A subida é exaustiva. O mato está alto, a medida que caminhamos ele roça em nossas pernas e braços. A poucos metros do topo, o sol cozinha nossa pele e nossos olhos ardem ao encará-lo diretamente. A escada logo a frente, está completamente enferrujada e corroída devido aos anos de esquecimento. Apesar de tudo, o dia está perfeito, e o observatório já está ao nosso alcance.
Alicia está abaixada com suas mãos sobre o joelho, sua respiração é eufórica e cansada, mas mantem o belo sorriso no rosto enquanto me observa logo atrás.
- Chegamos Be!
Ela inclina seu corpo e coloca as mãos na cintura. Fico observando os reflexos do sol batendo nas árvores e nos vidros empoeirados do observatório. Alicia está com o cabelo solto, o vento o faz levantar, quase como se fosse em uma cena de filme, aonde o personagem principal alcança o seu momento de triunfo na trama.
Eu fico apenas a admirando. A luz em contraste com sua pele e seu corpo escultural parado em minha frente. Consigo sentir sua energia e empolgação por estarmos aqui. Alicia sempre enxergou as coisas do melhor ponto de vista possível, mesmo agora, ela nunca deixou de acreditar.
Vagarosamente ela caminha até a ponta do penhasco e senta-se na grama verde. Fica imóvel apenas observando o mundo abaixo.
Meu fôlego está quase recuperado. Vou em direção a ela, mas meus olhos se fixam na árvore em que marcamos nossas iniciais. É engraçado, mas para mim, é quase como se eu olhasse para um mapa, um mapa sobre minha vida... Sobre eu e sobre ela, sobre tudo que a vida foi até esse momento.
Em meus pensamentos eu busco por uma palavra... Coragem, é isso! Tudo que eu e todas as pessoas do mundo precisam agora, é coragem. Coragem pelas pessoas que amamos, pela vida que um dia vivemos e coragem para encararmos o fim de tudo. Não tem como a tristeza não tomar conta agora, mas eu preciso ser forte, e oque me deixa assim, esta sentada ali em frente, observando a imensidão do horizonte.
Lentamente eu sento ao seu lado. Alicia está com os olhos fechados, seus braços apoiados para trás e a luz pegando em seu rosto.
- Então é isso...
Alicia vira seu rosto para mim e me encara.
- Oque Be?
Eu viro minha cabeça em direção às nuvens a diante e fico observando o céu azul por alguns segundos.
- O Fim... Bem aqui, aonde nós começamos.
Alicia me lança um sorriso carinhoso e põe sua mão sobre a minha.
- Parece que sim...
- É estranho não é? Pensar que esse lugar foi por toda nossa adolescência, um refugio, e agora estamos sentados aqui, sabendo que não é mais oque ele deveria ser.
- Nada mais é oque deveria ser Be... Mas olha, temos um ao outro... Até o fim!
Eu olho em seus olhos e sorrio mais uma vez. Alicia é toda a força que eu preciso.
Ela me encara mais uma vez e se levanta, caminha em direção a árvore. Eu a sigo.
- Então, depois de todos esses anos, finalmente está corrigido.
- Oque está corrigido?
- A escrita, na madeira! Você trocou o menos por um mais.
- É... Eu demorei tempo de mais para acertar isso.
Sei que estou triste agora, encarando a escrita na arvore enquanto a observo passar a mão sobre as letras. Ela me olha de volta e crava seus olhos nos meus.
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No último dia em que te conheci
Любовные романыE se tudo que você conhece estivesse chegando ao fim? é a sua última chance de conhecê-la.