NOVEMBRO DE 1972
Jane estava com seis meses de gestação, uma linda barriga redonda já estava bem aparente. Faziam cinco meses desde que a traição foi revelada.
Era dia de ação de graças, o clima estava gelado lá fora enquanto dentro de casa estava aconchegante como um colo de mãe. Mary entrou em casa com a sacola de super mercado, ela estava toda enrolada em seu cachecol.
- Trouxe os vegetais que pediu. - Deixou as sacolas encima da mesa - Que cheiro delicioso.
- E ainda não está pronto. - Riu pegando a as sacolas - Muito obrigada por comprar.
- Hoje mais cedo conversei novamente com a diretora da escola a qual trabalho. - Disse enquanto tirava o cachecol por já estar sentindo calor - Tenho novidades.
Jane não estava mais com esperança de que fosse contratada para lecionar em alguma escola, principalmente depois que engravidou e não era casada, todos os diretores diziam que seria um péssimo exemplo para os alunos. Então ela voltou a trabalhar em uma loja de roupas, não a mesma de antes, uma nova que abriu no centro da cidade.
- Ela disse que depois de ter o bebê, se você quiser, ela pode te contratar.
Como uma chama de esperança, a jovem que acariciava a barriga colocou as mãos tampando a boca como quem não acreditava no que tinha escutado.
- Está brincando? - Foi até Mary que negava com a cabeça - Aí meu Deus, muito obrigada!
- Esse é o meu presente de ação de graças para você. - Riu abraçando-a - Em troca eu quero ser a madrinha desse bebê lindo que está aqui dentro.
- Achei que já estava certo de que isso ia acontecer. - Riu segurando seu rosto - Minha melhor amiga.
Mais tarde naquele mesmo dia, Jane preparou uma linda mesa para as duas com algumas flores, pratos combinando e um lindo peru no centro.
- Puxa Janie, que mesa linda. - Disse sentando-se.
- Fiz o melhor para nós três. - Riu fazendo carinho na barriga enquanto se sentava - Antes de orar e comer vamos dizer as coisas que somos gratas.
- Eu sou grata pelo meu trabalho e sou principalmente grata por você, minha melhor amiga e mãe do meu afilhado ou afilhada, Jane Robinson. - Sorriu deixando um carinho na barriga dela - Porque fez esse delicioso jantar.
- Eu sou grata a você, Mary Harrison, que esteve comigo em todos os momentos da minha vida e não largou minha mão em nenhum deles. - Sorriu olhando para a comida - Querido Deus, abençoe nossa mesa e obrigada por cuidar tão bem de nós, amém.
- Amém!
Aquele dia de ação de graças ficaria marcado para sempre na memória de Jane e Mary, apesar de ter sido um jantar simples somente com as duas, conseguiram se sentir em paz e em casa.
***
DEZEMBRO DE 1972
A neve já estava mais grossa, as ruas começaram a ser impossíveis de passar sem ter pneus de neve. Jane dirigiu com cuidado até a mecânica mais próxima de sua casa, ao estacionar o carro saiu se envolvendo com mais uma camada de casaco.
- Olá, vim trocar meus pneus para neve. - Disse com um sorriso enquanto via um rapaz alto de cabelos longos e vestindo o cachecol como máscara se aproximando - Eles estão no porta-malas, mas eu não sei trocar.
- Jane Robinson? - O homem perguntou com um sorriso enquanto tirava o cachecol do rosto - Sou eu, Patrick Young! Estudamos juntos no ensino médio.
- Patrick! - Sorriu relembrando quem era - Claro que me lembro, sentávamos juntos na aula de biologia.
- Isso. - Riu colocando as mãos na cintura - A melhor dupla da classe.
Patrick continuava lindo, mas agora mais velho estava com um charme encantador com quase trinta anos exalava algo que atraía Jane.
Eles eram colegas de ensino médio, ele sempre teve uma pequena queda por ela até se mudar para a Califórnia pouco depois da formatura.
Ele levou o carro para dentro da oficina, abriu o porta-malas e tirou os quatro pneus lá de trás.
- Por onde andou Patrick Young? - Perguntou olhando-o levantar o carro.
- Fui para a Califórnia fazer faculdade e depois fiquei por lá alguns anos, abri minha mecânica e ano passado voltei para Chicago para comprar essa. - Disse orgulhoso enquanto fazia o trabalho com as próprias mãos - Também vendo e compro carros usados.
- Isso é muito legal. - Sorriu enquanto tirava seu casaco - Se importa se tirar meu casaco?
- Fique a vontade, Jane. - Ao olhá-la viu a grande barriga de grávida - Está casada?
- Perdão? - Olhou para a própria barriga então entendeu o motivo da pergunta, negou com a cabeça enquanto voltava seu olhar para ele - Não, não sou casada e nem tenho namorado. É uma longa história.
- Desculpe pela pergunta indiscreta, achei que era casada.
O homem segurou para não sorrir mas Jane percebeu a pequena curvatura que se formou em seus lábios. Ela também percebeu que não usava aliança, um grande indicativo que também não era casado.
- Tudo bem. - Passou a mão na barriga sentindo o bebê se mexer - Poderia me sentar? O bebê está mexendo bastante.
- Ai meu Deus, claro!
Patrick largou o que estava fazendo e puxou uma cadeira para Jane que sorriu grata enquanto se sentava, ele também a entregou um copo com água.
- Já tem nomes para o bebê? - Perguntou voltando ao trabalho.
- Tenho alguns, se for menino estou entre Ethan e George. - Bebericou sua água - E para menina estou entre Katie e Harper.
Ao escutar o segundo nome para a menina, o coração de Patrick acelerou, não sabia o porque estava sentindo aquilo mas sabia que havia gostado muito daquele lindo nome.
- Eu gosto de Harper, significa força e coragem. - Olhou-a enquanto apertava um parafuso.
Ela apenas assentiu com a cabeça enquanto sorria, ele era a primeira pessoa além de Mary e sua chefe no trabalho que sabia sobre sua gravidez e havia escolhido o nome perfeito para o bebê, pois significava exatamente o que ele representaria.
- Pronto Jane, seu carro está com os pneus trocados e já pode voltar a andar pelas ruas sem medo algum. - Sorriu descendo o veículo - Quando terminar a temporada de neve traga novamente para eu trocar para você.
- Muito obrigada Patrick, quanto ficou? - Perguntou levantando-se com um pouco de dificuldade.
- É o meu presente de natal para você. - Limpou as mãos sujas.
- Por favor, eu insisto em te pagar!
Antes que Jane pudesse pegar a carteira Patrick segurou sua mão fazendo-a olhar em seus olhos.
- Não é necessário, Jane.
- Mas é o seu trabalho, merece receber por isso.
- Tudo bem. Se quer me pagar vá a festa de natal no Carl's. - Riu vendo-a negar com a cabeça - Estaremos quites.
- Não posso ir, estou grávida.
- Vá ao Carl's, estarei te esperando lá. - Entregou a chave do carro para ela.
Sem dizer mais nada Jane pegou a chave do carro e vestiu seu casaco tampando a barriga. Sorriu entrando em seu automóvel e com a ajuda de Patrick ela saiu da garagem da oficina.
- Obrigada mais uma vez Patrick. - Esticou a mão para fora da janela que estava com o vidro abaixado para o cumprimentar.
- Não há de que agradecer, Jane. - Cumprimentou-a - Vejo você dia vinte e quatro.
Ele a viu sair de sua mecânica, Jane estava cada vez mais bonita, os anos a fizeram muito bem principalmente agora que estava grávida, nunca tinha a visto tão linda da forma que estava.
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All Too Well
RomanceSinopse: Jane Robinson é uma jovem estudante de biologia em Chicago, perdeu sua mãe ao dezoito anos e seu pai abandonou ela e a irmã mais nova, Jolene Robinson, semanas depois. Sozinha, Jane cria a irmã, que na época tinha apenas onze anos de idade...