Pad gra prao

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POV: Chaisee

Observo do backstage a forma como Anong conduz Chalita até o palco, lhe oferecendo apoio para subir os degraus, sua mão grande, linda e ornada com um anel de prata ao redor da cintura de sua co-star. Assim que as duas se sentam nas cadeiras posicionadas no centro do palco para iniciar o evento respondendo perguntas, Anong se certifica que as pernas de Chalita estão devidamente cobertas considerando o vestido que ela está usando. Não consigo conter a inspiração que me atinge, começo a escrever sobre o desejo que sinto pela mulher diante de mim.

Eu quero sentir as suas lindas mãos se arrastando pela minha pele como a água corrente de uma cachoeira.

Quero sentir os seus lábios sorvendo meu corpo como um picolé em uma tarde de verão.

Os seus dedos entranhados nas mechas do meu cabelo como alguém que se agarra a uma corda em um precipício.

A sua voz grave sussurrando ao meu ouvido como se quisesse arrepiar a minha alma para fora do corpo.

Quero que você se aposse de mim como se eu te pertencesse...

Me sinto dividida.

A três semanas atrás eu iria postar o texto que escrevi sobre a atração avassaladora que sinto pela minha chefe na minha conta anônima sem pensar duas vezes. É o que eu sempre fiz, tornar públicos meus sentimentos mais profundos de forma anônima sempre foi a minha válvula de escape para colocar pra fora sentimentos dos quais preciso me livrar. Três semanas atrás eu postaria esse texto e teria algum conforto em saber que dezenas de desconhecidos sabem como eu me sinto, por mais que Anong nunca vá saber.

Mas isso foi antes.

Fecho o bloco de notas do meu celular, decidida a preservar os sentimentos de GI. Não tem porque ela saber sobre uma simples atração por alguém que nunca sequer vai me notar. Até porque, o que sinto por GI é muito mais profundo que isso.

É estranho dizer isso de uma desconhecida com quem converso a apenas três semanas, mas eu sinto que GI me conhece melhor do que qualquer outra pessoa. Existe algo de mágico no anonimato que me permitiu me libertar de todas as minhas barreiras e ser com ela a versão mais honesta de mim. E algo me diz que ela sente a mesma coisa.

Porém, eu estaria mentindo se dissesse que não fico completamente mexida na presença de Anong. Hoje é sexta feira da terceira semana de pré-produção e eu sinceramente não sei como sobrevivi até agora depois de tantos gay panics.

Estamos as três, Anong, Chalita e eu, em um táxi voltando do evento meet and greet e esse seria o fim da programação do dia. Porém, meu telefone toca quando estamos prestes a chegar na casa de Anong, que seria a primeira de nós a descer do taxi.

- Oi. Senhora Praya. - Eu atendo a chamada.

- Chaisee, as meninas ainda estão com você?

- Sim.

- Me coloca no viva voz. - Eu faço como ela pede. Chalita e Anong encerram a conversa que estavam tendo para escutar atentamente.

- Pronto.

- Meninas, o evento de hoje explodiu nas redes sociais de forma viral. Se vocês abrirem o Twitter nesse momento, as hashtags #KMHS e #Chanong estão no top trending nacional. Eu estou monitorando as redes de vocês e os seguidores nos seus perfis pessoais também estão subindo exponencialmente.

Todas no carro tiram um momento para celebrar o feito.

- Onde é que vocês estão agora? - Praya pergunta.

- Estamos a uns cinco minutos da casa de Anong. - Olho pela janela antes de responder.

- Eu sei que já são oito da noite, mas eu vou precisar que vocês façam uma live de pelo menos uns trinta minutos. A gente precisa aproveitar o momento. Aliás, essa é uma ótima oportunidade para abrir alguns dos presentes e cartas de fãs que receberam no evento hoje.

A Assistente: O amor pode estar aonde você menos espera.Onde histórias criam vida. Descubra agora