Capítulo 2

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- Aimé, sinto que não deveríamos experimentar esses vestidos... - Afirmou Jane, segurando uma quantidade relevante de vestidos. Seu rosto expressava que ela estava preocupada com algo.
- Por que? Eles são lindos... Acho muito injusto somente a deusa ter vestidos deslumbrantes enquanto nós só temos vestidinhos beges fajutos. - Aimé, uma criatura divina considerada uma Florine (isso significa que ela foi uma criação poderosa da deusa, como se fosse uma filha que não foi gerada por Alohim, e sim criada como uma obra prima pelas próprias mãos da deusa), havia invadido o quarto de Alohim para experimentar os seus vestidos. Aimé sempre foi a florine favorita de Alohim, tanto que sofria com a superproteção da deusa. Ela não tinha permissão para muitas coisas, principalmente porque seu corpo era frágil, e qualquer momento poderia ter sua pele rachada. Sabemos que Alohim é uma deusa que raramente erra, mas como Aimé foi sua primeira criação e uma espécie de "treinamento" para que pudesse vir outras florines, acabou que Aimé se tornou uma obra com alguns defeitos que surgiram ao longo dos anos. Jane, a qual era irmã de Aimé, havia sido criada por Alohim justamente para cuidar de sua irmã, então estava sempre vigiando a mesma e servindo sem reclamar. Aimé odiava ser vigiada 24h por dia, e o pior, se sentia mal por ocupar todo o tempo de sua irmãzinha Jane, que tinha um sonho de ser mãe e de ser uma esposa troféu para seu futuro marido, o Ray (eles viviam um namoro secreto). Apesar de todas as aulas de etiqueta e de bom comportamento que Aimé frequentava, ela sempre foi a mais rebelde de todas as suas 30 irmãs (sim, todas as florines são irmãs, mesmo que tenham características distintas umas das outras), estava sempre causando intriga entre suas irmãs, fugindo para o mundo mortal (mundo dos humanos), brigando com Jane e arranjando problemas com Alohim. Hoje, Aimé estava procurando alguns vestidos para poder encontrar um marido que tivesse coragem o suficiente para se casar com ela. Alohim havia proibido ela de ter matrimônios por ser frágil demais, e quando digo frágil demais, quero dizer que até mesmo o seu coraçãozinho é uma porcelana frágil e delicada. Ela não podia sentir muitas emoções em excesso, e podemos dizer que, mesmo que Alohim não goste de afirmar isso para os outros, esse fato sobre o coração de Aimé fez com que ela escapasse de tomar um esporro das divindades superiores e da própria Alohim por puro medo de sua morte.
- Aimé, estou ouvindo passos... - Jane ditou, revezando seu olhar em Aimé e na porta. Pelas brechas da porta (que estava fechada) e pela iluminação exagerada dos corredores da casa de Alohim, era possível ver a sombra de alguém por trás da porta, ainda que a mesma estivesse trancada.
- Quem está aí? - Alohim aumentou seu tom de voz moderadamente. Ela tinha medo de exagerar porque sabia que provavelmente era Aimé. Alohim soltou uma risada curta e mínima quando parou pra pensar que, mesmo sendo a divindade mais poderosa, batia na porta do próprio quarto esperando a permissão de sua criação frágil. Sem muita paciência, ela atravessou a porta como se não tivesse uma porta ali impedindo sua passagem. Ela era um espírito divino, então era costume dos seres, mas sempre esqueciam que ela tinha essa capacidade. Aimé não se importou com a presença de Alohim porque sabia que não teria brigas e intrigas, visto que seu coração estava tão fraco ao ponto de ter tido uma pequena rachadura. Por outro lado, Jane estava aterrorizada, porque era ela que muitas vezes tomava bronca da Alohim por tudo que a Aimé fazia. Jane simplesmente colocou os vestidos sobre uma poltrona e fez uma reverência longa e, como as florines eram ensinadas, se ajoelhou diante Alohim, curvando levemente sua cabeça e olhando para o chão com a cabeça cheia de pensamentos medrosos. Aimé não se deu esse trabalho, continuou procurando mais roupas no guarda roupa da deusa.
- Aimé... - A voz de Alohim aparentava ser severa, o que fez Aimé ter um choque involuntário e largar as roupas da deusa, agora se virando lentamente de frente para Alohim e fazendo a mesma reverência que Jane havia feito, logo se levantando em seguida. Alohim deu um sorriso orgulhoso vendo que não teria que criticar o comportamento de Aimé quanto a isso. Aimé odiava fazer reverências.
- O que faz no meu quarto? - Alohim observou toda a bagunça no guarda roupa e as roupas descartadas de qualquer jeito na poltrona.
- Apenas quero roupas novas. - Todas as florines tinham uma roupa própria delas como uma espécie de fardamento. Em algumas ocasiões, elas vestiam e usavam coisinhas diferentes, mas no dia a dia Viviam com o tal fardamento.

Aimé odiava isso, pois achava que não tinha originalidade o suficiente e que nenhum garoto olharia para ela

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Aimé odiava isso, pois achava que não tinha originalidade o suficiente e que nenhum garoto olharia para ela.
- Florines devem usar vestidos iguais aos de todas as outras florines, querida. Não posso lhe oferecer roupas novas, somente em ocasiões importantes. Pretende ir para alguma ocasião? Deveria me consultar antes de qualquer coisa.
- Não pretendo. Só queria usar elas mesmo. - Aimé cruzou os braços chateada com a situação. Jane estava andando de fininho até a porta bem devagar, ansiando sair daquele lugar antes que tivesse culpa de algo. Infelizmente, Alohim notou que Jane estava quase se retirando, e assim chamou pela mesma.
- Jane, diga a verdade.
Um dos poderes de Jane que Alohim havia feito era "falar sempre a verdade". Jane nunca poderia mentir se lhe fizessem alguma pergunta ou se pedissem sua opinião sobre algo, mas poderia apenas omitir. Jane se virou para olhar nos olhos de Alohim, com os lábios trêmulos e com suas mãos tremendo. Ela odiava esse poder com todas as suas forças.
- Ela... Aimé... Ela quer... Ela quer se encontrar com um garoto. Sim. Um garoto. Ela precisa dos vestidos para ver um garoto que será seu marido. Isso mesmo. - Jane cobriu seu rosto com suas mãos, afim de se esconder daquele lugar. Aimé apenas deu um breve suspiro revoltada e revirou os olhos com aquela situação. Já Alohim, estava perplexa e havia mudado sua postura para uma um pouco mais rígida.
- Obrigada, Jane. Aimé, você vem comigo se não quiser passar vergonha na frente de Jane.
Ambas haviam se transportado para o jardim da casa de Alohim. Era um jardim muitíssimo lindo e gigante que parecia não ter fim.

- Você prefere que eu veja quem o garoto é ou que eu invada a sua mente e descubra tudo por conta própria? - Alohim estava com as pernas cruzadas e o nariz empinado como sempre

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- Você prefere que eu veja quem o garoto é ou que eu invada a sua mente e descubra tudo por conta própria? - Alohim estava com as pernas cruzadas e o nariz empinado como sempre. Aimé estava na posição "borboleta" na cadeira, claramente entediada. Ela apenas resmungou e começou a falar:
- Eu conheci ele no mundo mortal. Ele é médico e é muito bom no que faz.

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