Direito de Duelo

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Alice encarava o artesão em estado catatônico, vivendo um looping infinito de sua alma sendo extraída. Ela questiona a Klaus se o homem estava sofrendo, pergunta a qual ele responde afirmativamente, e com um simples dar de ombros, a garota se vira e sai do local, sussurrando em seu coração, “que bom”.
Mais tarde, caminhando na floresta, a garota indagava o feiticeiro.

— Você sabia?

— Sobre?

— Eu ser uma Sinclair, eu ter sido abandonada numa cesta, meus pais não serem meus pais, além do fato de eu estar com a merda de um selo que deixa aquele nojento me controlar! Do que mais eu estaria falando Klaus? — Alice grita o empurrando em um ataque de raiva.

— Você ainda não estava pronta para lidar com isso. — respondia friamente.

— Pra você eu nunca tô pronta! Eu nunca posso saber nada! É a minha vida Klaus! — uma lágrima escorria de seu olho.

— Chegamos. — Klaus para abruptamente, não parecendo dar muita importância aos desabafos da menina, que seca suas lágrimas se afastando.

— Tem razão, você não entenderia esse tipo de coisa, a sua linguagem é a violência, sempre foi assim que resolveu as coisas. Sendo assim, agora que estamos seguros eu exijo oficialmente meu direito de duelo, mas quero mudar o acordo. — Klaus se surpreende com a fala de Alice, dando brecha para que continue. — Você terá seu feitiço da ordem primordial liberado, em troca, libere meu selo.

— Entendo, então no fim é isso que você quer, pois bem, minha restrição será a seguinte, se eu vencer, você será mais do que minha espada, não quero só que mate em meu nome aqueles que nos perseguem, eu quero que colete as almas por mim.

A fala do feiticeiro faz a garota estremecer, uma coisa era a autodefesa, outra era caçar gente inocente e destruir suas vidas. Apesar disso, ela estava bem confiante de que sem seu selo, poderia vencer. Acreditava fielmente que a magia inerte em seu interior seria o suficiente pra resistir a qualquer ordem, e que nenhum truque barato poderia afeta-la mais. Foram 6 anos viajando com ele, tudo isso, visando esse momento.

— Eu aceito.

A resposta afirmativa de Alice é ligeiramente retribuída com uma espada, de lâmina esbranquiçada, que Klaus invoca, a entregando. A arma possui uma runa em sua empunhadura, extremamente similar com o selo da garota. Ele explica que aquele símbolo é a representação da ante-magia, enquanto a família dela limita o fluxo em seu interior, o dragão que originou a espada limita a exterior. Inicialmente Alice tem suas dúvidas, afinal isso seria muito arriscado pra ele, entregar algo tão poderoso.

— Você obteve isso com seu próprio esforço, vagalume, não é direito meu negar suas conquistas. — dizia enquanto conjurava a chave d’alma, libertando Alice das amarras de seu sangue. No primeiro momento, um suor frio escorreu no rosto da menina. Pela primeira vez, era possível enxergar a aura mágica de seu guardião, e essa foi a segunda vez em que a pequena Alice teve medo dele.

Ela respondia com um sorriso amargo, erguendo a espada e se pondo em postura de combate. Do outro lado, Klaus segurava com firmeza seu cajado. Uma leve brisa passa por eles, e alguns segundos são tomados de pura análise, uma sensação diferente dos outros duelos, pois dessa vez, Alice realmente tinha uma chance de vencer.
O primeiro a fazer o movimento é Klaus, que conjura um crânio envolvido por escuridão o disparando. A menina, com um movimento rápido corta o feitiço, e quase que imediatamente um sorriso se abre, a magia realmente podia ser cortada. Agora, sem as dúvidas que tomavam sua mente, ela avança. O esqueleto, na tentativa de impedir sua aproximação toca o cajado no chão, amolecendo todo o chão, como areia movediça, mas Alice o conhecia, e com um corte de na terra, evitou de ser atingida.

As Crônicas de Alice e Klaus: Coração e OssosOnde histórias criam vida. Descubra agora