As Crônicas de Alice e Klaus: Coração e Ossos

Klaus Altman, O Elfo

Houve um tempo no qual Klaus ainda enxergava cor no mundo. O jovem feiticeiro tinha apenas 200 anos de idade. Fazia parte do conselho império como o representante da família Altman, a oitava mais importante do império, única não humana. Naquela manhã uma reunião, entre os chefes dos clãs, fora solicitada. Klaus foi um dos primeiros a chegar, acompanhado de sua esposa, Elizabeth, o casal élfico adentrou a sala de reuniões.

O local era composto por uma grande mesa retangular de madeira e castiçais, que iluminavam o ambiente. Em uma cadeira maior que as demais, com detalhes que lembram escamas de dragão entalhados, jazia o Rei Julius Drackar. Sentado ao lado dele estava Victor Armstrong, um humano que desafia a mortalidade, tendo quase a mesma idade de Klaus, e de aparência igualmente jovem e madura. O feiticeiro senta-se de frente para o imortal, e sua esposa fica de pé ao seu lado.

— Por que uma reunião tão urgente, vossa majestade? — Questionou Klaus.

— Aguardemos os outros chegarem, sabe que não gosto de ser repetitivo. — o Rei era ríspido, e, mesmo diante do representante de toda a raça élfica, ignorante.

O silêncio tomou conta, e pouco a pouco os líderes dos clãs foram chegando. Herold Cannis, acompanhado de um enorme lobo de caça. Não demorou muito, e Seluren Sinclair, se aproximava, ao seu lado, sua irmã Felícia, que mais parecia a serviçal dele. Logo atrás estava Ryan Van Allen com seu cajado, e Marc Fraser em uma cadeira de rodas movida a vapor. Todos pareciam um tanto inquietos, afinal só faltava a representante da família Dubois, que estava atrasada, o que, para eles, não era nenhuma novidade. A dita bruxa, Analu Dubois, com um corvo no ombro, e seu companheiro Franky Sun’ir chegaram após uma hora, e finalmente a reunião se iniciou.

— Perfeito, confesso que esperava que se atrasasse mais Analu. — iniciou o Rei.

— Edgar me adiantou o assunto que seria tratado aqui, já adianto que não compactuo com sua opinião, majestade. — respondeu, dando um tom de deboche no fim.

— Neste caso, melhor ainda, me poupa ter de ficar repetindo explicações simples para você. — ele da uma pausa, desenrolando um pergaminho. — Na última semana, foram reportados 3 ataques de elfos em vilarejos humanos. Imagino que esteja ciente Klaus.

— Majestade, ouvi os boatos e verifiquei com os meus informantes, não há absolutamente nenhum elfo que tenha tido a intenção de atacar, muito menos envolvido nisso, nosso povo vive bem, e não precisa desse tipo de coisa.

— Imagino que devam se sentir muito superiores a nós, escolhidos pela mana, quase imortais, talvez, quem sabe, pensem que a sua espécie deva controlar o império. — supõe o Armstrong.
— Como ousa insinuar que estejamos planejando uma rebelião Victor? — Elizabeth entra na conversa, irritada.

— Essas palavras saíram de sua boca, não dá minha.

— Bom, majestade, imagino que, se nos convocou para discorrer sobre este assunto, não deve ter apenas relatos de camponeses que mal sabem se limpar, certo? — questiona Van Allen. Enquanto os outros o olham com um certo desgosto.

— De fato! Fontes confiáveis alegam terem presenciado um grupo de elfos planejando um dos ataques em uma taberna.

— Fontes confiáveis é? Sinto muito Majestade, eu só confio nos meus corvos. Pessoas são corruptíveis. — responde Analu de braços cruzados.

— Bruxas também. — implica Van Allen.

Um clima de tensão se instaura na sala, todos os líderes reunidos, encarando-se, os mais poderosos do império, se algo saísse do controle ali, certamente iria desencadear uma guerra civil sem proporções. Tendo isso em mente, o Imperador levantou-se caminhando até Klaus e pondo uma de suas mãos sobre seu ombro.