5. the earth is a very small dot

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oii, voltei!! comentem muito, sim? 🙌🏽

Taehyung. Então era ele o responsável por pesar as conversas uma vez nelas nomeado. Não que eu já houvesse presenciado muitos diálogos detentores de seu nome; no entanto, em todos que fui testemunha, até o momento, o fim era sempre o mesmo: um climão se instaurava até que o eixo temático do assunto fosse desviado.

Eu havia visto Taehyung de relance naquela noite, na festa, mas estava significativamente escuro e, na época, se não me engano, seus cabelos estavam tingidos de vermelho. Sem mencionar que eu estava meio alto, ocupado em me lamentar pela saída brusca de Jimin.

Por sinal, há muito tempo, conheci alguém chamado Taehyung. A recordação dessa pessoa... bem, digamos que me desagradava, além de o momento ser incabível para ela.

— Ah... sei. — respondi, mais norteado por tê-lo associado a eventos passados armazenados em minha memória, mas ainda confuso em relação ao porquê da fuga dramática.

— Aquele que você pensou ser o meu namorado no outro dia, lembra? — retomou, levando-me a assentir. — Bem, não sei se você também lembra que ele é meio que meu melhor amigo...

— Lembro.

— E não faz sentido algum, não é? Que um melhor amigo tenha que apelar pra se enfiar debaixo da mesa pra se esconder do outro... — olhou-me, sorrindo sem humor. — É. Não sei se melhores amigos é o melhor termo pra nos definir, hoje. — desceu seus olhos, agora apáticos, até seus pés. — É complicado.

Até a menos empática das pessoas notaria que aquele era um tópico sensível para Jimin, e que ele estava relutante em se expressar. Minha última intenção, certamente, era invadir seu espaço; contudo, eu também gostaria que ele soubesse que, caso estivesse confortável em se abrir, eu era todo ouvidos para si.

Sem saber ao certo como me portar, tendo em vista a precariedade da minha cognição social, permiti-me seguir meus instintos quando, com brandura, toquei seu ombro numa tentativa nervosa de transmitir conforto.

— Você pode falar sobre isso, se quiser.

Como resposta, ele me sorriu outra vez, ainda sem graça, mas como um alerta implícito de que minha disposição para escutá-lo fora captada.

— Bem, eu não quero te encher o saco com meus problemas... se eu começar a falar demais, me interrompa, tudo bem? — iniciou, fazendo-me negar de prontidão.

— Eu sou um bom ouvinte, hyung. Fique à vontade.

— Você me parece ser, mesmo. — ficou em silêncio por um par de instantes, quiçá se questionando por onde começar. — Taehyung e eu temos uns bons anos de amizade. Quase oito, sendo exato. A gente se conheceu no Ensino Médio e nunca mais se desgrudou. Meio que não temos muitos outros amigos tão próximos além da gente mesmo, na verdade... e todo esse hiper-foco que temos tendo um no outro vem fazendo com que problemas pequenos de convivência se tornem bolas de neve cada vez maiores. — sumarizou, alternando o olhar entre meu rosto e a rua. — Com ele, conversas abertas é sempre uma dificuldade. Ele é muito fechado, sabe? Sinto que já fiz o que podia e, agora, a solução é me afastar... mesmo que temporariamente. Tanto eu quanto ele precisamos de um ar, já que estamos nos sufocando tanto. — suspirou pesadamente. — Então, eu tô meio que evitando o Tae. Eu mandei a real pra ele, mas ele não levou a sério... acho que ele pensa que, a qualquer momento, as coisas vão voltar a ser como antes. Só que, dessa vez, eu tô convicto... e, se ele se recusou a me ouvir por bem, que me entenda por mal quando perceber que eu realmente não tô disposto a fingir que nada tá acontecendo. Não de novo. Não que eu acredite fielmente que sempre fui um santo pra ele, mas se o espaço que eu tô pedindo for ignorado, vou começar a agir na ignorância, também.

we can't be friends • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora