De Todas as Cartas do Mundo, Você

Um Tsunami Nunca Começa de Uma Hora pra Outra

E aeeeee, tudo bem? Então, queria anunciar que essa é a última segunda feira em que eu vou estar atualizando sem falta porque vocês chegaram no mesmo capítulo que o pessoal do spirit tá. Ou seja, ainda não escrevi os outros capítuloskkdkdkkjk E assim, pra quem nunca acompanhou nenhuma long minha eu queria anunciar que eu demoro um tantinho assim pra atualizar (muito tempo). Mas eu vou tentar atualizar rápido!!!

Sem mais delongas vamos ao capítulo. Boa leitura!
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O tom escuro e marcante de um carmim tão profundo que chegava a parecer sangue era o que pintava os meus lábios finos e pálidos. Não tinha o costume de usar batom vermelho pois considerava-o um tanto chamativo, o que não teria problema algum se eu não ficasse facilmente constrangida diante de tantos olhares indiscretos. Por isso, quando enfim terminei o processo de aplicar aquele tom rubro que Somi havia dado de presente de aniversário para mim, quase não me reconheci. Encarei o meu reflexo no espelho, observando os traços do meu rosto maquiado e admirando o meu trabalho bem feito. No final das contas, ainda que um tanto atípico para mim, a cor borgonha escolhida havia sido uma boa escolha.

Era sábado, perto das oito e meia da noite e finalmente a festa de aniversário de Somi havia chegado. E, como uma das "convidadas de honra" — foi o nome que a Jeon escolheu para as suas amigas mais próximas — lá estava eu me arrumando para encher a cara e passar vergonhas as quais com toda a certeza do mundo me arrependeria no dia seguinte. Apenas essa ideia era o suficiente para fazer com que uma expressão de nojo tomasse conta do meu rosto e eu quase considerasse inventar alguma desculpa esfarrapada para não ir. Contudo, tendo a plena noção do quão importante para a aniversariante em questão era a minha presença, sabia que não podia fazer aquilo.

Portanto, apenas fechei o batom vermelho que usava há pouco e o guardei em uma das prateleiras de maquiagem sobre a minha escrivaninha. Levantei-me da cadeira felpuda a qual estava sentada e caminhei até uma das estantes, procurando por algum perfume que julgasse adequado para a situação. Escolhi por fim o Mon Paris da Yves Saint Laurent, era um dos meus preferidos porque achava que possuía um aroma de morangos agradável. Satisfeita com a minha escolha, tratei de andar até que estivesse de frente ao maior espelho do meu quarto, aquele que possibilitava a visão do meu corpo inteiro. E enquanto observava-me, tratei de espirrar a fragrância atrás das minhas orelhas e contra o meu busto.

Fitei o meu reflexo mais uma vez, analisando o look que havia escolhido e procurando por algum errinho que o denunciasse. Na realidade, o que escolhi vestir para a ocasião era até um pouco simples, não vi necessidade de tentar algo muito complexo quando sabia que no final da festa todos estariam bêbados demais para sequer prestarem atenção nisso. Estava usando um vestido de cetim branco de alças finas que ia até uns três dedos acima do joelho e terminava com um acabamento rendado e delicado que dava a ele um charme a mais. Era perfeito para uma noite quente como aquela, suave e gracioso na medida certa. Combinava perfeitamente com os meus acessórios, brincos Vivienne Westwood em formato de corações vermelhos, um colar de pérolas da mesma marca com o pingente prateado num formato que lembrava o planeta Saturno com uma jóia real pairando sobre si. E, por fim, nos pés, calçava um par de saltos altos rubros da Miu Miu, os quais pareciam ressaltar as minhas pernas finas. Em suma, estava surpreendentemente bonita.

Sorri com o pensamento e, pela primeira vez em dois dias, me vi satisfeita com algo que eu havia feito. 

Havia passado dois dias do ocorrido com a minha mãe e durante todo esse período de tempo, a sua única resposta para o que eu havia feito foi o silêncio. Aquilo, que não sei se posso classificar como uma conversa propriamente dita, foi a última vez nesse meio tempo que Taeyeon olhou para mim. Ela não optou por nenhum castigo, não retirou nada de mim e também não diminuiu a minha mesada em nenhum centavo, o que foi um tanto impressionante tendo em vista o histórico da senhora Kim. Quando esse tipo de coisa acontecia, a primeira atitude dela era me dar intermináveis e torturantes punições das mais variadas, algumas delas eu ainda não tinha esquecido. Então, não consegui evitar a ansiedade que me acometeu ao ver a sua ausência de ações, isso é, até perceber que a sua sentença final foi uma quietude sem fim e a ignorância à minha presença.