Capítulo 3

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Maeve Pembroke

Olhar para ele ainda causava sérios danos ao meu estômago, as borboletas ainda batiam suas asas querendo voar de dentro para fora. O jeito que ele sorria quando um cliente soltava uma piada não tão engraçada, mas que Jake ria como se fosse a melhor coisa que já ouviu, apenas para que a outra pessoa não se sentisse desconfortável. Eram essas pequenas coisas que faziam dele um grande homem.

Queria poder dizer que era fácil superá-lo, deixar para lá o sentimento entalado em minha garganta que arranhava todas às vezes que precisava falar com ele.

Superar. A quem diz que essa palavra sempre achava um jeito de curar um coração partido, mas até que esse dia chegasse o percurso seria lacerante, brutal.

Arranquei do meu bloco de notas o pedido da mesa oito, entregando a Hunter o papel. Hunter Brooks, o astro do beisebol em Yale durante o dia e barman a noite, tão azarado no amor quanto eu, apaixonado por Blair, minha melhor amiga que agora morava na Austrália. Tudo bem, talvez Hunter tenha vencido o campeonato de quem tem mais má sorte no quesito romance.

Ele andava por aí com um sorriso no rosto, mas com o olhar vazio, como se toda a luz tivesse se esvaindo dele, e com ela não era diferente, nas facetimes Blair fingia que estava tudo bem, que ela não estava perdendo o pai para o câncer e que não sentia falta de Hunter, nossa, como aquela garota era durona, se fosse eu não teria suportado o tanto que ela suportava. E ainda se preocupava comigo, ela era a única para quem sempre falei do Jake, até o dia do beijo e o bar inteiro saber dos meus sentimentos.

Ainda era constrangedor lembrar daquilo.

— Pedido da mesa seis pronto! — gritou Jake do outro lado do balcão, com uma bandeja com quatro cervejas e uma vasilha de amendoins. Fui até ele buscar a bandeja, levando o pedido para a respectiva mesa.

Voltei para o balcão, guardando meu bloco de notas no avental azul, esperando por mais clientes.

Hunter servia algumas cervejas da torneira do barril preso ao balcão. Charlotte, a nova contratada ainda tentava se adaptar à função de garçonete, ela virava um pouco de bebida no chão tentando equilibrar os copos na bandeja de metal, ela ficou no lugar da Blair após sua ida para a Austrália.

— Mae, preciso de ajuda no depósito. — chamou Jake apontando para a porta onde ficava nosso estoque de bebidas. Assenti.

Jake entrou primeiro no cômodo apertado, aquilo não estava certo, ficar tão pertinho dele destruía meu bom senso. Respirei fundo.

Fechei a porta na hora que ele acendeu a luz.

— Vou tirar essas caixas de cima e você pode pegar duas garrafas de whiskey?

— Sim!

Passei por ele que levantou dois engradados de cervejas, o estoque estava tão mal organizado que era precioso duas pessoas para pegar alguma coisa ali dentro, com o espaço pequeno era difícil alcançar a caixa com os whiskeys. Inclinei o corpo para frente, ficando na ponta do pé esticando o braço para pegar as garrafas.

— Peguei. — falei tirando uma das garrafas e logo depois a outra.

— Ótimo. — ele arquejou parecendo perder as forças com aqueles engradados pesados. Jake soltou eles no lugar depois que sai do caminho.

Segurei a maçaneta para abrir a porta, e escutei um barulho de metal tilintando no chão no lado de fora.

Está de brincadeira?

Puxei a maçaneta e se soltou inteira em minha mão. Estava falando a dias para Jake consertar aquela merda.

Tive vontade de berrar para apaziguar meu desespero, girei o corpo para informar meu chefe sobre nosso pequeno problema.

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