Capitulo 2

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Hivenpoll École Stagiaire, um internato renomado localizado em área nobre de Montreal, e nobre se refere a parte tão particular da cidade, que nem parece fazer parte dela.

A fachada da grande instituição era impecável. O lindo jardim logo após a portaria altamente vigiada, a longa escadaria, as colunas em estilo grego, os tons de azul e branco. Tudo em perfeito ornamento.

Celine se perguntava como seria sua vida dali pra frente. Sem dúvidas, seria absurdamente diferente do que ela estava acostumada. Poderia agir como uma pessoa normal, sem ter que manter aparências reais.

Foi conduzida até a diretoria, onde uma mulher de meia idade já a esperava.

— Bom dia. Seja bem-vinda a Hivenpoll. – A senhora disse se aproximando com um largo sorriso. Ela era mais alta que Celine, tinha cabelos escuros encaracolados, pele negra bem conservada apesar da idade. Vestia uma camisa social branca um tanto quanto "despojada", um blazer azul marinho com a logo do colégio no peito esquerdo, uma saia cáqui até os joelhos, e nos pés, saltos cubano pretos.

— Bom dia. É um prazer conhecê-la, senhora Risden. Estende a mão para a mais velha, que a aperta com firmeza.

— O prazer é todo meu. E sem tanta formalidade, sei que é acostumada com a etiqueta da monarquia, mas aqui, pode se dirigir a mim apenas como Josephine ou Jose. – É, sem dúvida Celine teria dificuldade em se acostumar com tudo isso.

Tratar pessoas mais velhas que não são de sua família apenas pelo nome? Não parecia certo, era como se estivesse cuspindo na cara do indivíduo.

— Certo, vou tentar. — Soltou um pequeno riso anasalado, por pura estranheza.

— Bom, sente-se. Vamos conversar sobre a instituição, enquanto sua companheira não chega. – Josephine se sentou na cadeira extravagante atrás de sua mesa, enquanto Celine se sentou em uma das poltronas azuis do outro lado.

— Então, Norah. A pedido dos seus tutores, suas aulas já foram escaladas de acordo com o que estava estudando em seu antigo colégio, então quanto a isso, não tem com o que se preocupar. Mas, como já deve ter sido informada, nosso colégio presa muito por desenvolver habilidades exteriores as curriculares, como artes ou esportes. Você pratica algo ou tem interesse em começar? – A menina se animou brevemente. Sempre se identificou mais com matérias extracurriculares, mas tinha suas limitações por causa dos compromissos reais.

— Sim, sim. Em esportes eu faço tênis e costumava praticar arco e flecha com meu irmão. E quanto às artes, eu canto, toco alguns instrumentos e estou aprendendo a pintar.

Também achava que podia se considerar uma mentirosa exímia, poderia estudar teatro, mas preferiu guardar a informação para si.

Apesar de tudo, se empolgou falando de seus hobbies. Era aquilo que ela amava, seu maior refúgio. Outra grande perda do último ano, seu eu artístico.

— Olha só, você tem muitas boas opções para seguir. Temos todas essas opções e muito mais, caso queira experimentar coisas novas.  Norah tremia a perna direita abaixo da mesa, inquieta. — Temos que falar sobre sua "situação especial".  Fez o gesto de aspas com os dedos, deixando a garota ainda mais ansiosa, sabia do que tinham que falar e sabia o quanto isso a incomodava.

 Não gostava de falar sobre aquilo com ninguém, era como reviver toda a história, para no final ouvir um "Sinto muito" genérico, toda vez.

— A princípio, você tem sessões de terapia obrigatórias semanalmente. Conforme a terapeuta achar necessário, essas sessões podem aumentar ou diminuir. E seus pais já me informaram que já se encerrou seu uso de remédios controlados. Eles falaram também que achavam que talvez você precisasse voltar com o uso. Assim que a psicóloga achar conveniente, você será encaminhada para o psiquiatra do colégio. — Ela ouvia tudo com atenção, sabendo que não tinha escapatória.

Todas as vezes que o mundo ficou em silêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora