CAP.: 08 - UMA AMEAÇA, UMA DESCOBERTA E UM SOCO

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"Não duvide do valor da vida, da paz, do amor, do prazer de viver, em fim, de tudo que faz a vida florescer. Mas duvide de tudo que a compromete. Duvide do controle que a miséria, ansiedade, egoísmo, intolerância e irritabilidade exercem sobre você. Use a dúvida como ferramenta para fazer uma higiene no delicado palco da sua mente com o mesmo empenho com que você faz higiene bucal."

(Marcus Leão de Albuquerque)


* Por Lucas


        Finalmente a semana de descanso que a médica passou acabou, amanhã será segunda-feira e vou então voltar a loja de materiais de construção de Seu George. Estou com muito medo dele me demitir, pois só tinha trabalhado uma semana e na outra eu já estava pedindo uma licença médica. Enfim, faz cinco dias que aconteceu o beijo entre eu e Guilherme e para minha maior surpresa não conseguia tirar aquilo da cabeça. Eu estava deitado na minha cama, ainda era cedo, e como ainda estava sem celular não tinha falado com nenhum de meus amigos.

    - Droga! Por que eu não consigo parar de pensar em Guilherme, em seus olhos verdes, seu cheiro amadeirado, em seus braços forte me segurando... naquele beijo marav... Que porra é essa Lucas, para com isso, você é macho, gosta é de boceta.... Será que tô virando viado meu Deus... Não isso não!!! Penso comigo mesmo. Fico ali pensando, quando de repente me assusto com Carolzinha invadindo meu quarto e gritando:

    - E ai gatinho! Por que ta na cama a essa hora?

    - To meio cansado... respondo.

    - Ah meu gatinho, levanta esse corpo gostozinho dessa cama agora, que nós vamos no baile funck que o Fernandão tá promovendo, faz tempo que não saímos juntos. Além do mais Jojô ta louco pra dar hoje e ele disse que se você não fosse comigo hoje, ele viria pessoalmente aqui tiraria sua roupa e te chuparia até você virar gay... E você sabe que ele tem coragem, não é?

    - Ah Carol, to sem cabeça pra festas...

    Ana Carolina e Jojô (João Carlos na verdade), são irmãos e os conheço desde que éramos crianças, sempre estudamos juntos, brincamos e aprontamos; os dois, assim como eu, foram criados pela avó, Dona Marizete, uma ótima pessoa. Ana Carolina - Carolzinha como é conhecida no morro - é muito animada, mas também meio brava, vivia e ainda vive se metendo em confusão, principalmente quando o assunto é seu irmão mais novo, Jojô, que a quatro anos resolveu assumir para toda a sua família sua opção sexual. Ele sempre foi um cara legal, vive dando em cima de mim, dizendo que queria que eu tirasse sua virgindade, pois eu seria o único namorado que sua avó supostamente aprovaria. Tanto Jojô como Carolzinha são muito bonitos, são morenos e possuem os olhos verdes, que de acordo com Jojô, puxaram para a avó, que também tinha os olhos verdes.

    Vou ligar para Jojô... um... dois... Fala já pegando o celular. O que me faz dar um pulo da cama, pois sabia que Jojo de fato faria aquilo que prometia.

    Pego minha toalha e sigo para o banheiro, enquanto Carol conversava com minha avó na cozinha. No banheiro tomo meu banho, escovo os dentes, e então de frente ao espelho penso: "Talvez seja bom eu ir nesse baile funck... e pegar umas meninas, para tirar essa loucura da minha cabeça. É isso! Eu vou nesse baile funck, pegarei uma menina e perderei minha virgindade... talvez seja a falta de uma namorada, pois nunca namorei ninguém... e talvez hoje eu tire essa loucura de me sentir atraído por aquele delegado. " Penso comigo mesmo avaliando minha expressão facial no espelho do banheiro. Eu tenho 17 anos e nunca havia namorado ninguém, apenas ficava, aqui e ali, mas nada muito sério, pois sempre me preocupei com a minha vó e depois da morte de meu avô isso só aumentou, então resolvi me dedicar aos estudos, para um dia quem sabe fazer uma faculdade de medicina, para poder ajudar as pessoas. Levo um susto com alguém batendo na porta do banheiro, me tirando de meus devaneios, era Jojô que gritava:

O DELEGADO E O PRISIONEIRO® (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora