4- Afinal...

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Suguru Getou

Com as mãos trêmulas, passei levemente a ponta dos dedos sobre os meus lábios inchados, que pulsavam de dor após o "ataque" de Satoru.
Fechando os olhos, suspirei e virei-me de costas, abrindo a porta do banheiro e seguindo até a sala de estar, onde se encontrava mais três mulheres dispostas a qualquer coisa, a qualquer momento.
Apertei os olhos e me sentei no sofá com conforto e revestimento nobre, coberto por tecido de algodão marrom claro, com pequenos detalhes dourados.

- Como o senhor está? - Pergunta Shoko, uma empregada pessoal.

Com as bochechas rosadas, a de cabelos castanhos e curtos aperta sua justa saia azul escuro, ressaltando as dobras feitas pelo próprio aperto.
Pus as mãos em meu rosto, sentindo a área do hematoma sensível até ao toque. Minha bochecha interna também estava pulsando, o soco fez os dentes rasgarem a pele do local.
Que problema...

- Bem, no geral. - Digo, ainda passando a ponta dos dedos no hematoma. - Como está Satoru?

Shoko se aparentava com receio, hesitando em falar. Passou os dedos em seus cabelos, tirando pequenas mechas do meio de seus olhos, pondo-as atrás da orelha.

- Hum... - Murmurou antes de continuar. - Ontem, antes de ir para a cama, Gojou agrediu alguns dos guardas. - Ela diz, ainda com receio. - O estranho era que, enquanto batia nos outros, chorava. Como se estivesse libertando sua raiva com seus punhos. - Shoko diz, apertando o tecido de sua justa saia.

Descontando a própria raiva nos outros, hein..? Nada mau...

Um relatório de um ex-amigo do ensino médio de Satoru diz que:

"Satoru, desde mais novo, tinha um temperamento frágil. Algumas vezes, ele até batia em alguns garotos da sala simplesmente por nada."

Suspirei e soltei as minhas mãos, deixando elas livres no sofá.

- Senhor! - Diz Lohha, outra empregada. - Enquanto estávamos cuidando de Gojou, vimos hematomas por todo o seu corpo!

- Hematomas? - Digo surpreso, mas ainda na posição de origem.

- Sim, principalmente no pé, pescoço e abdômen. - A empregada fala, com o suor escorrendo sobre seu rosto de bochechas gordas. - Estamos tomando as medidas nescessárias, porém Gojou ainda continua com o estresse elevado.

Me levantei do sofá e pus as mãos no bolso, caminhando em direção à empregada.

- Me leve até ele. - Disse, pondo as mãos no bolso, aguardando a de cabelos loiros liderar o caminho.

A mais baixa começa a seguir o caminho para o kitnet de Satoru, de vez em quando olhava para trás, com o suor escorrendo em seu rosto.
Ha... Satoru Gojou, teimoso e um puta agressor.
Fechei os olhos e pus a mão esquerda em minha testa, dando um sorrisinho pequeno.
Porra, aquele idiota mora na casa que eu paguei e ainda faz isso? Maldito arrogante...

Ao subir as escadas e abrir a porta do kitnet, não foi possível ver ninguém além dos sapatos de Satoru jogados no chão.
Fui até os sapatos e os peguei, eram de marca pirata. Sorri e joguei o sapato no chão, fazendo um gesto silencioso para Lohha ir embora.

Esperei a empregada sumir de minha visão, logo segui até o quarto de Satoru.
...
Que tipo de idiota deixa a porta do quarto aberta logo após agredir alguém?

- Tô entrando. - Digo, enquanto puxo a maçaneta da porta.

Quando eu abri a porta do quarto, me deparei com Satoru sentado na cama de costas para mim, sem blusa e com a cabeça esticada para cima.

- Me deixa em paz. - Diz o albino ainda com a cabeça esticada para o teto, em um tom que aparenta estar frustado com si.

Dei uma risada baixa, me apoiando na porta e cruzando os braços.
Apesar de eu não ver seu rosto, sabia que estava bem suado, o suficiente para que os cabelos da sua nuca grudassem no pescoço.

- Eu deveria ser recebido por um "bem-vindo". - Sorri, esperando alguma reação do mais alto.

Eu odeio admitir isso, mas Satoru é melhor do que eu em alguns aspectos, a altura é um exemplo disso.

- Você não passa de um sequestrador que me sustenta. - Ele se vira para mim, mas sem mudar a direção das pernas. - Vai embora.

- Não posso. - Dei uma risada, pondo a mão na testa, alisando lentamente. - Preciso verificar se minha vítima está bem e não quer fugir.

Sorri, enquanto vi Satoru se levantar com sua blusa preta sem estampa na mão, seguindo até mim.
Se dirigiu até minha frente, ficando perto o suficiente para que eu conseguisse sentir o seu hálito fresco, com cheiro de limão. Ele pôs a mão direita na parede com força, como se tivesse o objetivo de me comprimir - coisa que era impossível, já que estou apoiado na parede da porta.
O garoto aproximou a sua boca ao meu ouvido, deu algumas respiradas fundas e logo começa a rosnar a seguinte frase:

"Se você não for embora agora, vou ter que fazer você implorar, e não é por perdão."

E assim, saiu do quarto sem esperar por uma resposta.

Porra, eu deveria entender isso em qual sentido?
Sorri nervoso, sentindo as gotas de suor frio escorrerem sobre a superfície da minha pele.
Pode não parecer uma ameaça, mas o tom de sua voz...

- Você é esquentadinho, né? - Sorri, ainda apoiando na porta do quarto, olhando para o chão enquanto soltava risadas baixas. - Nossa, eu odeio isso.

Os passos de Satoru ecoavam pelo ambiente, era o único barulho produzido por nós para quebrar o silêncio.
Passei a mão direita pelo meu cabelo preto e mediano, dando uma arrumada no local. No momento em que ouvi o barulho da maçaneta abrindo, inclinei levemente meu corpo para trás, vendo Satoru parado na frente da porta do banheiro, sem entrar.

- O que você quer aqui? - Diz, ainda sem olhar pra mim, segurando a camisa enquanto ainda segurava a maçaneta com a mão livre (direita). - O que caralhos você quer, roubando minha paciência?

Sorri mais uma vez. Não sei, mas me parece hilário.

- Tenho vários motivos. - Pus a mão em meu bolso, indo em direção a Satoru, mas ainda sem ficar perto dele. - Motivo 1: Por quê bateu em um dos guardas?

Ele se virou para mim. Caralho, que inveja. Ele provavelmente foi abençoado por alguma entidade pra ter esse corpo perfeito, não é possível.

- E eu vou saber? Eu estava bêbado. - O garoto pôs o dedo indicador em sua têmpora direita, batucando o membro lá.

- Você é tão idiota. - Afirmei, vendo o albino entrar no banheiro e fechar a porta.

Puxei meu celular do bolso, vendo se havia chegado alguma notificação, coisa que aconteceu. Nada demais, apenas a gangue rival me enfrentando.

Fui até o sofá e lá me deitei, esperando sair do banho.

Será que teve uma briga que envolveu Satoru? É meio possível.
Não só meio, mas é muito possível.

Apenas continuei navegando nas redes sociais enquanto esperava o albino sair do banho.
Logo, chega uma notificação.

"Satoru Gojou está com você?"

Whisper - SatoSuguOnde histórias criam vida. Descubra agora