☆Obcessão》 G!P

1-Foda-se.

Pra começar, eu realmente queria que essa fosse uma história normal, onde eu simplesmente contasse sobre a minha vida que provavelmente seria normal, sem tragédias e com um amor inigualável cliché, sem abusos e polícia.
Mas não teria graça, não me vejo numa história assim e não gostaria que você imaginasse.
Começou em um ano frio, em um mês frio, eu andava por Paris naquele vento de inverno onde meu cabelo voava e bagunçava todo, não fazia mal comparado ao meu dia.
Eu estava atrasada, muito atrasada, aquele frio me inspirava e não me dava brecha pra prestar atenção no relógio, meu caderno estava quase enchendo, repleto de metáforas, de palavras bonitas que enchiam o meu coração de desespero por mais.
A escola estava longe, mais 4 quadras, tão atrasada que perdi o ônibus. Mais uma hora ou duas não faria falta, eu não faria falta.
Tão ocupada que perdi oito ligações do menino chato da escola, ele é o representante de classe, me odeia, claro, quem não. É o trabalho dele, queriam saber se estava bem. Bem, antes de vocês perceberem.
Finalmente cheguei a entrada do parque, garoava fraco e meu cabelo já estava úmido. A escola já não importava...
Vi um cachorro grande, cinza fosco, lindo. Logo atrás uma mulher, de cabelo preto, olhos relusentes que me arrepiaram, ela foi um pouco grossa... Dizendo pra não tocá-lo. Dois homens atrás dela tomaram frente, eu percebi que não era bem-vinda e continuei andando.
O parque estava praticamente vazio, só ouvia as gotas de chuva que ficavam fortes.
Percebi uma nova construção no canto esquerdo do parque. Uma casa na árvore, com uma grande placa avisando que todos eram bem-vindos.
Eu subi as escadas, a arvore era rosa bebê, todas as flores vibrantes chamando toda a atenção diretamente a ela. Me passava uma vibe primavera, ao mesmo tempo me deixando triste, eu odeio chamar atenção, não gostaria de ser uma árvore igual a Ela, talvez seja inveja ou vergonha, os dois.
Uma porta de vidro branca era a primeira entrada, dentro da casa de madeira havia grandes prateleiras de livros com diversos tamanhos e gêneros. Velas brilhantes esclarecem o ambiente dando espaço a imaginação. Decidi ficar, não havi mais ninguém, a chuva era mais forte e eu não queria aparecer em casa antes do período de aula acabar.
Mesmo que pudesse escolher qualquer livro novo, preferi continuar lendo o meu. Aquele lugar me inspirava.

Escolhi um dos pufs, lá me joguei e peguei um dos biscoitos que haviam na minha marmita. Continuei lá por um bom tempo até meus óculos embaçarem e eu perceber que estava escurecendo.
Guardei minhas coisas e deixei uma rosa dentro de um dos livros. Talvez ela faça alguém feliz como eu preciso.