17. never be the same

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Meus amigos, aquele havia sido o dia mais feliz de toda a minha vida! Não é hipérbole. Na verdade, chega a ser eufemismo, pois não havia palavra que mensurasse a minha plenitude.

Eu e Jimin aguentamos mais que a metade de um dia de fila e, ao todo, foram mais de dezesseis horas de pé. Comemos pouco, hidratamos-nos em pequena quantidade e nos revezamos para ir ao insalubre banheiro público existente na parte externa do ginásio.

Estávamos mortos com farofa, para dizer o mínimo. E faríamos tudo de novo, em dobro, triplo ou quantas vezes fossem precisas, para reviver aquela noite.

Nós pegamos grade. Isso mesmo que você leu: G R A D E! Vimos Namjoon de tão perto que, até agora, era absolutamente inacreditável. Ele nos olhou, gente! Vocês estão entendendo? Kim Namjoon mostrou coração para Jimin e eu, além de ter feito um breve contato visual conosco por um par de vezes!

Mesmo narrando a vocês e tendo experienciado, propriamente, coisas que nem sou capaz de expressar, eu ainda tardo a crer em minha própria vivência. É completamente surreal que eu tenha escutado as minhas músicas prediletas da vida; visto o meu artista favorito a poucos metros de distância. Isto é, ao lado da pessoa que eu amava.

Desta vez, eu bateria no peito para afirmar que nada estragaria a minha felicidade, mesmo! O universo que se danasse! Ele dava e tirava, eu sabia bem, mas que fosse! Meu sonho estava realizado, oras! Eu venci, e fim de jogo.

No presente momento, eu estava deitado sobre a cama de Jimin (eu dormiria em sua casa, e o esperava tomar banho. No que me dizia respeito, eu já estava limpinho); meus músculos estavam imóveis, e meu rosto inchado às custas do cansaço e do choro excessivo de outrora. Em pensamento, eu tentava absorver aquele emaranhado de emoções que me transcendiam, tentando organizar as memórias do show para relembrá-las, uma a uma. No entanto, ainda era cedo demais para isso. Meu raciocínio estava lentíssimo.

Jimin saiu do banheiro quando eu ria sozinho ao assistir o vídeo que gravei de Nuts, nossos berros soando mais audíveis que a voz do próprio RM.

— A gente ouviu o Namjoon se assumir bissexual, com Nuts, na nossa cara, né...

O loiro — que tinha os cabelos molhados e vestia apenas uma toalha, para o motivo do meu surto — comentou, bobo, tendo identificado o som reproduzido pelo meu celular prontamente.

— A gente ouviu. — descrente, reafirmei, empenhando-me para não permitir que meus olhos, traiçoeiros que só eles, passeassem pelo seu corpo. — Acho que vou morrer sem acreditar.

— Eu também.

Dei-me ao luxo de espiá-lo, apenas por um segundo, mas não deveria. Definitivamente, não. Jimin estava, simplesmente, nu. De costas para mim e defronte para o seu armário, já aberto, à procura de um pijama.

Pisquei várias vezes, desviando o olhar antes que eu terminasse com problemas sérios. Um grito estava entalado em minha garganta, pois sua coluna, nádegas e pernas definidas já haviam sido cravadas em minha memória. Era tarde demais.

Ele proferia algo que eu não escutei direito; meus sentidos estavam uma bagunça uma vez que fui golpeado daquela forma, além de meu corpo ter esquentado a níveis preocupantes através de uma simples visão. Por que ele... me maltratou assim? Minhas emoções já estavam para além da flor da pele. Mais um pouco e eu explodia!

Gosta do que vê?

— Uhum...

— Quê? — já vestido, para o bem da minha sanidade, Jimin soou confuso. — Perguntei o que você quer comer.

Ah.

Mais uma alucinação para a conta. O que era um peido para quem já estava cagado, afinal?

Naquela circunstância, entretanto, eu me perdoava por ser maluco. Olhe bem para o meu estado: eu havia acabado de ver Namjoon para, em seguida, estar perante ao corpo nu do cara por quem era secretamente apaixonado. Não era para menos.

we can't be friends • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora