2- Maekboo

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{Flashback}

"Você deveria trabalhar, vagabundo"
"O que um pobre como você faz aqui?"
"Cala a boca, a MeiMei tá falando."
Frases típicas de um dia como hoje.
Voltei para casa no mesmo estado de sempre, com hematomas em meu rosto, no mínimo um corte na perna, cabelo desarrumado...

"Mãe, cheguei." Disse, entrando dentro da casa. "Mãe?" Olhei os arredores, mas nenhum sinal da minha mãe.

Procurei ela pela casa toda, mas ainda assim não a achei.
Fui em sua cama, lá vi algumas coisas desarrumadas e um recado colado na cabeceira.

'Se cuida'

Como assim?
Eu não conseguia compreender, como assim 'se cuida'? Ela me abandonou?
Peguei o papel, e no verso estava escrito 'Olhe o documento em cima da mesa'.

Olhei para a pequena mesa e vi uma pasta vermelha, logo, a abri.
Peguei um papel que estava lá dentro.

'Satoru Gojo - Dívida; $860.000,00'

860 mil dólares?
Dívida?
O que está acontecendo?! Não devo nada!

~~~~~~~~~*

Que delícia!
Dei mais uma garfada no macarrão, sorrindo com o sabor do alimento.

Para falar a verdade, eu nunca comi macarrão sem ser dos instantâneos.
O sabor do macarrão caseiro é tão incrível!

Dei mais algumas bocadas e olhei para a porta, vendo Suguru apoiado de braços cruzados na parede ao lado da entrada.
Sem hesitar, fiz uma cara enojada para ele.

- Acabou com o meu apetite. - Digo olhando para ele, engolindo o resto do macarrão e colocando o prato em cima da mesa.

- Continue comendo. - Suguru diz, ainda me olhando com aquela cara de filho da puta.

Ele sorri maliciosamente, o que fez eu rapidamente desviar o olhar.
Dei mais uma garfada no macarrão,o mastigando completamente sem vontade.

- Como foi no trabalho? - Ele diz, e pela a sua voz, claramente está sorrindo.

- Uma merda. - Digo, olhando para o prato em minha frente.

Sinto que ele vai me torturar para pagar a dívida.

- Imaginei. - Olho para ele, vendo que saiu de sua atual posição e seguiu até onde eu estava, se apoiando na braçadeira do sofá. - Aquele restaurante é um ótimo local de encontro para gangsters, vai se envolver em muitas brigas lá. - Ele solta uma risada baixa.

- Cala a boca.

Esse filho da puta tá tentando me fazer desistir da porra do meu emprego para eu me vender pra ele? Pfft..! Que arrombado!

- O que foi? É verdade. - Ele ri. - Não teve nenhuma briga lá hoje? Que sorte.

Ignorei-o, levando o prato até a pia da cozinha, já lavando.
Desviei a atenção por alguns minutos, o que me fez tomar um susto com o sussurro em meu ouvido

"Não me ignore, seu merda."

Ah, vai tomar no cu!

Senti a mão de Suguru em meu ombro, toque esse que me fez estremecer.
Não me entenda errado, é que esse toque foi muito delicado... Mas rude ao mesmo tempo.
É impossível descrever esse tipo de toque.

- Pare de me perturbar. - Digo, virando minimamente a cabeça.

Suguru pôs os dedos em minha nuca, e novamente, me arrepiei.

Porra, porque ele está fazendo isso?!

- Você tem uma cicatriz bem aqui. - Ele diz, passando levemente o dedo indicador sobre a cicatriz na nuca. - Ela é bem longa. - Se referia a isso pois essa cicatriz vai da nuca até o fim do pescoço. - Posso saber o que causou isso?

- Não. - Pego seu braço na tentativa de o afastar de mim, o que é interrompido pelo próprio. Ele não tem corpo para alguém com toda essa força. - Vai se fuder.

- Pare de ser esquentadinho, Satoru. - Ele diz em um tom choroso e risonho ao mesmo tempo... Quase que um gemido.

Ele ri e se afasta, pondo a mão nos bolsos de sua calça social.

- Vejo que gosta de regatas. - Continua olhando para mim, antes de sair. - Vou comprar umas para você, preciso que fique confortável.

O que esse arrombado quer de mim me dando todo esse conforto?
Parece que a qualquer momento ele vai usar tudo isso contra mim!

Suspirei e continuei lavando o prato, o secando e guardando.

- Por quê está fazendo isso por mim? - Digo sem olhar para ele, secando as mãos.

- O quê?

- Por quê está fazendo isso por mim?

- Não é por você. - Ele sorri e revira os olhos. - É pela sua dívida.

O olhei com uma expressão confusa, logo ele entendeu.

- De qualquer forma, sua casa seria arrancada de você. - Ele dá de ombros, sorrindo e continuando. - Você precisa de um sustento básico para viver. Sem sustento, sem trabalho, e sem trabalho, sem dinheiro. - Ele sorri novamente. - E adivinha? Sem dinheiro, sem condições de pagar a dívida.

Me segurei para não voar em cima do pescoço desse desgraçado.

- Não sei o que esperei de você. - Dei de ombros e escutei risadinhas baixas de Suguru.

- Não tenho mais nada para falar, vou embora. - Diz Suguru.

- Já vai tarde. - Digo, me dirigindo ao cômodo que devo chamar de "meu quarto".

Sorri ao por um pé lá, dando umas risadas de nervoso.
Porra, se contar, esse cômodo é maior do que minha casa!

A cama parecia confortável, o quarto é gigante, o guarda roupa continha algumas mudas de roupa...
Isso que eu chamo de sequestro com benefícios, caralho!

- Mas que porra... - Corri em direção a cama, me jogando lá. - Ah porra! Que delícia!

Fiquei um tempo rolando na cama, sentindo o conforto que o colchão proporcionava.

Logo me levantei e segui até o guarda-roupa, pegando uma muda de roupas qualquer.
Tirei minha blusa e a pus em meu ombro, pegando uma toalha limpa e seguindo até o banheiro do quarto - Que, pelo incrível que pareça, era uma suíte.

Suspirei e abri a porta, sorrindo com o tamanho do banheiro e o da banheira.
Não hesitei, fechei a porta e me despi completamente, pondo os pés dentro da banheira e a colocando para encher.

Neste momento, ouvi a campainha tocar.
Porra, numa hora dessas?

Saí do banho usando apenas uma toalha na parte inferior do corpo, seguindo até a porta de entrada.
Ah, era só o que me faltava.

- Tinha esquecido de falar uma coisa pra você. - Diz o de cabelos medianos e pretos. Maldito seja esse filho da puta. - Saiu do banho agora? - Ele faz sinal para os guardas irem embora, e logo entra na casa sem nenhum tipo de respeito.

Fechei a porta, e olhei para Getou que se acomodava no sofá.

- Eu tava no meio do banho, mas aí você chegou. - Ajeito novamente a toalha. Parece que vai cair a qualquer momento. - Deixa eu ir me vestir primeiro, depois a gente conversa.

- Não, senta aqui. - Ele dá uns tapinhas no lugar do sofá ao seu lado. - Segura um pouco mais aí.

Suspirei, olhando para o sorriso de Getou que claramente estava dizendo "Se você não vier, vou implantar uma bomba na sua garganta."

Ajeitei a toalha mais uma vez e me sentei, passando a mão no cabelo.

- Sobre o que quer falar?

- Sua dívida.

- O quê?

- Aumentou.

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Whisper - SatoSuguOnde histórias criam vida. Descubra agora