CAP.: 01 - CORRENDO, TRABALHANDO E DESMAIANDO

27.4K 1.9K 593
                                    


" Cada novo dia é uma oportunidade de fazer algo novo, terminar algo já começado ou melhorar algo que já existe. "

(Marcese Maschietto)


* Lucas


Lucas acorda ao som do despertador de seu celular as 5:00 da manhã, olha para visor do telefone e pensa: "mais um dia... espero que hoje seja menos cansativo que ontem..."

Lucas se levanta, e olha pela janela a imensidão da comunidade que o cerca, e então se lembra que em menos de três dias terá que pagar o aluguel, as contas de luz, água e gás que já estão atrasadas. Lucas mora com sua avó na comunidade da Rocinha, na cidade do Rio de Janeiro, e desde que seu avô faleceu a quatro anos atrás, as coisas ficaram muito apertadas financeiramente para eles.

Dona Lucena, avó de Lucas, sustentou e ainda tenta sustentar a casa com seus pequenos trabalhos como costureira; antes ela também era diarista, mas em virtude de um problema de coluna e um tombo que a mesma levou em dos trabalhos, fez com que Dona Lucena ficasse impedida de continuar com a função de diarista o que diminuiu drasticamente a entrada de dinheiro dentro de casa.

Lucas vendo a dificuldade da pobre avó e se sentindo um peso para a mesma decidiu, que estudaria no turno da noite junto com alguns colegas, para poder trabalhar durante o dia.

Ele para de olhar pela janela e segue para o banheiro de sua humilde casa, toma banho e se prepara para sair para seu primeiro dia de trabalhos numa loja de material de construção que fica próximo da comunidade.

Quando chega a cozinha, observa sua vozinha já terminando de passar seu café e preparando um pão com manteiga na frigideira, o café parecia simples, mas não impedia Dona Lucena de sorrir feliz, pelo fato do neto mesmo com 17 anos, já ter conseguido um trabalho honesto, que não envolvesse o tráfico ou qualquer tipo de atividade criminosa, muito comum na região em que vivem, onde os jovens entram cada vez mais cedo no mundo do crime e das drogas, em virtude da extrema pobreza e do descaso social.

Dona Lucena, observa o seu lindo neto tomar café, e começa a pensar em como não queria que o neto deixasse de estudar para poder trabalhar, mas não poderia mais se dar a esse luxo, pois sua saúde e sua idade já não a ajudava tanto.

- Lucas como é esse novo trabalho que você conseguiu meu anjo? Pergunta Dona Lucena.

- Há vó é um bom trabalho.... Não é de carteira assinada nem nada, mas vai dar pra eu tirar uma boa grana, pois vou ser pago por semana... e isso com certeza vai ajudar a melhorar as coisas aqui por casa...

- Mas como assim não é de carteira assinada? Pergunta a avó.

- Vó é que eu ainda sou menor de idade, só tenho 17 anos, então até o final do ano, quando eu vou fazer meus 18 anos, vou trabalhar meio que informal, mas não se preocupe, o meu patrão, Seu George parece ser um cara bem legal.... Até se ofereceu para me ajudar e me ensinar tudo sobre o novo trabalho...

Lucas se levanta dá um pequeno beijo na testa da vó e então sai em direção a sala, onde pega sua bicicleta e começa a descer o morro em direção ao novo trabalho; Lucas está muito animado pois Sr. George lhe dissera que o mesmo receberia 300 reais por semana trabalhada e se ele superasse suas expectativas poderia receber até mais.

Ele desce o morro muito animado, então chega a São Conrado onde fica a Loja Construsim Materiais de Construção, guarda sua bicicleta atrás da loja e a acorrenta, adentra a loja, cumprimenta o pessoal e se direciona para o escritório do Sr. George, bate na porta e coloca um pouco do rosto e pergunta se pode entrar:

O DELEGADO E O PRISIONEIRO® (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora