Capítulo 14: Diálise

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Freen começou os preparativos para a diálise enquanto Becky esperava do lado de fora. Yuki ainda não havia conseguido a autorização, então teve que fazer tudo sozinha, o que era o melhor, porque os preparativos eram chatos: ela tinha que se pesar, medir a pressão, a temperatura, limpar o local e aplicar a anestesia tópica e heparina, um anticoagulante.

Becky obteve permissão para entrar pouco antes de a enfermeira colocar soro em seu braço.

Becky: Freesita — sussurrou, aparecendo ao lado dela. Freen estava recostada na cadeira, olhando para o celular, então ficou surpresa ao vê-la.

Freen: Parece que Yuki fez seu trabalho...

Becky: Isso é muito gentil, Freen. Agora entendo por que ela é sua melhor amiga... Ela disse que estaria aqui em uma hora. O namorado dela tinha uma consulta médica ou algo assim. Freen assentiu. Ele estava provavelmente com o neurologista. Lágrimas ameaçaram surgir em seus olhos quando ela se lembrou do tumor cerebral de seu amigo.

Becky: O que há de errado, Freesita?

Freen: Lembranças, só isso — Ela respondeu enquanto enxugava as lágrimas, não querendo preocupar a amiga com coisas desnecessárias — Quer sentar?

Becky: Posso? Freen sorriu e foi para o lado, deixando espaço suficiente para Becky sentar ao lado dela. Becky imediatamente sentou-se ao lado dela.

Becky: Bom, e agora?

Freen: Agora esperamos que a enfermeira coloque os soros no meu braço e me conecte à máquina para que...

Becky: Não é isso que quero dizer, Freen. Ignore a máquina por um momento, o que você e eu vamos fazer enquanto estivermos aqui? Freen sorriu. Ela adorava como Becky a fazia sentir-se um pouco menos doente.

Freen: Poderíamos conversar sobre o idiota que tentou bater em você... — Ela sussurrou com ódio e com a cabeça baixa, brincando com os próprios dedos, que havia começado a estalar inconscientemente.

Becky: Ou poderíamos fazer perguntas uma à outra — Sugeriu sorrindo. Freen olhou nos olhos dela por alguns segundos e depois assentiu, desviando o olhar.

Freen: Isso parece bom para mim. Depois disso a enfermeira chegou.

Enfermeira: Bom dia, Freen. Está preparada? Freen apenas assentiu sem se animar ao olhar para ela. Ela conhecia aquela enfermeira, Antonia, desde que iniciou a diálise e não conseguia falar com ela mais do que duas ou três palavras por dia. "É tudo culpa do Asperger" pensou "Você é um idiota, Sarocha"

Becky: Apenas uma amiga — Pelo canto do olho, ela a viu sorrir e depois estender a mão para a enfermeira.

Enfermeira: Voltarei em alguns minutos para colocar suas intravenosas.

Freen assentiu novamente. Quando ela se foi, Becky falou.

Becky: Parece que eles te conhecem há muito tempo, Freesita.

Freen: Venho aqui desde os dezesseis anos... E tenho dezoito agora, então...

Becky: Entendo — ela sussurra com um sorriso, colocando a mão sobre a dela — Está todo mundo aqui para fazer diálise? — Ela perguntou enquanto olhava para as pessoas ao seu redor, todas apoiadas em cadeiras como a de Freen. A garota de olhos castanhos apenas assentiu. Eles estavam todos lá pela mesma merda. Freen suspirou e olhou para o braço esquerdo. Ela olhou para o formato estranho que sua fístula lhe dava e franziu a testa. Ela daria qualquer coisa por bons rins.

Becky: Dói?

Freen: Perdão? — perguntou confusa.

Becky: Dói quando você coloca intravenosa? Freen pensou um pouco sobre sua resposta.

A garota na janelaOnde histórias criam vida. Descubra agora