Capítulo 2

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Maeve Pembroke

Olhei para o teto enquanto Jake e a pequena Louise atravessavam as portas de metal quase fechando. A vergonha resplandecendo por minhas veias, ainda era constrangedor ter que encarar Jake depois de tudo.

Não foi uma das melhores ideias beijar meu chefe no meio de um bar lotado, que no caso ele era o proprietário, onde eu trabalhava como garçonete no turno da noite. Foi uma atitude estúpida e impulsiva, jamais faria qualquer coisa daquele tipo sem o empurrãozinho proposto por minha melhor amiga, Blair, ela estava certa sobre eu parar de ficar babando pelo Jake e resolver logo a situação. Naquela noite simplesmente coloquei as cartas na mesa e tasquei o maior beijo no meu chefe, e a pior parte era que ele correspondeu de imediato, meu peito se encheu de alegria com a ilusão de que as coisas finalmente se acertariam. Porém ele foi bem claro sobre suas intenções.

— Não estou preparado para um relacionamento, Mae. Espero que entenda e que ainda queira ser minha amiga!

Foram suas palavras há mais ou menos um mês, o que eu poderia dizer, eu aceitei ser apenas sua amiga. Patética demais para cortar relações com o cara por quem sou apaixonada.

Pois é, eu ainda trabalhava no bar, dinheiro extra nunca era demais e Jake não me demitiu, mesmo com as coisas estando estranhas entre a gente. Meu estágio na revista pagava bem, mas como assistente por meio período o salário não cobria todas as minhas necessidades.

Eu precisava de Jake, do salário do bar, com a correria e o tumulto dos clientes nós dificilmente nos esbarramos, o que era muito bom, mas não havia como evitar encontros desconfortáveis nos almoços no domingo, quando Aiden e Jake se juntavam no sofá da sala para assistir a algum jogo de beisebol.

Por que meu cunhado tinha que ser melhor amigo dele?

Por que tínhamos que morar no mesmo prédio?

Por que diabos eu ainda não pedi demissão?

Senti um puxão em meu blazer, olhei para baixo vendo Louise, com o cabelo castanho-claro preso em duas tranças nas laterais da cabeça, pela falta de uniformidade do penteado, provavelmente foi Jake o responsável. Ela reclamava que o pai não sabia arrumar seu cabelo que sempre ficava torto.

Sorri para ela.

— Bom dia, Eve! — cumprimentou toda animada, ela vestia o uniforme da escola azul e cinza.

— Bom dia, Lou. — respondi engolindo toda minha vergonha por estar evitando contato visual com o pai dela. Louise observou sobre meu ombro mirando seus olhos azuis para cima.

— O que você estava olhando tão concentrada no teto? — ela perguntou analisando o ponto ao qual eu estava prendendo o olhar antes. Meu estômago deu um nó, ri sem saber o que responder.

"Estava tentando ignorar seu pai". Pensei, mas lógico que eu não falaria a verdade.

— Nada, só pensando no trabalho.

— Hum, entendi.

Jake não abriu a boca, mas senti o olhar dele queimando sobre mim. Comprimi os lábios, sorrindo de um jeito nada natural. Ele correspondeu com todos os dentes, como ele poderia sorrir assim, e ainda não quer que eu me apaixonasse?

— Oi — falei baixinho.

— Oi, Mae. — a voz dele ainda causava cócegas em minha barriga, os olhos acinzentados e misteriosos ainda me deixavam sem ar. Ele era o único ser humano a me chamar de "Mae" e eu pensava que fosse por algum motivo especial, mas no final confundi as coisas.

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