EMÍ

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Faz 30 minutos que Emí está sentada em sua mesa, o escritório onde trabalha fica a quarenta minutos da sua casa, ela sempre faz o mesmo trajeto com o seu carro pequeno, velho e barato, já a mesa de Emí até que não é um total desperdício fica em frente uma lagoa linda, que todos os dias lhe proporciona um pôr do sol incrível, muitas vezes isso não era o bastante para fazer com que Emí levantasse sua cabeça, que fica a maior parte do tempo enterrada em montanhas de documentos e em seu notebook, sua mesa está uma grande bagunça que reflete claramente o estado da sua vida.
A mesa de Emí fica de frente para a mesa de sua melhor amiga, Lívia, que é realmente uma grande amiga, além de ser linda, olhos verdes como duas pedras preciosas, pele clara e cabelos enrolados, lindos que se parecem com uma cascata, sempre a ouve e lhe dá grandes conselhos, ainda que a maioria deles seja para que ela termine seu relacionamento, que segundo ela é com um carinha tóxico e meia boca.

- Emí, o que aconteceu com você? Hoje você está péssima, andou chorando novamente ? - diz Lívia se debruçando sobre a sua mesa.

- Eu estou bem!

- Não minta pra mim, eu te conheço muito bem para saber qual foi a sua programação de ontem a noite!

Emí revira seus olhos castanhos claros, como se pensasse, "não consigo esconder nada dessa mulher."

- Podemos almoçar juntas hoje? Estou realmente precisando conversar. - Emí fala esfregando seu rosto.

- Combinado, ao meio dia ?

- Ótimo.

- Agora preciso ir. - diz Lívia, juntando os papéis de sua mesa. - Tenho uma reunião importante.

[...]

Marques é um péssimo chefe, faz qualquer um ter arrepios, com sua careca sempre muito bem lustrada e e um cavanhaque terrivelmente horrível, ar de arrogância e piadinhas ridículas na ponta da língua, quase sempre são relacionadas ao que fazer com mulheres após a meia noite em seu apartamento. O telefone toca:

- Emília, venha até a minha sala. - diz Marques.

Naquele momento Emí sabe que algo estar por vir, um novo trabalho para entregar em poucas horas, um trabalho extra para finalizar em casa, suas mãos começam a suar e sua cabeça dói ainda mais, isso já é uma rotina, todos os dias sensações ruins percorrem seu corpo, cansaço, estresse, talvez andar em uma ponte prestes a cair em um lago com crocodilos seria melhor. Emília bate a porta, tensa, com vontade de correr, ela sabe que o que vem pela frente não é nada bom.

- Pode entrar. - Grita Marques, com a boca cheia de algo que só Deus sabe o que pode ser.

- Bom dia Marques, o que o Sr deseja ?

- Emília, preciso que você ligue para essas empresas e marque com elas uma reunião para sexta a noite, precisamos apresentar nosso novo método de trabalho, ligue também para esse restaurante e arrume uma reserva para um jantar após a reunião, preciso disso até o meio dia, entendido ? - Marques dá mais uma mordida em seu sanduíche estranho com cheiro do que parece ser, atum.

- Marques, já passa das onze horas, como posso entrar em contato com tantas pessoas?- suas mãos já começam a tremer. - isso é impossível !

- Impossível? Faça ser possível Emília Bueno, o diretor geral deseja essa resposta o quanto antes, não posso decepciona-lo.

Por um momento Emília sente o chão desmoronar em seus pés.

- Não vou conseguir entregar em tão pouco tempo e está quase na hora do almoço, tenho um compromisso marcado.

- Isso é um problema seu. - Marques fala com um sorriso torto e debochado. - saiba que se essa reunião não estiver agendada até o horário marcado, será responsabilidade sua, e da sua grande incompetência, não sei onde estava com a cabeça quando te contratei.

Emí sente todas as suas forças irem embora, seus olhos começam a encher de lágrimas, ela não quer chorar, demostrar qualquer tipo de fraqueza, mas sabe que chorar será inevitável, suas lágrimas começam a escorrer, a voz de Marques começa a ficar cada vez mais longe, baixa, abafada, por um momento, as paredes saem do lugar, suas mãos, pernas, braços estão pesados, formigando e de maneira aterrorizante Emí desmaia, perde sua consciência e ao que parece esse realmente deve ser o fundo do poço.




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