toda essa injustiça.

Lavando minha roupa suja na beira do rio, eu pensava sobre a situação.

O que fanáticos religiosos podem fazer por estarem no poder disso tudo me deixa tão furiosa.

Era para eles estarem pregando o amor ao invés de praticar o ódio por todo o canto.

Pois isso não acontece só aqui, na minha vila.

Isso acontece na França, na Colômbia, na Austrália..
Acontece em todo lugar e acontece principalmente com pessoas como eu.

Pessoas que amam de verdade, mas são proibidas de amar.

Pessoas que querem saber sobre outras religiões além do cristianismo.

Pessoas que querem viver, não somente sobreviver.

Parando qualquer pensamento que rodeava minha mente, lá estava Billie, a filha dos fazendeiros que moravam em uma casa afastada da vila. Ela chegava do outro lado do rio com seu próprio cesto de roupas.

Normalmente, Billie vinha junto de sua mãe, no entanto, dessa vez ela estava sozinha.

Sozinha como eu, que disse à minha mãe que cuidasse de seu marido repentinamente doente essa manhã.

Quando nossos olhares se encontraram, trocamos sorrisos cúmplices do que estávamos prestes a fazer.

A camisola que eu lavava, manchei com o sangue da galinha que matei, que estava dentro de um buraco no chão que eu mesma havia escondido.

Pus a peça de roupa em cima de uma pedra e logo vi Billie se aproximando e manchando também seu vestido azul claro.

Com as mãos, ela me ajudou a cavar o buraco da cova da galinha mais fundo, cobrindo-a de terra e logo então colocando pedras em cima da terra macia.

Lavamos nossas mãos no rio e eu respinguei um pouco de água no rosto dela, que riu levemente e fez o mesmo.

Sua risada doce pode alegrar qualquer um e seu rosto angelical é tão hipnotizante que a faz o tipo de moça que homens camponeses e até mesmo poderosos estão apaixonados.

Com meu cesto de roupas em mãos, atravessei o rio junto de Billie, que tinha seu vestido sujo de sangue na ponta dos dedos.

Ela o jogou em qualquer canto no chão e pegou seu próprio cesto, logo adentrando na mata.