0- Prólogo

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Acordei com um sussurro em meu ouvido, uma voz... Cansada.
Uma voz... inexplicável.

"Bom dia."

Minha cabeça dói e eu não reconheço o lugar onde estou, só sei que é quente e desagradável. É possível sentir as gotas de suor na minha testa, algumas mechas de cabelo grudadas em minha pele por estarem molhadas... É horrível.
Abrindo vagarosamente os meus olhos e piscando algumas vezes, era possível ver uma cabeleira preta e média, mas não conseguia ver seu rosto, estava realmente embaçado.

- Você realmente está zonzo. - A voz ecoa em meus ouvidos, e sinto dois petelecos em minha testa. - Você dormiu demais.

Minha cabeça dói...

- Onde eu estou..? - Pergunto, usando todas as minhas forças para falar.

Pisco mais algumas vezes, mas ainda estava um pouco embaçado.
Um homem estava à minha frente, sentado em uma poltrona vermelha.

- Onde? - Ele faz uma pergunta retórica. - Você não deveria perguntar quem eu sou?

- Tanto faz, só quero sair daqui. - Sinto meus pulsos amarrados à cadeira, amarrados com uma corda, para ser mais exato.

- Me chamo Suguru Getou. - Ele diz em um tom de naturalidade. - Não vejo problemas em saber meu nome.

- Me tira daqui. - Retruco, ouvindo Getou resmungar um "nananinanão".

- Você está em dívida com a gente, garoto. - Ele diz, batucando o dedo em minha testa.

Para falar a verdade, aquela dívida não é minha, é da minha maldita mãe que resolveu me abandonar.

- A dívida não é minha. - Digo tentando me soltar, mas falhando miseravelmente. - Me solta.

- Bem... - Ele murmura, se levantando. - Se está registrada em seu nome, tecnicamente e hipoteticamente falando é sua. - Ele segue caminho para um pequeno armário, lá, colocando algo que parecia café em uma caneca.

- Mas eu não estou devendo nada! - Vejo Getou voltando, escorando-se na poltrona ainda em pé.

- Não é por isso que o documento da dívida vai sumir. - Ele dá um gole na bebida. Maldito Gangster! - Para evitar sequestro de outras gangues, te "sequestrei" primeiro. - Diz, dando outro gole, fazendo o gesto de aspas. - Me agradeça, vou te dar um emprego decente e uma casa.

- Não vou te agradecer, filho da puta! - Grito, logo, sinto um líquido quente derramar sobre minha cabeça.

Era o café da caneca de Getou.

Rindo, o bastardo continua:

- Ai ai, e esse temperamento? - Ele ri, vendo as gotas de café quente em meu rosto. - Tá muito quente? Quis testar a temperatura em você. - Ele põe a mão meu queixo, se aproximando e ainda rindo.

Mas, rapidamente se afastando, seguindo rumo a uma porta.
Ah claro, tava quente pra caralho!
Merda! Minha cabeça...

- Ei Getou! - Digo, desviando o olhar por conta da dor de cabeça. Suguru para e vira um pouco a cabeça, indicando que estava escutando. - Minha cabeça tá doendo, pode buscar alguma coisa..?

Ele ri e retruca:

- Não. - Ele dá um sorriso, saindo da sala.

Claro... O que eu esperava de um gangster?

~~~~~~~~~~~~~~~~~~*

- Boa tarde. - Diz Suguru, entrando na sala com uma tesoura na mão. - Sabe o que é isso?

- Uma tesoura, talvez?

- Minha prova de confiança. - Ele diz, indo atrás de mim e cortando as cordas que amarravam meus pulsos.

Levei os pulsos à frente, abrindo e fechando as mãos.
Ahh!! Que sensação boa!
O mais baixo corta as cordas que prendiam meus tornozelos, jogando a tesoura em cima do sofá ao lado da cadeira onde eu estava.

- Finalmente! - Digo, mexendo todas as partes que anteriormente estavam presas por cordas.

- Não vai agradecer? - O de cabelos pretos diz, sentando na poltrona e tirando um papel da pasta que estava em cima da escrivaninha ao lado da porta da sala. - Hum, não importa. - Resmunga. - Seu café da tarde chega daqui a pouco, se alimente bem, Satoru Gojo.

Santa misericórdia, esse maldito pronunciando meu nome me dá arrepios!

- E meus empregos? Tenho opções? - Pergunto, olhando para a mão de Suguru, que mostrava 4 dedos levantados.

- Quatro opções. - Ele diz, sorrindo. - Hm... Garçom, atendente de loja de roupas... - Ele olha o papel. - Atendente de hotel e... - Ele ri ainda mais, olhando para o papel e confirmando algo. - Trabalhar no clube. - Ele ri.

Não vi graça nisso.
Geralmente, garçom daria mais dinheiro por ter mais clientes ao dia...

Sem deixar eu falar, o arrombado continua:

- No clube você ganharia o triplo do que como Garçom. - Ele solta uma risada baixa.

- Não vou trabalhar nesse tal clube. - Digo, dando um olhar enojado para o rosto do garoto que me olhava com uma face risonha.

Ele apoia o cotovelo direito na braçadeira da poltrona, ainda se recuperando do riso.

- Deixa eu pensar. - Ele me analisa dos pés a cabeça com os olhos. - Você pode trabalhar para mim, assim você ganharia uns 2 mil a mais talvez. - Ele fala, dando algumas olhadas no papel. - Porém, teria que fazer o que eu quisesse.

Ele dá um sorriso maligno, e obviamente neguei.

- Prefiro morrer. - Cruzo os braços, vendo Getou balançar a cabeça negativamente enquanto sorria.

- Eu sabia que você ia dizer isso. - Ele sorri, ficando em postura na poltrona. - Ninguém aceita isso de primeira. - Como assim de primeira? Uma mulher chega com uma bandeja de comidas, pondo o objeto na mesinha de centro e se curvando levemente diante a Suguru. - Enfim, vou embora, coma em paz.

Tava demorando hein, já vai tarde.

Olhando a bandeja, era um sanduíche acompanhado de uma salada de frutas.
Olhei para a mulher que desviava o olhar sempre que eu fazia isso, estranho. Peguei o sanduíche e o mordi, apreciando o sabor.

Porra, isso é muito bom!

Dei mais umas mordidas, estava parecendo que eu era um mendingo que havia acabado de conseguir uma comida sem ser daquelas plastificadas... Mentira não é.

- O sabor... Hm... Está agradável..? - Pergunta a mulher de cabelos castanhos e curtos, ainda sem olhar para mim.

- Sim! - Dou mais uma mordida. - Me diz uma coisa... Sabe porque ele mandou me sequestrar? - Digo, ainda com os pedaços de pão e queijo na boca.

Ela engole seco e fica inquieta, olhando para os lados.

- Por conta de suas dívidas, senhor... - Ela aperta o tecido de sua saia. - E também para evitar o sequestro de outras gangues... - A garota passa o dedo no cabelo.

- Ah... Compreensível. - Digo, dando uma última mordida. - Não quero voltar pra casa, aqui tá melhor. - Dou um sorriso para a garota, que sorri amarelo de volta. - Qual é seu nome? Parece ser algum tipo de assistente do Getou.

Ela continua inquieta.
Tranquilamente, pego a pequena colher de plástico e a tigela de salada de frutas, pegando uma grande porção com o item.

- Shoko Ieiri. - A garota passa o dedo no cabelo, ajeitando a sua humilde saia azul escuro. - Sou assistente do Getou.

- Me chamo Satoru Gojo. - Digo sorrindo, logo colocando a colher cheia na boca novamente.

- É... Todos nós já sabemos. - Ela sorri nervoso.

É, virei famoso por ser um pobre fudido.

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Whisper - SatoSuguOnde histórias criam vida. Descubra agora