Poemas Totalmente Despretensiosos

Migração

Voe, meu bem
para onde quiser
sei que este planeta é pequeno,
natural se migrar,
que dê rasantes em Io,
entre plumas de gás,
que espirale, colapse o hidrogênio molecular,
nascerá uma estrela, ou melhor, se desfaz,
pois agora, em meu céu, um clarão é o que há
e pelos jatos de plasma você irá mergulhar,
não é uma onda de choque que lhe impedirá
de chegar ao núcleo, ao ponto singular
onde nem mesmo a luz consegue escapar.

E escapará.

Pois quando menos esperar,
em um aglomerado vai estar
pairando sobre galáxias,
tão jovens quanto nós,
estará tão leve que o vácuo a esmo te levará
como vento, a outros tempos, ele te carregará
tantos tempos, infinitamente tempos,
tão distintos, opostos tempos,
parece que nunca findará e mesmo assim, irá
ao aterrissar, por coincidência, onde deseja retornar.

Quando o clarão se for será que vou chorar?
eu não sei, talvez, agora só penso em rezar
por sua jornada, sua vida, agora longe da minha
espero que um dia me entenda, por mais que tardar.