9-Trabalho.

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No dia seguinte eu estava mais tranquila. Caminhava calmamente até a sala. Brondy está no 1⁰ ano. Aparentemente não estudaria comigo.

-Formem duplas. Quero que leiam as páginas 42-64 e façam um teatro sobre isso.
Ninguém me escolheu. Deitei a cabeça no meio dos braços.
-Parece que sobrou apenas eu e você lindinha.-uma mão no meu ombo com anéis grandes e gelados arrepiam a minha pele. -tudo bem. Não precisa fazer se não quiser. Precisa sim. Óbvio. -ri alto.-Eu que mando aqui, ok?

-Apenas faça o texto e me deixe em paz.

-Calma ae garota, eu não fiz nada! Bora fazer essa porra logo.
- tá bom inferno. Trouxe a porcaria do livro?
-Nem mochila.-ri pelo nariz.
-Entendi, você tá aqui por obrigação. Eu também. Nenhuma de nós quer fazer essa bosta. Faço as primeiras 22 linhas e você o resto.
Fizemos o trabalho, como pessoas normais. Confesso que foi difícil me concentrar com aqueles olhos cansados, azuis como o oceano, que brilham como as estrelas. Aquela menina é estranha, ela me olha com sede, me comendo com os olhos. Ela tem muito estilo, certamente já cansaram de tentar fazê-la vestir o uniforme, gostaria de ser assim também, não gosto de usar sainhas coloridas. Não quero que ela seja o foco disso, não vou me render a gostar de ninguém e de nada aqui. Minha casa é em Paris e lá é o meu lugar.

Hoje faltam um mês para o segundo ano acabar. Cheguei tarde nessa escola, não gostaria nem de ter chegado.
Eu não durmo a semanas pensando no que aquele filha da puta fez comigo na viagem. Essa lembrança doi mais que bala, arde dentro de mim e permanece na memória.
Eu não sei oque fazer realmente, gostaria de chamar a polícia, fazer um escândalo e mostrar a todos como suas crianças correm perigo nas mãos daqueles imbecíl. Não tenho coragem, não consigo fazer isso... Não posso espor isso pra todos, não poderia contar pra ninguém, esse homem pode fazer algo pior.

Trabalho de história
Odeio história, odeio o professor de história. Porque eu nessecito saber sobre o tratado de Tordesilhas? Porque, se eu sou de Paris?
Não faz nenhum sentido. Hoje decidi escolher alguém aleatório da sala pra não precisar fazer com aquela menina denovo.
-Você ai. Quer fazer dupla?
-Demoro!
Mesmo que não tenha feito dupla com a O'Connell ela sentou ao nosso lado. Ela é bem curiosa, ou obsecada.
Aquele menino era simpático mas tinha algo de errado, ele era quieto mas me olhava demais.
Eu estive lendo o capítulo mandado e procurando as questões no ipad da escola. Ele não dizia nada, mas depois de um tempo me entregou um bilhete:

Vicky né?Você não é a putinha que fica andando pelada a noite no orfanato?
Gostaria de fazer um novo show? Particular.. as fotos não são o suficiente.. ass:dan

Ele me olhava com um sorriso de canto, tarado fdp. Eu tentei levantar, ele colocou a mão na minha coxa e me puxou de volta pra cadeira.
-Me solta, tarado desgraçado, me solta!-murmurei, tentando conter as lágrimas que já cismavam em cair
-VOCÊ NÃO OUVIU OQUE ELA DISSE? CARALHO. ELA MANDOU SOLTAR, POR TANTO NÃO ENCOSTE MAIS NELA!- gritou a menina dos olhos azuis mais lindos que já vi. Estrangulando o garoto pela gola da camisa.
Deixei tudo lá. Corri o mais rápido que pude, só achei a sala de teatro, escura. Iluminada pela luz que passava na fresta da pequena janela, passei no meio das cortinas no palco e sentei atrás dos cabides cheios de fantasia.
Impusível alguém me achar ali... Passei horas lá, até ouvir o sinal do último período tocar. Caminhei calmamente para a praça em frente ao orfanato, fiquei sentada lá olhando os casais de velhinhos fazendo ioga, as crianças jogando discos para os seus cachorros. Me ajudou um pouco...
Descobri que Los Angeles é um lugar com muito homem tarado... talvez eu esteja generalizando?! Estou acabada, não aguento mais esse lugar, minha amiga brondy surge na minha cabeça.
É melhor eu voltar para o orfanato.

☆Obcessão》 G!POnde histórias criam vida. Descubra agora