A garota na janela

Capítulo 32: Despedida

Becky: Você não precisava fazer isso - sussurrou para sua namorada através da janela, sorrindo, ainda com aquela linda e única rosa entre as mãos.

Freen: Eu quis fazer - respondeu, olhando para ela como se fosse a mulher mais linda que já tinha visto no mundo. E assim Becky Armstrong se sentia sempre que estava ao lado dela. A garota na janela era capaz de transformar simples gestos em proezas que ninguém jamais poderia igualar.

Becky: ...,Mas deve ter custado muito dinheiro, Freen... Só essa rosa já teria sido suficiente.

Freen: Você não gostou? - uma expressão de tristeza surgiu em seu rosto, e imediatamente a garota de olhos cor de chocolate se arrependeu por não ter se explicado melhor para sua namorada. Depois de tantos mal-entendidos causados pelo Asperger da garota na janela, ela deveria ter aprendido alguma coisa.

Becky: A-M-E-I - apressou-se em esclarecer, um imenso sorriso surgindo no rosto de sua namorada, borboletas em seu estômago se agitando diante da ação. Como era possível que Freen a fizesse sentir assim com apenas um gesto? O universo nunca saberia... Mas o dinheiro que você usou comprando as flores...

Freen: Não se preocupe com isso. Era parte do meu fundo universitário, e sinceramente, por você valia a pena - informou docemente, uma luz irradiando de seus olhos. Becky franziu a testa quase instantaneamente.

Becky: Freen! Você gastou dinheiro do seu fundo U-N-I-V-E-R-S-I-T-Á-R-I-O comigo?!

Freen: Sim - afirmou dando de ombros, como se realmente não importasse tanto esse fato.

Becky: Freen! Sua educação é mais importante do que eu!

Freen: Eu não vou para a universidade, Becbec... Mamãe disse que não vai me deixar ir até que meu coração esteja melhor, e duvido que isso aconteça. E, mesmo que eu pudesse ir, eu não iria. Quero ser fotógrafa, Becky... Só preciso de algumas boas câmeras, materiais e alguns meses em um bom curso. Nada muito caro... E se eu precisar de dinheiro, vou trabalhar. É simples.

Becky: Pensei que você não gostasse de fotografias - disse intrigada, tentando entender sua namorada muito complexa de sorriso lindo e olhos únicos.

Freen: Não gosto de me fotografar, mas amo fotografar paisagens, animais e até mesmo pessoas. Quando era pequena, costumava pegar a câmera do meu pai e me aproximar das libélulas para tirar fotos delas. Não era boa, mas suponho que o ponto é que essa sempre foi minha paixão...

Becky: Mesmo assim, acho que gastar todo esse dinheiro...

Freen: Não vou deixar você continuar falando, Becbec. Eu quis te dar flores, e foi o que fiz. Agora, apenas olhe nos meus olhos e sorria, porque eu amo te ver sorrir.

-

O dia tinha chegado. Faltava pouco para a operação de Arun. O casamento seria em trinta minutos. O padre já tinha chegado ao hospital, assim como o juiz. Também os convidados, que eram apenas os pais de Arun, os pais de Yuki, seu melhor amigo, Becky, Freen, Jimm e Kade.

Yuki estava no banheiro do quarto daquele hospital, se arrumando.

Dado que se tratava de Arun, noivo da filha do dono do lugar, ele tinha o melhor quarto e os melhores cuidados.

Freen, Becky, Jimm, Kade e Yuki estavam dentro do lugar, amplo e bonito demais para ser realmente um banheiro de hospital onde uma noiva desconsolada chorava sobre seu simples vestido branco, sabendo que possivelmente, em menos de um dia, já seria viúva.

Becky observava sua namorada abraçar desajeitadamente sua pequena amiga, sabendo que a garota não estava confortável com a ideia de fazer isso.

Becky sabia que ela fazia isso porque seu coração não a permitia deixar sua amiga sozinha em um momento como esse. Ela a conhecia bem. Jimm e Kade mal se olhavam.