Pov Sarah
Aquela não era uma história tão curta quanto uma criança de oito anos gostaria que fosse. Alguns contos de aventura e mistério eram interessantes e fáceis de decorar, principalmente se fossem contados pelo senhor Freire de forma tão animada, mas escutar a história da minha família era de mais.
Eu já sabia de tudo o que precisava saber. Sabia que todos se transformavam e que eu iria me transformar um dia e ser uma grande caçadora, que protegeria Jericho mantendo os monstros longes, mas parecia que só isso não era suficiente.
Perdi a conta de quantas vezes escutei que meu ancestrais participaram da criação dessa vila, que a família Andrade estava aqui desde o começo de tudo e era responsável pela segurança do lugar por sermos fortes, que com habilidades especiais de nos transformarmos em lobos gigantes, podemos afastar monstros que poderiam fazer mal para a cidade.
Ouvi sobre como meu avô ensinou meu pai a caçar, como minha mãe foi transformada depois de casar com meu pai e como meu avô morreu.
Sabia nos mínimos detalhes como uma família de vampiros veio parar aqui e foram expulsos quando tentaram matar alguém da aldeia.
Mas se tinha uma história que eu amava era a do meu avô enfrentando um lobisomem.
Ele havia fugido a mando do meu bisavô, que morreu naquela luta, mas levou o outro lobo junto com ele. Como esse estranho havia chegado em Jericho eu nunca soube, essa parte nunca me contaram, mas as histórias das lutas e de todo o trabalho para descobrir quem era eram boas de ouvir. Ainda mais quando ele começava a falar de como os Freire ajudaram nisso, na época eram os avós de Fátima, eram uma família ligada com bruxaria e com um olfato tão bom, ou até melhor, que o nosso.
Vi meus irmãos se transformando pela primeira vez, mas só lembro bem de Carlo e Simon, que são mais novos que eu. Naquela ocasião eu estava acompanhando tudo na minha forma de lobo, tinha deixado de ver Juliette naquele dia para ajudar os dois a se preparem para a lua cheia.
A primeira era sempre mais complicada, a dor era forte de mais. Os ossos quebravam e se refaziam, a pele rasgava e até o rosto mudava. Geralmente no primeiro momento pensamos que vamos morrer, mas o tempo trás o costume e a dor vai sendo amenizada, até se tornar um quase nada.
Mas eu era diferente.
Já não bastasse virar um monstro eu tinha que ser diferente entre os monstros. Eu sou mais forte, mais rápida e mais controlada, não preciso me transformar por completo para poder ter força a mais, meus olhos mudam de cor, minhas unhas e dentes crescem e eu posso dar um chute como o que eu dei em Fernando assim que ele apareceu.
O motivo disso? Meu pai diz quem tem a ver a o dia que eu nasci, que era uma lua vermelha, ou algum gene diferente da família que, por algum motivo, só eu peguei. São muitas teorias, mas nenhuma resposta. Só sei que ele me leva sempre nas noites que vai sair porque me quer sempre por perto para me prender caso eu perca o controle e queira atacar alguém, o que nunca aconteceu.
E no meio dessa história todo tem Juliette, sempre tem Juliette. O primeiro, grande e único amor da minha vida.
Eu me sinto mal por não ter contado nada para ela, e seu que foi egoísmo da minha parte.
Quando eu era criança aquilo costumava ser só algo de família que não era preciso contar para ninguém, tipo aquele tio distante que tem um filho fora do casamento, mas quando eu finalmente entendi o que éramos eu tive medo do que poderiam fazer caso soubessem e quando notei os sentimentos que tinha por ela eu tive medo de perde-lá.
Sabia que não iria machucar ela, meu dever era proteger todos, ainda mais a mulher que eu amava, então guardei esse segredo, mesmo que todos da minha família dissessem que eu precisava contar logo, que ela tinha o direito de saber e que fosse antes do pedido de casamento. Mas o medo falou mais alto e eu só me calei.
Ai apareceu o filha da puta do Fernando Zuim e contou tudo!
É claro que eu ia contar, falei pra' ela que quanto tudo isso acabasse nós iríamos conversar e eu ia explicar tudo, ia ser bem mais tranquilo, mas sempre tem alguma coisa que vai contrar o que eu já planejei.
Ela estava com medo, eu via isso nos olhos dela, mas quem em sã consciência não estaria? Ela acabou de descobrir que a noiva dela é um monstro sanguinário que pode matar qualquer um como uma patada. Qualquer um estaria com medo!
E claro que eu não marquei ela! Vontade não me faltava, mas ela não sabia, não tinha noção de onde estava se metendo e eu não iria priva-lá de liberdade. Ela não está presa a mim e pode ir a hora que quiser... Eu só espero que, mesmo depois de tudo isso, ela não vá, mas vou entender se nunca mais puder ver aqueles olhos escuros que eu tanto amo.
Mas eu precisava que ela confiassem em mim, pelo menos até o dia amanhecer, já que naquela noite tudo isso acabaria, Fernando seria morto, assim como Rodolffo e Jericho estaria em paz, mas até lá eu precisava que ela fizesse o que eu estava pedindo.
— Agora. — ela se assustou, mas assentiu rápido e correu no exato momento em que Fernando levantou a cabeça e me atacou, me dando tempo apenas de mudar de forma e ir para cima dele.
Ela iria chegar em Jericho, nem que eu morresse para isso.
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Eai, oq acharam?
Comentem e votem q eu quero saber
E principalmente se sua opinião agr parece com a minha kkkkkkSinceramente, espero q tenham gostado e até mais 💕 💕 🌙
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Noite de Lua - Sariette
FanfictionA escuridão nunca me assustou. Na verdade, despertava minha curiosidade. As árvores retorcidas e os sons misteriosos me atraiam para o interior da floresta, ainda mais nas noites que eu conseguia ver aqueles olhos amarelos a espreita. Fantasia | Ter...