Capítulo 5

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O efeito mágico que Aimé havia feito em Celine logo estava prestes a acabar. Por sorte, durava apenas algumas horas, e quando estava perto de acabar, fazia Celine dormir. E era exatamente isso que ela estava fazendo. Embora Celine nem mesmo soubesse onde estava, lá estava ela, deitada sobre a grama, perto de uma cachoeira, um pouco parecido com a ilusão que sua mãe havia criado para ela lá nos céus.
- O que? Como? Onde estou? — Celine se levanta bruscamente, os olhos arregalados observando os detalhes daquele lugar estranho. Só tinha um jeito de saber se era real: Se jogando na água. Alohim era tão protetora com Celine que havia projetado uma água falsa, para caso Celine se jogasse nas águas, ela não conseguisse se afogar. Aparentemente parecia água, mas eram apenas mais uma ilusão, como todas as outras coisas, isso é, lá no Ahuza, mas será que ela estava no Ahuza?
— Vejamos... — Ela aproximou sua mão na água, sentindo ela molhar. Até aí, tudo bem, na ilusão também acontecia isso. Celine agora foi colocando primeiro os seus pés, sem conseguir sentir o chão, pois era relativamente fundo. Não se preocupou em mergulhar porque sabia nadar, mesmo que sua mãe evitasse isso. Utilizou as forças de seus braços e pernas para nadar, prendendo a respiração, coisa que não fazia a um bom tempo desde a sua infância. Fez uma breve pressão batendo os braços para cima, assim retirando sua cabeça de dentro d'água, fazendo ela voltar a respirar normalmente. Estranhamente, havia um homem lhe observando com os olhos brilhando, e ele estava de joelhos no chão, segurando seu chapéu de palha contra seu peito esquerdo.
- Em que posso ajudar? - Celine questionou, ingenuamente. Aproveitou para espremer seu cabelo para retirar o excesso de água presente.
O homem não respondeu. Ainda estava em choque e boquiaberto. Celine olhou para trás de si, observando apenas água, e depois voltou a sua visão ao homem se perguntando para o que ele estava olhando tão maravilhado. 
- Perdão, senhorita... - O tal homem se levantou de maneira desengonçada e tentou ir até o rio onde ela estava.
- Eu não queria interromper o seu banho. - Ele colocou seu chapéu de volta na cabeça. O som da cascata da cachoeira e o barulho de algumas aves eram as únicas coisas presentes durante o silêncio constrangedor que eles estavam tendo entre si, como se estivessem esperando por uma resposta vindo um do outro. Celine engoliu a seco, com um certo receio de falar com um estranho. Sua mãe era muito protetora como devem saber, e portanto, falar com estranhos era sinônimo de castigo. Sua mãe lhe contara diversas histórias de criaturinhas fêmeas que saíam para se aventurar com estranhos e eram mortas brutalmente. Mas, apesar de tudo, e se ele não fosse mal? E se Alohim estivesse tentando apenas colocar medo em Celine como sempre esteve fazendo? Não custa nada tentar.
- Eu não estava tomando banho, mesmo que eu esteja meio suja... - Celine deu uma risadinha curta, que resultou num sorriso bobo do homem. 
- Na verdade, eu estou perdida. - Celine utilizou seus braços e movimentou suas pernas em conjunto para que lhe removessem das águas sem muita rapidez. A cada momento que ela se aproximava da terra, a água deixava de cobrir uma parte do seu corpo, assim mostrando pouco a pouco as curvas salientes e bem feitas de Celine, com sua roupa encharcada e totalmente colada no seu corpo esbelto. Assim que ela pisou na terra, tentou espremer uma pequena quantidade do seu vestido para que não erguesse ele totalmente e revelasse sua intimidade. Na visão do homem, Celine lembrava alguém muito importante para ele, alguém que ele se conectava tanto, mas não conseguia saber quem. Notando cada movimento ingênuo e ao mesmo tempo delicado de Celine, ele se perguntava se ela não tinha um marido ou se ela era nobre, até porque, uma mulher tão linda e magnifica sem um marido ou dinheiro era algo raro naquele tempo.
- Eu posso lhe oferecer abrigo, mas é um lugar humilde demais para a senhorita. 
- Isso! Eu preciso de um abrigo. Por favor, me guie até ele. E não me importo que seja humilde... Na verdade, quanto mais humildade, melhor.

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Ao decorrer do caminho, o homem não pôde deixar de notar os olhos de Celene brilhando observando a natureza a cada passo que davam para mais longe da cachoeira ou o fato dela ter confiado tanto nele sem nenhuma vez pensar 2 vezes em ser levada para o seu abrigo. De algum modo, ela parecia muito fascinada com as coisas simples e ao mesmo tempo ingênua. Era estranho. Fisicamente, ela parece ser uma mulher que já está mais do que na hora de ter filhos, mas por algum motivo está sozinha e perdida. Se ela fosse importante para alguém, não teria sido encontrada tão vulnerável. Por fim, o homem chegou até o seu abrigo, que nada mais era do que uma pequena cabana de madeira que estava meio desgastada e empoeirada. Ele se sentiu envergonhado em mostrar sua casa para ela imaginando que viesse de algum lugar luxuoso e rico, mas ao notar que ela estava parada totalmente perplexa em frente a sua casa com um sorriso enorme no rosto, ele se sentiu mais aliviado ao mesmo tempo que pensou que ela poderia estar debochando. 
- Senhorita, eu sei que não é grande coisa, mas é muito bem vinda aqui. 
- Eu nunca vi uma casinha tão velha assim antes! Os humanos fazem casas assim o tempo todo? Ah, tão pequena! Aposto que deve ser bem quentinha. - Celene não se importou que o homem lhe desse permissão para entrar dentro da casa, ela mesma tomou a iniciativa de invadir a casa do pobre camponês sem se importar se tinha esse direito ou não. De inicio, o homem não encarou bem as coisas que ela havia dito, porém, pensou que o problema dessa moça se tratasse de algum problema mental. Sabe-se lá que aconteceu com ela antes dele chegar ou como ela foi parar no meio do nada...
- Senhorita, se acomode. Vou lhe trazer algo para beber, quer uma bebida especifica? - Ele disse, adentrando o sua própria casa como se ele fosse o visitante.

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