Dias? Conturbados. Noites? Solitárias!

Flores e pingos de chuva.

Ainda no campo, Changbin e Seungmin estavam colhendo algumas flores, eram tantas, nem sabiam por onde começar. Decidiram fazer um bouquet para os pais, o moreno tentava lembrar a flor favorita da mãe, enquanto o azulado pegava as que eram da cor preferida de Minho e Chan, era uma paleta bonita.

Seungmin tinha praticamente um arco-íris em mãos, enquanto Changbin tinha flores roxas e amarelas. Seus pais gostavam de plantas, já até pesaram em comprar algumas para o apartamento, mas ela provavelmente iriam morrer cedo demais, já que os três mal paravam em casa.

Changbin ocupado estudando para o vestibular, Chan trabalhava e concluía o último projeto da faculdade, Minho havia sido indicado pelo lugar onde estagiava e agora estava encaminhado para trabalhar em um escritório de advocacia assim que concluísse os dois semestres finais da faculdade. Eles decidiram que após finalizarem, teriam várias plantinhas no apartamento. 

– O que você acha, Bin? – mostrou o bouquet para o menor, que olhou encantado.

– Uau! Você não lembrou a flor, não é? – riu admirando a mistura de flores e cores, estava lindo, Yongsun iria adorar.

– Na verdade não. – riu junto do outro. – Mas gosto assim.

– Ficaram lindas, ela vai gostar. – juntou as mãos com as do maior. – Sabe, eu tava pensando, e se eu visitar a Miyeon.

Aproveitou o intervalo que criou, falando
apreensivo, recebendo um olhar surpreso de Seungmin.

– Eu sei, ela me fez muito mal e tudo mais, é só que, eu queria ter um desfecho, queria dizer tudo de ruim que ela causou e soltar os sentimentos relacionados a ela, acho que isso iria me cortar dela definitivamente.

Seungmin apertou as mãos do azulado, não sabia se era ou não uma boa ideia, ele não iria impedir Changbin de fazer aquilo, estava apenas analisando. Era importante fechar um ciclo, um peso enorme era solto e a alma começava a aceitar que acabou, não iria voltar, um fim definitivo.

Às vezes é difícil de aceitar, afinal, muitos desses relacionamentos são essenciais, não no sentido literal, mas algo que você já está tão acostumado, que acredita ser necessário para continuar vivendo, era o caso de Changbin com Miyeon. Por mais tóxico que fosse, ele acreditava que precisava dela para algo.

De qualquer forma, era a vida que ele estava vivendo, já fazia parte da rotina, estava acostumado, "acomodado", não lhe fazia bem, ele sabia, mesmo assim seguia calado, aguentando tudo, se culpando por não conseguir melhorar ou ter uma relação saudável. O problema não era Changbin, ele era a única parte tentando salvar aquele relacionamento, de nada adiantava, tudo que tentava, fazia, experimentava, era destruído, assim como seus sentimentos e esperança de um dia ter sua mãe lhe amando como deveria.

– Eu não sei, não vou dizer para você não ir, mas que tal esperar um pouco? É só minha opinião, você não precisa fazer isso. Não faz tanto tempo desde aquele dia, então talvez seja melhor você descansar e processar tudo, não? – sugeriu.

– Eu só pensei, não tinha uma data para isso, eu queria visitá-la, mas não sei quando ou como. Meu pai vai surtar, é a única certeza que tenho. Minho não suporta ouvir o nome dela, quem dirá ouvir que eu quero encontrar com ela.

– Não acho que ele vá te proibir ou algo assim, mas tenho certeza que tanto o Minho como o Chan vão pedir pra' você evitar, pelo menos agora, ou pra' sempre.

Changbin riu pela última parte, não era mentira, Minho provavelmente iria usar vários e bons argumentos para não encontrar Miyeon. O Seo não conseguia evitar, queria botar um ponto final naquela relação fadada à miséria. Nunca houve amor, carinho, proteção, ternura, qualquer sentimento básico que uma mãe deveria sentir pelo filho, então não tinha mal algum em acertar as contas, ou acabar. Claro, não é necessário dar um fim em algumas situações, você pode perdoar e seguir em frente, ou não perdoar e esquecer sobre, até mesmo perdoar e remoer, existem várias possibilidades, Changbin não havia perdoado sua mãe, mas ele queria um fim para toda aquela dor, contar tudo que ela causou, e mesmo que Miyeon não se impostasse, ele iria tirar aquele peso e ser capaz de seguir sua vida sem ela.