Capítulo 5: 1.93

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A Sra. Chanthara ligou para a mãe de Freen pela manhã. As aulas de piano seriam adiadas em uma hora, pois a Sra. Chanthara precisava levar um de seus filhos à consulta no dentista.

Freen ficou estressada a manhã toda. Sua rotina estava sendo modificada e ela odiava isso. Ela estalava os dedos o dia todo, não dormiu depois do café da manhã e não conseguiu aproveitar o almoço.

Ela trocou de roupa três vezes (algo não muito típico de Freen), até decidir por um short preto e uma camiseta com o logo do The Script.

Por fim, foi a vez dos sapatos. Ela escolheu um par de tênis branco. Calçá-los foi fácil para Freen, mas amarrá-los... Ela conseguia, conseguia mesmo, mas suas mãos não eram muito úteis para amarrar cadarços e geralmente levava pelo menos cinco minutos com cada sapato. Seu psicólogo disse que era por causa da síndrome de Asperger, mas Freen tinha que admitir que ela poderia amarrar os sapatos muito melhor se a mãe não fizesse isso por ela o tempo todo.

Cansado de depender daquela mulher, Freen começou a amarrar os sapatos.

O processo foi lento, mas finalmente conseguiu fazê-lo. A garota sorriu ao perceber que havia conseguido. Então, percebendo que ainda faltavam alguns minutos para Yuki vir buscá-la, Freen caminhou em direção à janela, apoiou a mão direita nela e olhou em direção ao quarto da garota da janela.

O papel que vira pela manhã ainda estava lá, aquele que lhe desejava bom dia. Freen sorriu novamente ao ver o que viu e, pela primeira vez desde que haviam adiantado as horas de piano, ela parou de estalar os dedos.

Infelizmente, a garota na janela ainda não estava em seu quarto. "Claro que não, idiota. Ela ainda deveria estar na escola." Chamar-se de idiota era típico de Freen. Foi então que se lembrou que só poderia falar com a garota da janela à noite, então resolveu pegar novamente a fita, um pedaço de papel e um marcador.

"Conversamos à noite, garota da janela", escreveu ela, e depois colou desajeitadamente o papel no vidro. Mas Freen ainda não se sentia satisfeita, então pegou outra folha de papel e escreveu outra coisa.

"Estarei pensando em você." Sorrio ao imaginar a garota rindo ao ler o que eu tinha escrito. Sem motivo algum, a garota da janela já era importante na rotina de Freen... "Por favor, idiota. Você só falou com ela um dia. Ela não poderia ter se tornado importante tão rapidamente." De repente a mãe dela entrou no quarto dela sem bater (como sempre), interrompendo assim seus pensamentos.

Freen afastou-se o máximo possível da janela, sabendo que, se a mãe descobrisse as conversas secretas, não permitiria que ela voltasse a falar com ela. Sua mãe era muito controladora em relação às suas amizades, e as meninas que se encontravam através de janelas e folhas de papel não estavam no topo da lista de "Amigos que quero para minha filha".

Achara: Está pronta, Freen?

Freen: Sim... sim, estou.

Achara: E seus cadarços?

Freen: Eu... bem... eu os amarrei. Achara apenas balançou a cabeça e olhou para os sapatos de Freen. Ele franziu a testa ao vê-los, abaixou-se e começou a desamarrá-los.

Freen: O que você está fazendo?! -perguntou chateada. Ela passou mais de dez minutos tentando amarrá-los e ela... ela destruiu todo o seu esforço em menos de um.

Achara: Vou amarrá-los bem, Freen. Eu não quero que você caia.

E essa é Achara. Superprotetora, controladora e perfeccionista. Achara só sabia ver as coisas negativas em Freen. De manhã, Achara não via a filha sobreviver mais uma noite. Achara via uma cama para fazer. À tarde, Achara não via quanto Freen comia, mas quão pouco ele deixava para trás. Quando ela riu, Achara não via a felicidade da filha. Achara só ouvia um som muito alto. E quando ela amarrou os sapatos sozinha, ela não viu essa conquista.

A garota na janelaOnde histórias criam vida. Descubra agora