Capítulo 9

27 3 1
                                        

Mary se aproximou da melhor amiga com sua melhor fornada de biscoitos com gotas de chocolate, seus favoritos ainda mais preparados por ela.

- Janie, sinta isso, o cheirinho está delicioso. Quem der um sorriso ganha essa fornada inteira! - Tentou tirar um sorriso da mulher que não sorria a cinco dias.

A amiga deixou o prato encima da mesinha de centro da sala e sentou-se ao lado de Jane que chorava novamente, era o que ela mais estava fazendo naquela semana.

- Minha irmã, é quinta-feira à noite, temos uma fornada deliciosa de biscoitos e VHS's para assistir, vamos dar um sorrisinho para a Maryzinha?

- Estou grávida. - Revelou ao olhar bem no fundo dos olhos da melhor amiga.

Mary arregalou os olhos vendo-a desviar o olhar, estava visivelmente abalada e agora entendia que não era só pela traição de Brian e Jolene.

- Desde quando você sabe disso?

- Eu descobri alguns dias antes de tudo acontecer mas estava esperando para ter certeza e isso me acontece. - Colocou as mãos no rosto - Mary, eu estou me sentindo tão sozinha.

- Mas não está! - Abraçou-a fazendo-a deitar a cabeça em seu ombro - Eu estou aqui. O que decidiu fazer com o bebê?

- Ele não tem culpa, mas não vou deixar Brian saber que é dele, vou criar essa criança sozinha. - Olhou para a melhor amiga - Eu não sei se posso viver desse jeito Mary.

- Mas não vai estar sozinha, criaremos esse bebê juntas. - Beijou-a na cabeça - Confie em mim, você vai ficar bem! Me diga o que posso fazer por ti minha amiga?

- Só seja minha amiga. - Ela deitou a cabeça no colo da moça que cuidava dela.

Jane estava completamente perdida, só conseguia chorar e sentir em seu peito a imensa traição. Ela não sentia por Brian, mas sentia por Jolene. Mas Mary estava lá para dar todo o suporte que merecia, ela sabia que com o tempo toda aquela dor sumiria e se tornariam apenas más lembranças.

***

O telefone tocou, Jane que estava sentada no sofá lendo um jornal a procura de emprego, atendeu.

- Alô?

- Oi Jane, aqui é a Jolene... Por favor não desligue.

A mais velha sentia um nó em sua garganta, olhava para o carpete da sala se segurando para não cair em lágrimas novamente.

- O que quer? - Perguntou com a voz embargada.

- Eu esqueci algumas coisas em meu quarto, posso passar aí para pegar?

Jane estava espantada com a cara de pau da irmã, negou com a cabeça enquanto sentia a lágrima escorrer por seu rosto pois ela queimava, já não eram mais lágrimas de tristeza mas sim de raiva.

- Venha, busque suas coisas e vá embora. - Secou sua bochecha.

Ela desligou o telefone, levantou-se e foi até o quarto de Jolene. Ao contrário da caçula não conseguia destruir tudo o que queria, não conseguia fazer mal a nada e nem ninguém.

Foi até a cozinha onde pegou um saco preto e colocou todas as coisas da caçula lá dentro. Não rasgou nem quebrou nada, apenas guardou-as até ver o quarto completamente vazio só com a cama sem lençol e a cômoda de madeira clara completamente vazia.

Deixou o grande saco no meio da sala, olhou para Mary que saía do banheiro usando duas toalhas de banho, uma na cabeça e a outra no corpo.

- O que é isso? - Perguntou confusa.

- Essas são as coisas de Jolene, ela está vindo buscar. - Pegou sua bolsa - Eu vou sair para procurar algum emprego, pode entregar as sacolas por mim?

- Claro. - Encostou na parede do corredor - Eu te prometo que vou falar segunda-feira com a diretora do colégio, vou tentar explicar a sua situação.

- Obrigada, querida. - Mandou um beijo.

Mary foi até seu quarto trocar de roupa depois que viu a amiga sair pela porta da frente. Enquanto penteava seu cabelo loiro olhando para seu reflexo no espelho pensava sobre Jane e o bebê que ela carregava, já amava aquele serzinho e sentia o dever de zelar por ele. Também pensava no que falar para a jovem que viria buscar suas coisas, eram tantas coisas engasgadas em sua garganta.

Ao escutar a campainha tocar, a moça foi até a porta e abriu dando espaço para Jolene passar.

- O que são essas sacolas no meio da sala? - Perguntou confusa.

- São todas as suas coisas. - Cruzou os braços olhando-a - Pegue-as e saia.

A mais nova olhou para Mary que tinha fúria em seus olhos.

- Mary...

- Cale a sua boca e saia daqui sua piranhazinha de merda! - Apontou para a porta.

- O que você me chamou? - Aproximou-se indignada, mas não chegou muito perto pois tinha medo de apanhar.

- De piranhazinha de merda. Eu sei que foi você que rasgou o vestido de Jane, eu sei que você sabia que Brian era o namorado dela. Eu sei! - Aumentou seu tom de voz.

- Como está destemperada. - Riu debochando da mulher enquanto colocava as mãos na cintura.

- Se pensasse com sua cabeça e não com a porra de sua buceta eu não estaria dando um ataque na sua frente! Você, Jolene, foi cruel e ingrata! Fazer o que fez com sua irmã que te criou sozinha com o maior esforço é um absurdo. - Cruzou os braços olhando-a de cima a baixo - Eu tenho nojo do que se tornou.

Jolene pegou as duas sacolas pretas com um sorriso no rosto, deu de ombros e ao passar por Mary disse:

- Não tenho culpa se Brian quis a mim e eu terei os filhos dele. - Sorriu mandando um beijo - Quase ia me esquecendo, vai tomar no seu cu Mary Harrison.

- O karma existe Jolene e o seu ainda vai chegar! - Gritou ao vê-la caminhando até o carro onde Brian estava, ao bater a porta olhou para o porta-retrato com a foto das três - Tomara que chegue logo, vadia.

Foi até a mesinha, pegou a moldura e retirou a fotografia que lá estava, cortou  Jolene e guardou a foto com o porta-retratos em uma das gavetas cheias de fotos.

- Só te tirarei daí quando eu, Jane e o bebê tirarmos uma linda fotografia juntos.

All Too WellOnde histórias criam vida. Descubra agora