eu vejo a vida em cor-de-rosa

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Eram tantas luzes... as pessoas sorriam de uma forma assustadora... eu não sei como alguém pode se sentir feliz aqui dentro. Como alguém pode ter tantas informações e simplesmente rir? Eu definitivamente nunca conseguiria.

Talvez seja por isso que eu esteja olhando pro Minghao, assim de longe, e me acalmando. Ele parece tão alegre. Finalmente livre. Talvez... seja por isso que eu queria tanto tirar ele de casa, entende? Pra assim quem sabe... ele poder viver o que eu não consigo viver. O Carpe Diem não funciona para mim.

- Junhui! – ele veio em minha direção com a testa suada e os olhos brilhando – Pode me ouvir?

Não entendo o que ele diz, mas lembro-me de que prometi que o levaria a salvo para casa e é isso que vou fazer. Segurei sua mão e comecei a puxa-lo para fora onde estavam estacionadas nossas bicicletas.

- Está tarde...

Falei e peguei uma das bicicletas, deixando a outra para Soonyoung e Chan que provavelmente estavam ocupados demais beijando bocas dentro da festa ou bebendo mais.

- Ah, ok...

Ele apenas concordou e subiu atrás de mim, agarrando minha cintura para manter-se firme. Eu gostei daquele contato. É a primeira vez que ele me abraça... e é a primeira vez que o vejo sorrir com a minha presença sem ser de forma debochada, ele só parece estar feliz comigo. Já eram nove horas da noite e o senhor e a senhora Xu já deveriam estar voltando para casa.

Chegando lá, subi com o garoto para o porão e fiquei junto a ele pois vi que estava meio alterado.

- Se sente bem? Tonto ou enjoado?

- Não!

Mas ele não parava de sorrir e se balançar pra lá e pra cá.

- Minghao... – o olhei preocupado – eu vou ver um remédio pra você.

- Não precisa, Junhui! – riu caindo na cama.

- Você não me parece bem...

- Estou bem!

- Não está não.

- Você sabia... – ele começou com isso de novo! Ele sempre faz isso! – Que a alguns anos atrás... uma mulher apareceu repentinamente na nossa cidade? – sua voz estava um pouco embriagada – ela não tinha documentos... nem roupas... apenas uns trapos velhos – sorriu fraco.

- Você não está falando coisa com coisa, Minghao.

Essa noite fui dormir com o coração aflito. Julgando pelos motivos que faziam Minghao não querer sair de casa, hoje foi tudo tão rápido, ele simplesmente saiu! E fez coisas que eu mesmo não teria feito e não fiz! Algo aconteceu. Alguma coisa aconteceu e mexeu com ele o suficiente para nem perceber o tempo passando. Mas, eu cumpro minhas promessas, então apenas tentei mantê-lo consciente e bem.

Entretanto, pela manhã, logo após eu tomar café e escovar meus dentes, ouço minha mãe gritar do primeiro andar, avisando-me que um amigo está na porta. Deve ser Chan ou Soonyoung, pensei. Mas, não. Era o Xu. Em carne e osso, com a mesma roupa de ontem, mas com uma cara mais sóbria. Ele estava tão alegre quanto a noite passada.

- Vamos sair, Junhui!

Me disse assim que me viu. Eu fiquei confuso, claro.

- Minghao, o que faz aqui!? – olhei para os lados preocupado em saber se alguém havia o visto.

- Vamos sair, Junhui...

Sua expressão mudou e eu fiquei sentido com aquilo. Suspirei e dei mais uma olhada na rua.

carpe diem - junhaoOnde histórias criam vida. Descubra agora