Capítulo 6

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Jake Eastwood

A rotina da escola pela manhã era corrida, mas nada se comparava ao caos que era ter que organizar tudo antes de sair de casa para o bar. Buscava Louise na escola às três da tarde, íamos ao mercado pegar o necessário para o jantar — quando não jantamos pizza — o que não era nada saudável, então deixávamos uma noite exclusiva na sexta-feira.

Dou uma olhada breve na agenda do celular, procurando pelo dia de hoje, terça-feira, tem uma lista:

Escola: 07h30m

Treino: 9h

Almoço com Susan: 12h30m

Buscar Louise: 15h

Ballet: 17h

Nada que o super-pai não dê conta de fazer.

Levantei às seis da manhã para dar tempo de preparar o lanche de Louise, o cardápio de hoje seria sanduíche de manteiga de amendoim com geleia, uma garrafa de água para ela se manter hidratada e morangos frescos que ela adorava.

Com a mochila pronta me dediquei ao café da manhã, panquecas com gotas de chocolate, ovos mexidos, bacon frito e cereal com leite.

Ainda precisava resolver algumas pendências com os fornecedores, anotei na lista para não esquecer.

— Nada de celular durante as refeições, papai. — Louise repreendeu com a voz mais doce de todas. Ela já estava vestindo o uniforme da escola, faltava apenas arrumar seu cabelo, ela gostava de tranças com fitas ou presilhas coloridas no topo da cabeça.

— Desculpe, querida! Precisava anotar umas tarefas. — respondi guardando o celular no bolso da calça para dar um bom exemplo.

A Rebecca sempre reprovava o uso durante as refeições, especialmente porque eu estava sempre quebrando a regra. Lembrava da voz meiga de minha esposa falando como era deselegante atender uma ligação ou mandar mensagens no meio de uma refeição. Louise era parecida com ela, tanto na cor azul de seus olhos quanto na maneira de falar.

Olhar para minha filha era uma forma de ver um pouquinho da Rebecca. O que de certo modo conformava meu coração. Porque às vezes tinha medo de esquecer qual era a cor dos olhos dela, ou o som da sua risada, ou o tom da sua voz.

Ela foi o grande amor da minha vida, ficamos juntos por quase treze anos, era difícil para mim, a dor da perda era silenciosa, mas constante, como se arrancassem um pedaço da minha alma dia após dia. Aiden dizia que o vazio no meu coração começaria a diminuir gradualmente, que com o passar do tempo as lembranças dela trariam saudades, mas sem a dor devastadora da perda.

Ele tinha razão em parte, ainda doía, mas não ao ponto de não querer levantar da cama como aconteceu durante os primeiros meses depois que ela se foi. A única coisa que me fez continuar foi Louise. Era por ela que eu levantava da cama, que lutava com minhas emoções turbulentas e sombrias. Sem minha filha, provavelmente teria perdido o rumo.

Sorri para ela que terminava de tomar sua caneca de leite e comia a última fatia de panqueca coberta de cauda.

— Já terminou? — perguntei.

Ela balançou a cabeça com a boca cheia de panqueca.

— Está bem, então, vá escovar os dentes e colocar seus sapatos.

Enquanto ela fazia o que havia pedido, levantei e organizei a louça do café, retirando o que já estava seco de dentro da lava louça e colocando uma nova remessa de pratos sujos.

Quando Louise voltou com os sapatos calçados e com o blazer da escola, arrumei seu cabelo com uma ajuda de alguns vídeos do YouTube, apesar do meu esforço o penteado não ficava igual ao do tutorial, mas Louise sempre aprovava como se fosse me magoar se dissesse a verdade. E a verdade era que eu não tinha nenhum talento para isso.

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