— Obrigado por me defender, marido. — Alohim ditou, vazia como sempre. Diógenes apenas assentiu com a cabeça, embora não gostasse que ela lhe chamasse de "marido". Tiveram uma certa discussão sobre ela não ser carinhosa com ele ao ponto de criar apelidos fofos ou apenas o chamar de amor como fazia com Liam, mas não adiantou, ela continua chamando ele de marido. Os deuses ficaram com peso na consciência, olhando uns aos outros em choque por conta do modo impaciente de Diógenes, não que fosse novidade, mas desde que se casou parece ter ficado mais irritado.
— Divina, poderia ter uma previsão do futuro. Você sempre tem isso. Na verdade, as vezes. — Disse Marco, o deus mais bonito.
— É difícil ter visões com a mente tão perturbada. — Alohim se levantou de onde estava, movimentando sua mão para abanar o seu rosto e tentar tirar o abalo que sentia de algum jeito. Ela saiu de perto da mesa onde os deuses estavam, agora estando ao lado de Millie, que estava ao lado da porta. Marco, observando aquela cena, se levantou e se aproximou de Alohim, lhe dando um abraço de consolo.
— Vamos encontrar ela. Eu sei que vamos. — Apertou ainda mais o corpo de Alohim. A Divina apenas se aconchegou e pressionou os olhos para fechar, enquanto sentiu o cheiro perfumado de Marco. Diógenes sentiu algo dentro de si que não era bom, então se levantou rapidamente (ele havia voltado a se sentar depois que terminou de falar)
— Vamos procurar Celene na terra.
Todos os deuses se sentirem no direito de arregalar os olhos, confusos se realmente ela teria ido para a terra.
— Com todo respeito, Diógenes, Celene com certeza não saiu de Ahuza. — Uno debateu. Todos os deuses em conjunto apresentavam o mesmo argumento de Uno enquanto diziam "verdade" "concordo" "exatamente!"
— Poderosos, eu... — Millie disse, gaguejando. Todos os deuses pararam para ouvir o que ela estava prestes a falar. — Bom, eu creio que antes de procurar nossa querida Celene, devemos procurar por Aimé, e como devemos procurar por Aimé? Através de sua irmã, Jane. Talvez ela até mesmo saiba onde ambas as desaparecidas estão...Sim, é real. Ninguém lembrava de Aimé, nem mesmo a própria Divina se preocupava mais com sua "doce" primeira obra.
*****
Jane estava na cozinha que estava Aimé e ela organizando os docinhos para a festa de Celene a pouco tempo atrás, preparando uma marmita para seu esposo. Ela estava fritando um pedaço de bife suculento e de tamanho mediano numa frigideira qualquer que exalava um cheirinho delicioso pelo local. É claro que ela não iria preparar apenas um bife, mas o restante dos alimentos já estavam todos preparados e morno organizados na marmita: uma salada de ovo, arroz temperado e croquetes deliciosos. Só faltava o bife. Repentinamente, Alohim surge na cozinha. O fato de Jane estar ocupando sua mente pensando de maneira bobinha em seu esposo fez ela nem notar a presença da própria deusa que tanto venerava.
— Jane? — Alohim pousou sua mão no ombro de Jane. A florine deu um pulo de susto, e por impulso, a sua mão que estava segurando o cabo da frigideira acabou saltando enquanto se manteve segurando firme o cabo, no que resultou nos pingos de óleo quente sujando a mão de Jane. Alohim continuou calma e tentando consolar a florine, aguardando o desespero de Jane passar. Millie, por outro lado, suspirou frustada pela florine desastrada, e sem muita paciência disse:
— Jane, quando foi a última vez que você viu Aimé?Jane, que estava com um trapo velho sobre a mão para tentar limpar a ferida oleosa, parou imediatamente com seu drama e ficou em choque. Ela sabia que se abrisse a boca para falar, só contaria a verdade. Alohim retirou o trapo de cima de sua ferida e colocou a palma da sua mão sobre a ferida de Jane. A palma ficou sobre a ferida apenas por alguns 5 segundos, e logo em seguida, foi retirada, mostrando a ferida já curada.
— Jane, não quer saber onde sua irmã está? — Millie estava fria, como sempre. Sem emoções.
— Sim. — Jane encarou sua mão curada, com medo de olhar nos olhos de Millie. Alohim apenas estava escutando tudo aquilo, revezando seu olhar para cada uma.
— Quando foi a última vez que viu ela? E o que vocês conversaram?
Alohim moveu sua mão e seus dedos na direção de Jane, fazendo surgir magicamente um pequeno bloco de anotações e uma canetinha de tinta preta. Millie captou o recado e pegou ambas as coisas, prestes a anotar tudo o que Jane dizia.
— Nós... — Jane franziu as sobrancelhas e espremeu seus lábios com tamanho medo. — Nós estávamos nessa mesma cozinha preparando os docinhos para o aniversário de Celene. Tivemos uma discussão porque ela disse que tinha um plano maléfico, mas não dei atenção para o que ela queria me contar e me retirei com raiva.
— E como ela reagiu? — Millie anotava tudo. Prestava mais atenção no papel do que em Jane.
— Ela ficou perplexa e quieta. Quando eu saí, não tivemos mais contato nenhum. Tem alguma ideia de onde ela pode estar? — Os olhos chorosos de Jane encararam Millie.
— Quase certeza que Aimé deve ter planejado algo contra Celene. — Millie ditou. Sua fala parecia muito firme e confiante para quem não tinha certeza. Alohim lançou um olhar feroz para Millie, como quem dissesse que Aimé nunca seria capaz de sequestrar Celene, embora tenha feito muita merda para ambas. Millie assentiu, fingindo concordar que estava incorreta. Jane apenas observou aquela cena, confusa sem saber o que dizer nem o que fazer, prestes a chorar.
— O que eu faço?
— Jane, você tem alguma ideia de onde Aimé possa estar? — Alohim falou tranquilamente. Nem parece que estava caindo em uma depressão profunda.
— As vezes ela ia naquele palácio que tinha ilusões... Ela sentia inveja da Celene por ter um cantinho só dela tão bem feito, aí ficava lá pra se sentir especial de novo.
— Obrigado, Jane. Você foi muito útil.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Desejada
FantasyNo mundo celestial, uma deusa (criadora de tudo e de todos), acaba tendo uma filha que não foi planejada, mas que por puro instinto maternal, decide não se livrar dela. Acontece que, no cenário que tem um mundo cheio de divindades e um mundo de huma...