Capítulo 9

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Maeve Pembroke

Jake ainda não sabia que essa noite era minha última trabalhando para ele. Minha decisão veio pela manhã, depois de acordar e as lembranças do nosso beijo invadirem minha mente como uma avalanche. Mas para ser sincera tinha tomado essa decisão desde o momento em que ele se ofereceu para me buscar em Manhattan. Não havia dor maior do que abrir mão de um amor, mas faria isso, pois estava cansada de lutar contra meus sentimentos, de dia após dia cravar uma adaga em meu próprio coração apenas para ele parar de bater por Jake. 

Ontem, quando ele disse que leu todos meus artigos eu percebi que se eu continuasse trabalhando para ele seria mais difícil de esquecê-lo, aquele beijo não tinha nada além de um adeus, era um ponto final, era eu dizendo que desistia. 

Eu desisto, Jake. Eu desisto. 

— Você está bem? — Hunter perguntou. Com certeza eu sentiria falta de todos do bar, trabalhei ali por quase dois anos, e Hunter foi um dos primeiros a me acolher. 

— Estou! — forcei um sorriso. 

— Não parece. — ele retrucou limpando um copo com um pano para servir mais bebidas. 

— Só estou cansada. — essa tem sido minha desculpa para tudo ultimamente. 

Hunter não pareceu acreditar que era apenas isso, pois levantou as sobrancelhas. 

— Quer conversar? — perguntou. — Eu sei que não sou a Blair, mas posso servir para alguma coisa. 

Expressei um sorriso,  compadecida, sabia o quanto ele também sofria pela minha amiga. Dei a volta no balcão e fui abraçá-lo, ele correspondeu de imediato como se precisasse de consolo tanto quanto eu. 

— Será que em algum momento vai doer menos? — ele perguntou com os braços ao redor de minha cintura. Nos afastamos e eu toquei seu rosto. 

— Acho que o primeiro amor dói por mais tempo, mas em algum momento deve cicatrizar, se você permitir que cicatrize. 

E para mim esse era o momento. Estava disposta a deixar essa ferida fechar. 

Quando o movimento do bar caiu, decidi fazer o que esperei a noite toda. Jake já estava no escritório nos fundos, o que me pouparia de ter que chamá-lo para conversar. 

Bati na porta de leve, ele gritou um “entre”.

Ele estava lá, sentado em sua mesa, verificando alguma coisa no computador e anotando em planilhas. Esperei um segundo para avançar, queria um tempo para olhá-lo daquele jeito, o cabelo despenteado, a camisa jeans remangada até os cotovelos e então a aliança em seu anelar esquerdo brilhou, não havia como competir com aquilo, o amor que ele sentia pela esposa ainda era palpável, era uma ferida aberta, um amor que foi arrancado dele, e eu deveria admitir que era lindo ver sua devoção e estava na hora de eu desistir. 

Arrumei a postura caminhando até sua mesa colocando sobre ela meu uniforme e meu bloco de notas. 

Ele rapidamente desviou o olhar da tela do computador, me encarando sem entender nada.

— Estou pedindo demissão! — me apressei em ser clara. Jake arregalou os olhos e levantou da cadeira com tanta pressa que a jogou contra a parede. 

— O que? 

— Demissão, Jake. Eu quero demissão. — repeti. 

Ele balançou a cabeça parecendo perturbado, como se acabasse de levar um soco. 

— Não. Por que você ia querer isso? — questionou dando a volta na mesa ficando em minha frente. 

— Porque eu não consigo mais. — respondi sendo sincera. 

A ruguinha no meio de suas sobrancelhas surgiu, sendo o sinal de que ele havia entendido tudo.

— Se foi pelo beijo de ontem a noite, pensei que tínhamos superado isso. 

Suas palavras foram como navalhas cortando minha pele, um nó se formou em minha garganta. 

— Talvez você tenha superado, mas eu não. Estou farta de fazer meu papel de sua amiga, Jake. Não quero mais brincar disso — meu tom saiu mais alto que o esperado, porque estava cansada de conter minhas emoções. 

— Mae, não estou brincando com você — falou com uma expressão que não conseguia descrever, era dor, angústia ou pena? Não fazia ideia. 

— Isso não importa mais, eu só não posso continuar fingindo que eu superei você, quando está claro que isso está longe de acontecer. 

Ele se aproximou para tentar tocar meu braço, mas me afastei. 

— Mae, não faça isso. Você sabe que é importante para mim, mas eu não posso corresponder seus sentimentos.

Sou atingida por outro golpe certeiro. 

— Eu sei, é por isso que chegou a hora de ir embora. — falei sentindo uma lágrima trilhar meu rosto. 

Suas sobrancelhas se juntaram e ele enrugou a testa como se também tivesse sido apunhalado. 

— Não precisa ser assim. — ele murmurou. 

— Eu preciso superar você, e você precisa me deixar tentar, Jake. — falei com o choro entalado na garganta. Ele balançou a cabeça. 

— Não era minha intenção magoar você. 

— Eu sei disso. — respondi forçando minhas pernas a andar em direção a porta. Antes que alcançasse a maçaneta ele segurou minha mão. 

— Eu sinto muito, Maeve. 

E eu senti meu coração se despedaçar em tantos fragmentos que ninguém no mundo seria capaz de encontrar os pedaços. 

*Nota da autora: Me falem o que estão achando dos capítulos?! Nesse capítulo a gente findou a primeira parte, agora teremos mais interações entre Grey e Maeve, vem muitas emoções ainda....

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