nota: oi queridos leitores, só passando para avisar que esse capítulo é narrado pelo Minghao!
Confesso que desde que olhei para Wen Junhui pela primeira vez, eu sabia que tinha algo diferente. Algo especial e que me fazia ficar bem. Constantemente me encontro em estado de inquietação, sempre andando pela casa a noite e como tenho dificuldade de dormir, faço muito barulho.
Venho observando o Wen a algum tempo. Certo dia, senti uma fisgada no estômago e logo em seguida algo atravessar a janela do meu vizinho. Observei tudo por trás da cortina. Junhui estava tendo uma crise e todos os objetos começaram a explodir e voar pra longe.
Isso acontecia constantemente e eu comecei a ter medo dele.
Porém, mesmo com medo, a curiosidade não me parou. Fui analisando-o. Observando cada passo dentro do quarto tão escuro que ficava frente ao meu. Eu sabia que ele também era curioso, e como eu não tinha coragem de ir até ele, o importunei o suficiente para fazê-lo vir até mim.
De início, eu só queria brincar com ele, sabe? Conversar... Mas, aos poucos, vi que de fato estamos conectados. Há algo nos nossos dons que move com tudo o que acontece na nossa volta e dentro da gente também.
Depois que eu tentei me aproximar dele e aquela luz começou a brilhar, eu entendi. Precisamos estar juntos para manter o equilíbrio. Fora isso, tudo vira uma bagunça. Mas, se nossos sentimentos se envolvem demais... as coisas saem de controle novamente.
Acho que... nunca vou poder beija-lo. Por mais que eu queira muito... por mais que todo santo dia eu olhe por trás daquela janelinha minúscula e veja o Wen trocando de roupa e mostrando o tanquinho sarado que ele conquistou no período de “treinamento” com seus amigos. Eu fico todo derretido, não vou negar. Sou só u adolescente pô. Quero experimentar de tudo o que eu sempre sonhei, mas ficaram só nos meus delírios. Se Deus nos fez para amar e sermos amados, então eu quero sentir isso. Eu posso sentir isso. Não posso? Será que... o Junhui gosta de mim como eu gosto dele? É que... foi tudo tão rápido, sabe? Eu nem sei o que tô sentindo na real, só sei que eu quero beijar na boca de uma vez e fim de assunto!
Nossa, Wen Junhui, se você tiver me escutando agora, para de fugir de mim e me beija seu infeliz!
Mas, ok, não vou me exaltar essa hora. Preciso secar minhas pegadas da chuva que deixei frente a porta de casa e na entrada.
Agora, vou esperar meus pais chegarem e contar sobre minhas saídas.
Sobre aquele papo de eu nunca mais voltar... não é que eu realmente nunca mais volte, mas eu sei que algo vai acontecer. Eu sinto isso. Não sei se você sabe, mas a alguns anos atrás uma mulher chamada Hanna apareceu repentinamente na cidade. Ela não tinha documentos ou roupas adequadas, apenas trapos. Hanna foi silenciada por pessoas ruins. Não há muitos registros sobre ela, mas, uma vez, ela deu um depoimento breve sobre sua missão. Ela disse que estava atrás de dois bebês. Bebês especiais. Um deles desapareceu, o outro foi adotado por uma família gentil, mas ela precisava dele de volta, ou todos iriam pagar o preço.
Fiquei com isso na cabeça. Até mesmo tentei avisar Junhui sobre, mas ele não me deu ouvidos.
Talvez seja loucura minha... mas, há algo muito errado nessa história e eu vou descobrir. Pois... acho que sou o bebê desaparecido.
- Querido, nós ficamos muito contentes com sua decisão – disse minha mãe alegre – já está na hora de você fazer amigos.
- Mas, sempre avise quando for sair. Assim não nos preocuparemos – meu pai sorriu também.
- Certo, obrigado por compreenderem.
Minha mãe me olha com atenção.
- De quem é esse casaco?
- É meu - me levantei e saí sem dar explicações.
Agora estou no meu quarto. Sentado em minha casa com a vitrola frente ao meu corpo. Coloco uma música que começa a tocar alto o suficiente para Junhui escutar do seu quarto. Eu sei que ele está ouvindo. Sinto isso. Na verdade, foi pra isso que eu coloquei a música. Quero falar com ele.
- Você consegue me escutar? – perguntei com os olhos fechados.
Telepatia é algo que sempre duvidei, mas, se nossos dons estão interligados... então acho que podemos nos comunicar também. Não acham?
- Junhui... – chamei-o mais uma vez levando a mão até o peito – me responde...
The Great Git in the Sky tocava na vitrola enquanto eu o chamava... eu gosto dela. Me trás algo bom. Mas, após o seu ápice e muitas tentativas de comunicação, ouço sua resposta. Clara e em bom tom.
“Minghao?”
Corro até a janela e vejo Junhui me olhando também assustado.
“Pode me entender?”.
“Posso te ouvir”.
Entretando, a chuva voltou a cair e nossa comunicação falhou mais uma vez. Mas, mesmo assim, a música continuava tocando e eu fiquei na janela olhando o Wen que também me olhava. Parecia preocupado. Então o vejo falar algo com a boca, mas como não o escuto faço leitura labial.
“Fugere Urbem”.
Sua mão tocou o vidro da janela como se quisesse me tocar. Eu quero, Junhui, quero fugir da cidade com você e ir para sua tão sonhada fazendinha no campo. Então, lide com essa responsabilidade. Você me prometeu, agora cumpra.
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carpe diem - junhao
FanfictionWen Junhui possui um dom muito estranho. Mover objetos, explodir coisas! Ele não sabe como controlar isso e acaba por sempre cometer atos que não gostaria de cometer. Entretanto, há algo que assombra a vida do garoto. A casa do seu vizinho. Jun é u...