All Too Well

Capítulo 3

Era domingo à tarde, o único dia da semana que Jane tinha disponível para descansar e não pensar em trabalho. Fazia duas semanas desde que ela e Brian estavam se encontrando todos os dias na hora do almoço, estava cada vez mais apaixonada por ele.

- Jane, quando eu vou conhecer seu novo namorado? - Disse a jovem loira mas não teve resposta, esqueceu que a moça não estava em casa.

Mary, sua melhor amiga estava sentada no sofá pintando as unhas dos pés quando o telefone ao lado dela tocou. Ela atendeu apoiando em seu ombro.

- Alô?

- Oi, aqui é o Brian. A Jane está?

A moça arregalou os olhos e abriu um sorriso gigante, finalmente estava conhecendo a voz de Brian.

- Oi Brian, aqui quem fala é a Mary. - Soltou uma risadinha enquanto fechava a embalagem do esmalte - A Jane deu uma saída com a irmã dela no mercado mas assim que ela voltar eu peço pra ela te ligar.

- Mary, não poderei atender porque estarei em Pittsburg.

- Pittsburg? - Arqueou as sobrancelhas segurando o telefone tirando-o de seu ombro.

- Vou passar algumas semanas lá, casamento do meu irmão mais velho, não sei quando volto para Chicago. Avise ela que ligarei sempre que possível.

- Tudo bem então. Boa viagem Brian. - Sorriu colocando o telefone de volta no gancho - Ele parece um cara legal.

Jolene entrou em casa com algumas sacolas de supermercado, Jane veio logo atrás dela dando um sermão de como a caçula não poderia ir para um festival de música com as amigas.

- Jane estamos em Chicago, não vai acontecer nada comigo. - Disse bufando enquanto colocava as sacolas encima da mesa.

- Jolene, já te disse que não. - Respondeu também colocando as sacolas na mesa.

- Caramba Jane, eu já tenho dezoito anos! - Bateu o pé.

- Você é apenas uma criança Jolene, não entende que não pode sair da cidade com essa idade! Está terminando o colégio agora. - Cruzou os braços.

- Caramba Jane, você não é minha mãe! - Gritou enquanto caminhava até seu quarto.

Jane não sabia como reagir, estava parada no início do corredor olhando para a caçula que parou na porta de seu quarto.

- Tem razão Jolene, eu não sou sua mãe. Te criei como minha filha mas claro, eu não sou sua mãe. - Deu de costas começando a desempacotar as compras que a amiga tinha organizado encima da mesa.

A mais nova entrou no quarto e fechou a porta com força, tinha raiva de Jane.

- Não pode deixar ela falar assim com você, Janie. - Negou com a cabeça enquanto ajudava-a.

- O que posso fazer? - Deu de ombros guardando os produtos que comprou - Faço o melhor para ela e tudo o que recebo são gritos.

- Brian ligou. - Mary decidiu mudar de assunto para não aborrecer mais a amiga.

- O que ele falou? - Encostou na bancada da pia enquanto cruzava os braços.

- Disse para te avisar que ele está indo passar umas semanas em Pittsburg com a família, casamento do irmão. - Guardou as sacolas - Vai te ligar quando puder.

- Tudo bem então. - Desencostou da pia enquanto caminhava até a melhor amiga - Esperarei a ligação dele.

Do quarto, Jolene escutava a conversa da irmã com a amiga, queria conhecer o tal namorado.

- Deve ser por isso que ele me deu uma foto dele. - Abraçou Mary que acariciava os cabelos negros da amiga - Ainda bem que deixei ela bem guardada no meu quarto.

A caçula saiu do quarto, com um plano em mente, pediria desculpas pela atitude mesmo sem se sentir culpada, pediria para irem comprar algo no mercado e quando saísses bisbilhotaria o quarto todo da irmã.

- Jane. - Chamou-a com a voz chorosa.

- Diga Jolene. - Respondeu soltando Mary.

- Me perdoe pela maneira que eu agi. - Se aproximou com as mãos atrás do corpo - Fui totalmente ingrata.

- Tudo bem Jo, fico feliz que tenha reconhecido sozinha. - Sorriu deixando um carinho no ombro da irmã mais nova - Percebi que esqueci o papel higiênico, Mary vem comigo?

- Vou. - Pegou a bolsa que estava na poltrona e colocou no ombro - Quer alguma coisa de lá?

- Nada, obrigada. - Sorriu vendo-as sair de casa aliviada pois não precisou pedir nada falso.

Ao escutar o carro dar partida, correu para o quarto da irmã mais velha onde começou a abrir todas as gavetas para procurar a maldita foto do rapaz.

- Cadê essa porra dessa foto. - Resmungou fuçando na gaveta da mesinha de cabeceira.

Fechou com força, olhou debaixo do travesseiro e lá estava virada de cabeça para baixo escrita em uma caligrafia não tão bonita: "Para nunca se esquecer de mim J, coloque debaixo do travesseiro para sonhar comigo."

Virou a fotografia e se deparou com um dos homens mais bonitos que tinha visto, seus olhos arregalaram, as mãos suaram e seu coração palpitava cada vez mais rápido. Naquele momento sentiu inveja da própria irmã, desejava a todo custo estar no lugar dela.

Arrumou o travesseiro e tudo o que tinha bagunçado, correu para a sala onde deixou um bilhete na geladeira dizendo que estaria na casa da melhor amiga, sua vizinha, Louisa.

Após fechar a porta de casa, correu pela calçada até chegar na porta da amiga. Tocou a campainha impaciente.

- O que foi porra? - Louisa reclamou enquanto abria a porta.

- Precisamos conversar! - Mostrou a foto de Brian fazendo com que a amiga puxasse-a para dentro de casa.

Elas subiram as escadas até o quarto da jovem que ainda tinha resquícios da adolescência com pôsteres dos Beatles colados pelas paredes.

- Jolene, me conte quem é esse. - Pediu sentando-se na cama.

- Meu namorado. - Mentiu entregando a foto para ela - Brian O'Connor, ele é bem mais velho que eu.

- Meu Deus! Quão mais velho? - Viu-a sentar na cama.

- Bem mais velho, Brian tem vinte e sete anos. - Riu abraçando a foto - E é dentista.

- Sua irmã sabe disso?

- Não pode saber, senão vai me proibir de encontrá-lo. - Se deitou levantando a foto deixando na altura de seu rosto - Brian e eu estamos apaixonados, leia a verso da folha.

- "Para nunca se esquecer de mim J, coloque debaixo do travesseiro para sonhar comigo." Meu Deus Jolene. - Pegou a foto - Mas ele realmente é muito bonito, quando irei conhecê-lo?

- Em breve, ele está fora da cidade. - Pegou a fotografia novamente prensando-a sobre o peito - Nós dois vamos nos amar muito.

Jolene não estava só mentindo para a melhor amiga, estava enganando a irmã e principalmente a si mesma. Estava cega pela inveja e com muita fome de crueldade, apaixonou-se pelo namorado de Jane Robinson, a mulher que a criou como própria filha.