Antes da família, depois da confusão!

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Changbin estava calado, tinha medo de falar qualquer coisa e a mulher fazer algo consigo ou com seus amigos. Como Seungmin dissera, ela era louca.

– Quem era aquele Seo Changbin? Quem diabos era aquele com você? Se eu souber que você está dando por aí, como uma puta... Nem aquele imbecil vai me parar, faço questão de dar uma lição nele também, já suportei Minho por muito tempo.

– Deixa ele em paz, Minho hyung não fez nada. Aquele é Seungmin, ele é só um colega, eu juro.

O menino olhou para a mais velha lacrimejando, ele só queria que ela parasse com aquilo.

– Por que você não pode ser uma mãe normal? Por que tem que me desprezar todos os dias da sua vida, por quer destruir a minha? 

– Porque você fez comigo primeiro, porra. Seu pai nunca quis ter um filho, ainda mais você. Se não fosse o seu nascimento, eu estaria casada com o único homem que amei, ele não teria me largado, mas você acabou com tudo.

– Eu não escolhi isso. – gritou, já deixando as lágrimas rolarem, ele não aguentava carregar toda aquela dor. – Eu não queria estragar sua vida, me desculpa por isso. Mas para de me machucar, eu não quero que continue assim. Você pode continuar sem me amar, só me deixe viver em paz, por favor.

A mulher começou a rir, logo freando o carro. Ela olhou para o filho  e por um curto período enxergou uma criança, uma solitária, triste, que gritava por atenção e socorro, chorando no banco. Miyeon era uma mulher fria, por isso ela sorria desgostosa.

– Você é realmente ingrato. Acha que pedindo desculpas vai resolver seus dezessete anos de problema? Eu só sinto nojo de você, queria que estivesse morto.

Ao ouvir as palavras da mãe, seu coração despedaçou, Changbin não segurava o choro, ele só deixava a água cair até que se afogasse nelas. Continou pedindo desculpas até sentir uma mão pesada em seu rosto.

– Cala a boca. Parece a merda de uma criança chorando. Seja homem uma vez na sua vida.

– Desculpa. – pediu novamente. – Me desculpa. 

Ele tentava segurar o máximo possível, sentia que iria sufocar em breve. Quando avistou a casa de sua mãe, sentiu medo, pânico, aflição, tudo de uma vez só.

– Desce. – ordenou, logo sendo obedecida.

Assim que entrou na casa, sentiu um empurrão, indo de encontro ao piso. Não se surpreendeu com aquilo, a dor física já era costume, a dor emocional crescia a cada dia, porém, Changbin não sentia mais nada. As palavras machucavam mais que as ações, não importava o quanto apanhasse, suas palavras sempre doeriam mais.

Sentia ela lhe bater de novo, ouvia ela retirar o cinto, que colidiu com força na pele já sensível, mudando a coloração de imediato. A derme que mal havia se recuperado da última surra, já se degenerava de novo, sendo pintada pelos mais cruéis tons de vermelho.

Sentia os chutes, o cinto, as mãos, tudo se repetindo, Ele só gritava e a pedia para parar, a deixando ainda mais furiosa. Miyeon pegou o vaso de flores próximo a ela, e jogou ao lado do menino, por pouco não acertou a cabeça dele.

O Seo não tentava se defender, pedia para parar, mas no fundo sentia que merecia.  Afinal, havia estragado a vida da mãe, a dos amigos e a de todos os outros que se aproximaram. No fim, Changbin era um grande problema, um peso, um atraso para seus conhecidos.

– Para, por favor, tá doendo. – pedia em meio aos soluços.

– Você merece.

– Por favor, mãe, para. – continuava no chão sentindo o encontro da fivela lhe ferir e o colisão ficar mais forte. Até que a mais velha lhe puxou para perto.

Dias? Conturbados. Noites? Solitárias!Onde histórias criam vida. Descubra agora