Capítulo 17 - Home

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O céu está limpo, não vejo uma única nuvem lá em cima. Um bando de pássaros passa muito a cima do meu olhar, parece que estão em câmera lenta devido a distância. A luz do sol começa a queimar as pontas dos meus dedos, e meus braços começam a formigar, mas nesse momento não ouso mexer um único músculo do meu corpo.

Alicia ainda está com os olhos fechados, mergulhando em seus sonhos. Ela movimenta a cabeça de um lado para o outro e então para, quando se põe em minha direção. Metade do cabelo cai sobre seu rosto, cobrindo seus lábios. Por um momento, tenho certeza que estou no céu, e esse é o meu pedaço de paraíso, feito sob medida para mim.

Lentamente eu retiro meu braço de baixo de sua cabeça, colocando uma dobra da manta sob seu rosto. Me viro de corpo inteiro em sua direção e com a maior leveza do mundo, passo a mão sobre sua face, sentido o calor da sua pele. Não quero acordá-la, mas ao mesmo tempo, eu quero. Só penso em falar com ela, olhar em seus olhos esverdeados enquanto contemplo seu sorriso doce e perfeito. Quero pegar em sua mão e levá-la pelo mundo, enquanto todos param para apreciar sua beleza. Eu quero novamente me deitar sobre a grama e beijá-la, enquanto nossos corpos se aquecem, pele com pele. Eu quero me sentir vivo, como a muito tempo eu não me sentia, como a muito tempo... Alguém não fazia eu me sentir.

Sobre o porta malas traseiro do carro, eu preparo um café batido, do mesmo jeito que minha mãe preparava, a muitos anos atrás para mim. Em períodos de tempo, passam alguns carros pela gente, roncando seus motores para ganhar força e subir a estrada até o topo. Em uma placa turística, tem um pequeno mapa que indica o local que estamos, e a decida logo a frente, que descreve uma cidade que não consigo identificar o nome, devido ao desgaste nas palavras. Também vejo algumas linhas que se espalham sobre o metal, quase como veias dilatadas sobre um braço cansado. Essa linhas, representam algumas trilhas e o nome de algumas cachoeiras. Acho que Alicia vai gostar.

- Ben...

Me viro em direção ao carro. Estou segurando uma xicara de café quente enquanto a observo esfregar seus olhos. Parece que voltei no tempo, na época em que acampávamos no quintal da minha casa. Alicia sempre chamava por mim quando abria seus olhos. Acho que esse era seu jeito de saber que estava tudo bem.

- Bom dia Ali... Preparei um café para você, vou pega-lo.

Passo a xicara em suas mãos, seus dedos estão gelados, mas o calor do café, logo aquece sua pele e lábios. Estamos sentados novamente um ao lado do outro, observando o sol subir cada vez mais alto e iluminar as montanhas logo abaixo.

- Nossa Be... Esse é o melhor café que já tomei! Uau!

Dou um risada e encaro seus olhos, passando a mão em seu cabelo e o colocando para trás da orelha.

- Agradeça a minha mãe por isso.

Alicia me da um sorriso como resposta. Em seguida fecha os olhos e respira fundo enquanto inclina sua cabeça para o céu azul.

- Olha só esse ar. É quase terapêutico.

Alicia respira profundamente mais uma vez e toma mais um gole do café.

- É, você tem razão. O ar é realmente puro aqui.

- Parece que o peso do mundo, apenas cai de meus ombros e desaparece.

Alicia segura minha mão e me encara fixamente nos olhos.

- Vem aqui Be...

Ela me puxa e me dá um beijo lento, enquanto segura com uma das mãos a manta sobre seu corpo. Um carro rapidamente passa pela gente na estrada. Alicia se afasta e dá uma gargalhada enquanto me observa ficando vermelho.

No último dia em que te conheciOnde histórias criam vida. Descubra agora