Capítulo VII - parte II

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           Eu odeio essa maldita cama, meu corpo está doendo para caralhos. Graças ao porcaria relatório da YoKo, passei a noite toda no escritório e acabei dormindo no quartinho ao lado. São 8 horas da manhã, e estou apenas com 2 horas e meia de sono. Minha cabeça está fodida demais, isso tudo é um filha da putagem... Espere. Estou xingando? A convivência com essa mulher está me afetando. Levanto-me e jogo água no rosto, não posso deixar que ela me influencie.

  -   Lembre-se, você é superior a ela — sussurro para mim mesmo.

           Estico-me e vou em direção à minha mesa. Como vou entrar na eleição, não terei tempo de trabalhar. Por isso, vou passar um relatório para o subgerente com todo o trabalho até agora. Sou responsável pelo controle de saída e entrada de produtos das 20 indústrias da família real. Cada uma deve ter, em média, 10 setores diferentes; ou seja, tenho que analisar resultados de mais de 200 coisas todos os dias. Luztol é o subgerente. Odeio deixar minhas coisas para os outros, mas quando eu for regente, alguém vai precisar assumir meu lugar. Mesmo que seja difícil encontrar alguém tão excepcional quanto eu, ele terá que servir.

          Só de pensar em comer algo agora, meu estômago embrulha. Talvez eu beba um café, mas só mais tarde. Coloco os Mozanas e, por algum motivo, já começo a cantarolar a letra de suas músicas; deve ser porque já escutei mais de 20 vezes cada produção deles. Cantarolo enquanto termino meu relatório.

" Não importo com a dor

Se eu tive que enfrentar tudo isso

Pelo o seu amor

Nosso futuro escrito em um pano de linho


Não importa a dor que me consome,

Este amor é um fogo ardente,

Nossos destinos cruzados, mas separados,

Como fios de linho, entrelaçados e distantes.


No tear da vida, tecemos segredos,

Cada olhar furtivo, cada toque impedido,

O pano de linho manchado de tristeza,

Nossas almas dançando no abismo.


E quando a chuva cair, fria e implacável,

O pano de linho se encharcará de saudade,

As promessas sussurradas na escuridão,

Nosso futuro incerto, uma melodia desafinada.


Mas ele não desistirá, meu amor clandestino,

A esperança é sua âncora, sua maldição,

Ele enfrentará tempestades e barreiras,

Nosso amor proibido, eterno como o linho.


Então, segure minha mão na penumbra,

Vamos viver na sombra, nos becos ocultos,

Com coragem e desespero, enfrentando o impossível,

Nosso futuro está escrito em um pano de linho rasgado."

             Muitas das letras eu não compreendo o que significam, entendo a letra, mas o que isso quer dizer, como um futuro pode estar escrito se nem ao menos foi vivido? Quando me preparo para levantar, YoKo entra pela porta. Ela carrega uma bandeja com dois copos grandes, frutas em pedaços e um pão. Ela empurra a porta com o pé, que fecha com um estalo. Hoje ela está vestida com um vestido verde-limão com bolinhas brancas, em um decote de coração e amarração na cintura, seu cabelo está preso com uma trança lateral que deixa os cachos soltos no final. Rapidamente ela atravessa a sala e deixa a bandeja sobre minha mesa. Aproximo-me da mesa, coloco meus cotovelos sobre ela, cruzo minhas mãos e coloco minha cabeça em cima com um sorriso.

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