6- Dama de Companhia (2)

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Ainda de braços cruzados, virei a cabeça para ele.

- Você não tem opção. - Virei a cabeça para frente novamente.

O silêncio se fez presente novamente no carro, apenas os barulhos secos do volante ou do pedal quebravam isso, mas nenhuma palavra se quer surgia.
Eu até dava umas olhadas para Satoru, a clássica blusa preta de compressão era seu charme, marcava bem seu peitoral definido e...
Porra, para de olhar para ele!

Pus as mãos em meus olhos, como uma forma de me impedir de olhar para ele. Escutei uma risada baixa e manhosa ecoar pelo carro, o que me fez imediatamente presumir que Satoru havia olhado para mim.

Merda, merda, merda! O álcool tá fazendo efeito!

Todos os sons do carro se tornaram abafados, meu estômago parecia estar embrulhado e quente, e minha respiração desregulada e angustiada apenas piorava.

O carro parou de andar e foi desligado, logo senti um toque no meu ombro, que me fez estremecer.
Porra, não só estremecer, foi algo... Maior.

- Getou. - Ele dá mais uns toques, o que me instigou a olhar para ele. - Tá bem? Vai vomitar?

É o álcool ou ele realmente está me perguntando isso?
Merda, minha visão tá embaçada.

- Não sei. - Meu estômago realmente parecia embrulhado, mas eu não estava com enjôo. - Ah merda, eu não consigo ver porra nenhuma. - Complementei, virando a cabeça para frente, ainda meio inclinada.

Pelas luzes, presumo que estamos em um posto de gasolina.

- Você tá passando mal, com certeza. - Ele suspirou, com um provável sorrisinho rosto e olhando para os lados. - Me espera aqui. - Ele desce do carro.

Merda.
A minha testa e minhas bochechas pareciam estar queimando, meu estômago formigando e a visão embaçada só pioravam a situação.
Como eu disse para Satoru, eu até tinha minha consciência, mas agora, eu tenho certeza que perdi ela.
Merda, o álcool daquele whisky era realmente tão forte assim?

Pus uma mão na minha barriga, cobrindo a boca com a outra. Ouvi o barulho da porta do carro abrindo e de Satoru sentando no banco.

- Parece que não é só eu que bebo antes de dias de trabalho. - Ele fala, enquanto olho ele abrir algo que parecia ser uma caixinha pequena, com pequenos destaques de azul, branco e vermelho. Pegou algo metálico de dentro, o que me deu a certeza que era uma cartela de comprimidos. Ele tirou um, logo, abrindo uma garrafinha pequena de água. - Toma.

Ele entrega o comprimido e a garrafa, nem perguntei a finalidade do comprimido e nem nada, apenas tomei.
Mesmo depois de ter tomado, Satoru ainda ficava parado, olhando para mim. Os olhos azuis refletindo as fortes luzes do posto de gasolina, a luz neutra do carro iluminando o seu cabelo branco com fios ondulados, as bochechas naturalmente meio rosadas, sua pele fina e macia, seus lábios e e brilhantes...
Já falei que tenho inveja desse garoto?

Nos encaramos por um tempo, ninguém falando nada, sem quebrar o silêncio prazeroso entre nós.
De repente, Satoru dá um sorrisinho idiota e volta sua cabeça à frente, ligando o carro e acelerando.

Fiz o mesmo, apoiei minha cabeça na porta e os meus olhos se forçavam a se fechar, mesmo eu tentando de tudo pra mantê-los abertos.

Maldito sorriso.
Involuntariamente cerrei os dentes, tentando me manter acordado. Satoru calado e a vibração do carro não ajudavam em nada.

– Quantos anos você tem? – Perguntei, quebrando o maldito silêncio.

– 24. Você provavelmente já sabe. – Ele fala, dando uma risadinha e olhando para mim.

Whisper - SatoSuguOnde histórias criam vida. Descubra agora